Arte: Rodrigo Cardoso |
Por Felipe de Souza e Rodrigo Cardoso
Quando se iniciam as festas, buscamos sempre traçar metas e mudanças para o próximo ano. No carnaval não é diferente: após os desfiles, as escolas planejam-se para corrigir o que deu errado para o cortejo dos próximos anos.
Como a maior festa audiovisual do mundo viveu, em 2017, uma crise política e de valores, é necessário traçar objetivos para que os desfiles retornem ao centro do palco, tomado por bandeiras neopentecostais, traçando mudanças possíveis para o cotidiano da festa. Nesse contexto, listaremos três medidas que poderiam ser buscadas pelas escolas e pelos sambistas para que o carnaval retome seu protagonismo de outrora.
– Olhar para si, reconhecer sua importância:
O carnaval é um produto cultural riquíssimo. É o maior propulsor de cultura do Brasil para outros países, o que faz a festa ter uma abrangência enorme. Antes de vislumbrar, entretanto, o imaginário de estrangeiros, o mundo do samba precisa fazer sua lição de casa e olhar para si mesmo. As escolas precisam reconhecer-se para, logo em seguida, buscar a alçada externa, porque há fatores que podem ser melhorados – falhas na comunicação, na relação com o público, dentre outros setores. Não se pode pensar que uma agremiação deva olhar apenas para si. É necessário, antes de tudo, ter o entendimento sobre as facetas que permeiam o carnaval, o contexto, que envolve ele atualmente, seu público e, por fim, sua marca – tão pouca trabalhada.
– Buscar dialogar com a sociedade como um todo:
A problemática financeira, em conjunto com medidas cerceadoras do prefeito ao carnaval, fez com que as escolas de samba retornassem às posturas críticas abandonadas há anos. Com essas asfixiações por todos os lados, restou, às agremiações, ficar ao lado do povo em defesa da festa. Porém, essa situação deve ser encarada como algo perene, um aviso para os próximos anos: o carnaval só sobreviverá com a ajuda da sociedade, e caso as escolas queiram uma sobrevida, é necessário dialogar com o povo o qual elas representam.
– Buscar o aprimoramento da comunicação social das escolas:
Atualmente, a tecnologia tem aproximado as pessoas, rompendo fronteiras e tornando a comunicação instantânea. Infelizmente, grande parte das escolas cariocas carece de estrutura nos departamentos responsáveis especificamente pelas redes sociais. Para o próximo ano, seria interessante que as escolas investissem em comunicação e na valorização e ampliação de suas marcas junto aos grande público, já que os interessados no carnaval vão muito além daqueles que vivem no Rio de Janeiro.
Remando contra a maré, as campeãs de 2017 são destaques nas redes, demonstrando que é possível tornar acessível a meta de comunicar-se melhor com o público. A maior vitoriosa da folia carioca profissionalizou seu departamento de comunicação e sua marca, buscando formas de atração de público. Além disso, vinculou-se aos torcedores distantes do RJ ao ampliar seu programa de sócio-torcedor. Já a hexacampeã, por meio de uma assessoria muito bem dirigida e renovada, consegue desenvolver bons projetos de aproximação do público nas plataformas digitais, diversificando conteúdo entre a temática do próximo carnaval e os antigos desfiles da escola.