Por Bernardo Pilotto:
Depois de muitos anos de disputa acirrada entre as escolas Filhos do Deserto e Flor do Lins, dos vizinhos Morro da Cachoeira Grande e da Cachoeirinha, em 07 de março de 1963 a paz se firmou, a união prevaleceu e foi fundada a Sociedade Recreativa Escola de Samba Lins Imperial.
Nos seus primeiros anos, a escola adotou a linha de enredos que prevalecia na época, com conteúdos históricos clássicos. Mas, nos anos 1970, a escola inovou e passou a ter enredos com temas literários, como “Bahia de Jorge Amado” (1973) e “Dona Flor e Seus Dois Maridos” (1975). Foi dessa forma que a agremiação chegou à elite do carnaval carioca pela primeira vez, ao vencer o Grupo 2 no já citado carnaval de 1975.
Desfile da Lins Imperial no grupo especial sobre Madame Satã, em 1990. |
Depois de novamente desfilar nos grupos de acesso, a Lins Imperial voltou ao Grupo Especial somente em 1990, para suas duas últimas participações (em 1990 e 1991) no desfile entre as maiores do carnaval. Apesar de dois bons enredos (“Madame Satã” e “Chico Mendes, O Arauto da Natureza”), a escola não sustentou a permanência na elite.
A partir daí, a agremiação alternou desfiles entre as divisões inferiores do carnaval, chegando a ir parar na 5ª divisão (Série D) em 2014. O sonho de voltar para a Sapucaí (local em que passam os Grupo Especial e Série A) parecia cada mais inatingível. Dessa forma que se iniciou um processo de reconstrução da escola: foi vice-campeã em 2014 e subiu para o Grupo C, novamente vice-campeã em 2017, subindo para o Grupo B, até que agora, em 2020 foi campeã, ganhando o direito de estar na Série A em 2021.
Ao longo de todos esses anos, a Lins fez muitos enredos homenageando personalidades do samba, da cultura e do carnaval, como “Glauber Presente” (1983), “Tenda dos Milagres” (1987), “”Primavera, é tempo de saudade, tributo a Zinco e Caxambu” (1988), “As quatro damas negras: Ruth de Souza – Léa Garcia – Xica Xavier – Zezé Motta” (1999) e “Segura a Marimba! Aroldo Melodia vem aí” (2003). No processo recente de reconstrução da escola, essa característica foi marcante, nos enredos “O Monarco do samba” (2017), “Zicartola” (2018), “Malandro é malandro, Bezerra é da Silva” (2019) e “Pinah, a Soberana” (2020).
Desfile Lins Imperial 2019. Foto: Nícolas Barbosa/SRzd |
Para 2021, a expectativa é que a escola siga sua reconstrução, fortalecendo os laços com sua história e sua comunidade, para que a agremiação não tenha mais momentos tristes como os vistos anos atrás.