Por Adriano Prexedes
O momento tão aguardado está chegando! Nesta semana, todos os olhares estarão voltados para Parintins. O município, situado a mais de 300 km de Manaus, será o palco do 57º Festival Folclórico, protagonizado pelos Bois-bumbás Garantido e Caprichoso, de 28 a 30 de junho. A “Ilha da Magia” é um celeiro de artistas e foi entre as décadas de 1970 e 1990 que os caminhos das duas maiores festas populares do país começaram a se cruzar. No carnaval, os artistas parintinenses foram fundamentais para as inovações visuais, sendo divisores de águas nos desfiles das escolas de samba. No texto de hoje, veremos sete desfiles que mostram a importância de Parintins e seus artistas, e sua relação com o carnaval das escolas de samba.
1) Salgueiro 1998 – “Parintins, a Ilha do Boi-Bumbá: Garantido x Caprichoso, Caprichoso x Garantido” (Carnavalesco: Mário Borrielo)
A Academia do Samba apresentou na Sapucaí a exuberância da Ilha da Magia, contando a lenda do boi-bumbá e abordando a clássica rivalidade entre os bois Caprichoso e Garantido. A alvirrubra foi a segunda escola a desfilar no domingo. O samba animado foi composto pelo amazonense Paulo Onça, um dos maiores nomes da música amazonense, que mais tarde ganhou outro samba no Rio, desta vez na Grande Rio para o carnaval 2017.
Voltando ao desfile do Salgueiro, as esculturas que impressionaram o público foram feitas por profissionais de ambos os bois de Parintins liderados por Juarez Lima, do Boi Caprichoso, à época no Garantido. A escola não manteve a animação ao longo do desfile e terminou em 7º lugar.
2) X-9 Paulistana 1997 – “Amazônia: A Dama do Universo” (Carnavalesco: Augusto de Oliveira)
A tricolor da Parada Inglesa já se destacava no carnaval paulistano, mesmo com pouco tempo no Grupo Especial. Em 1997, as lendas e encantos da Amazônia foram contadas pela agremiação no Sambódromo do Anhembi.
Além do samba histórico conduzido por Royce do Cavaco, a imponência do conjunto visual, especialmente os movimentos coordenados pelos artistas parintinenses, foi um grande destaque do desfile, impulsionando uma novidade na folia paulistana. Com esse desfile potente e histórico, a X-9 conquistou seu 1º título na elite paulistana.
3) Vila Isabel 2023 – “Nessa Festa Eu Levo Fé” (Carnavalesco: Paulo Barros)
A escola de Noel e Martinho levou as celebrações de fé para a Avenida com um desfile exuberante. O Festival de Parintins foi homenageado com alegorias e esculturas, mas o grande destaque foi uma das obras assinadas por artistas de lá.
A escultura vazada de São Jorge foi a imagem do Carnaval 2023. A obra de arte foi confeccionada por Alex Salvador – do Boi Caprichoso – e equipe, foi o grande destaque da apresentação que ficou em 3º lugar. A equipe também é responsável pelo indígena do cortejo de 2019, que viralizou nas redes sociais.
4) Estrela do Terceiro Milênio 2020 – “No Coração da Floresta Nascem Estrelas que Brilham no Meu Carnaval” (Carnavalesco: Murilo Lobo)
A comunidade do Grajaú homenageou os artistas da Ilha amazonense que sempre abrilhantam o carnaval, destacando a história e o talento dos profissionais da região.
Em seu retorno ao Acesso 1, a Coruja fez uma apresentação técnica e animada, com destaque para as alegorias e a ala de “Sinhazinhas da Fazenda”. Na apuração, apesar de perder três décimos, a Estrela alcançou um louvável 3º lugar.
5) Portela 2002 – “Amazônia, Esse Desconhecido. Delírios e Verdades do Eldorado Verde” (Carnavalesco: Alexandre Louzada)
A Majestade do Samba apostou na história do estado do Amazonas, embalada pela nostalgia do título de 1970, última conquista solo da azul-e-branca. Encerrando os desfiles, a escola impressionou com a qualidade da apresentação, na qual os artistas parintinenses tiveram papel fundamental.
As serpentes que chegavam perto da arquibancada e a tradicional águia, carregando Jeane Benoliel, Cunhã-poranga do Caprichoso na época, foram os grandes destaques do desfile.
6) Unidos da Tijuca 2007 – “De Lambida em Lambida, a Tijuca dá um Click na Avenida” (Carnavalescos: Lane Santana e Luis Carlos Bruno)
Após a saída de Paulo Barros, criou-se uma expectativa em torno do desfile da azul e amarela que levaria para a Sapucaí o enredo sobre a fotografia.
A escola apresentou um desfile inspirado e competente, com destaque para a escultura de diabo no abre-alas, ilustrando a crença de que o flash da fotografia aprisiona as almas das pessoas. A obra é de autoria de Rossy Amoedo, hoje presidente do Boi Caprichoso, e sua equipe. O pavão conquistou o 4º lugar.
7) Unidos de Padre Miguel 2018 – “Eldorado Submerso: Delírio Tupi-Parintintin” (Carnavalesco: João Vitor Araújo)
O Boi Vermelho da Vila Vintém encerrou os desfiles da Série Ouro de 2018 com um enredo sobre lendas e o imaginário indígena amazonense. Com uma exibição de altíssimo nível, a escola despontou como favorita ao acesso para o Grupo Especial do Carnaval carioca.
O Festival de Parintins encerrou o cortejo da escola e os profissionais da Ilha deram vida às esculturas e aos dois bois no carro “Parintins: o Eldorado erguido no coração da floresta”. Apesar de favorita, a UPM terminou como vice-campeã.
Revisão textual de João Vitor Silveira
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