Após um primeiro dia de desfiles controversos, a segunda-feira reuniu uma boa variedade de linguagens e estilos em apresentações marcantes. Se os enredos de domingo se destacaram negativamente, grandes narrativas passaram pela Avenida nas escolas de segunda. As temáticas críticas deram o tom mais uma vez das grandes apresentações da folia.
A São Clemente abriu a noite com uma das grandes apresentações da sua história. Resgatando sua identidade irreverente e crítica, a preta e amarela se comunicou muito bem com o público em fantasias e carros coloridos e de fácil leitura. A aposta na reedição de “E o samba sambou” se mostrou acertada, levantando a harmonia da escola. Após um desfile crítico, a Vila Isabel fez a aposta num cortejo clássico e opulento. Cantando a história de Petrópolis de maneira burocrática e densa, a agremiação levou fantasias e alegorias que impressionaram pelo luxo e beleza. Entretanto, o samba se mostrou um ponto negativo, deixando a desejar no rendimento. Com uma evolução problemática, a azul e branco estourou o tempo regulamentar em um minuto, ocasionando perda de um décimo
Terceira a desfilar, a Portela realizou um sonho de homenagear Clara Nunes. Num desfile controverso, a escola apostou na harmonia e na emoção de seus torcedores que cantam o grande samba com muita animação. O fio condutor do enredo foi a brasilidade que costurou o Brasil, Minas, África e Madureira num caldeirão multi-cultural. Com alegorias modestas e fantasias irregulares, a aposta da experiente carnavalesca Rosa Magalhães foi em uma estética poética e bem fundamentada. Infelizmente, problemas de acabamento atrapalham o todo.
Logo depois, o Ceará entrou na avenida através da União da Ilha, em uma passagem simpática. Com uma Comissão de Frente que impressionou o público, a tricolor apresentou uma plástica irregular em alegorias sem tanta criatividade. O enredo se mostrou frágil e não amarrou bem a proposta de narrar as obras de Rachel de Queiroz e José de Alencar às características locais do Ceará. Logo depois, o estado do oeste nordestino foi apresentando também na Paraíso do Tuitui. A fábula política sobre o bode Ioiô contou a história de Fortaleza e não deixou escapar a crítica política. Apesar de empolgante, a apresentação teve problemas de evolução e em alegorias, que comprometaram o brilho da atual vice-campeã do carnaval.
Rasgando a pista, a Mangueira fez uma apresentação inesquecível. Recontando a história do Brasil, a verde e rosa passou sem grandes falhas nos quesitos. Se destacaram a excelente Comissão de Frente e conjunto visual que sintetizou e valorizou o histórico enredo. A verde e rosa tem tudo para brigar pelo título. Encerrado a noite, a Mocidade fez uma apresentação nostálgica embalada por seu excelente samba. Com problemas de acabamento em alegorias, a verde e branco fez uma apresentação com altos e baixos mas que encerrou bem o carnaval carioca.
Com inovações e acertos, se viu uma noite diversa em estilos e linguagens, onde se destacaram propostas artísticas de diferentes concepções. Uma noite que celebrou a diversidade. Resta saber como o júri vai definir o rumo da festa com as notas dos nove quesitos em jogo.
Saiba como foi a apresentação de cada escola: