No ano do vice-campeonato, o enredo que contava e cantava a música Asa Branca, de Luiz Gonzaga, mostrou um pouco do que é o cotidiano do sertanejo brasileiro. Com desfile concebido por alegorias humanas, alas muito bem coreografadas e um samba primoroso, pode-se dizer que a escola vendeu caro o título. O cortejo emocionou até mesmo leigos e marcou a despedida de Jorge Silveira da Dragões, assumindo integralmente no Rio de Janeiro a São Clemente.
Convidamos, para fechar o texto com chave de ouro, a 1ª porta-bandeira Evelyn Silva. Ela, que cumpriu seu objetivo fazendo 30 pontos no desfile em sua estreia com o primeiro pavilhão da tricolor, contou um pouco do que é pertencer à família Dragões da Real: “Fazer parte da Dragões é uma coisa que não sei explicar, uma mistura de emoção, de amor e ansiedade.” Ela nos contou também que, em 2018, no seu 13º desfile pela escola da Vila Anastácio, consegue perceber que a cada ano a emoção é maior: “O ano de 2014 foi bom, 2015 foi melhor, 2016 foi melhor ainda. E para 2017, não tenho palavras, foi o ano mais emocionante de todos os meus desfiles.”
Atualmente no primeiro pavilhão, Evelyn chegou na escola com 7 anos, ainda mirim e passou por todos os postos de porta-bandeira até chegar onde hoje se encontra. “Foi um sentimento de nervosismo com a responsabilidade de representar uma comunidade inteira, de trazer a nota”. Também sobre o carnaval de 2017, ela relata “acredito que, graças a Deus, eu e Rubens (mestre-sala) nos esforçamos muito para chegar onde chegamos e deu tudo certo no desfile”, adiciona ela. Com um 9,8 descartado, Rubens e Evelyn conseguiram alcançar os 30 pontos.
“Agradeço a Deus todos os dias em que estou ostentando o primeiro pavilhão. Não tenho palavras pra descrever quão maravilhosa ela é”, conta ela. Evelyn também fala sobre o sentimento familiar na escola: “A Dragões é uma família acolhedora, uma família de gente feliz. E isso é real. Todos que presenciam nossos ensaios podem perceber que é verdadeiro, é o lema que carregamos.”
“Eu sou muito feliz por ser da Dragões, não me vejo em outro lugar que não seja ali. Não me vejo em outra agremiação”, destaca. “Pretendo continuar nesse posto até chegar na Velha Guarda. Só posso resumir isso tudo num sentimento de gratidão.”
Para 2018, a Dragões aposta em outro tema tipicamente caipira: “Minha música, minha raiz. Abram a porteira para essa gente caipira e feliz”. Não, não é para contar a história da música sertaneja, do sertanejo universitário… É uma ode àquele homem do campo que buscava nas canções, nas modas de viola, um alento, destacando cantores como Sérgio Reis e Roberta Miranda, fundamentais para a construção histórico-cultural do gênero no passado e na atualidade. O samba, composto por Armênio Poesia e cia. é um dos melhores, até então, da safra paulistana para 2018. Ouça abaixo: