O Sesc Madureira exibe, de 23 de setembro a 10 de dezembro, a Exposição Cartografias de Augusta. A mostra apresenta o acervo e o legado artístico da carnavalesca Maria Augusta Rodrigues. A exposição presta uma homenagem ao itinerário da artista e a sua dedicação à maior festa popular do país. A curadoria é de Eduardo Gonçalves e Leonardo Antan e produção do coletivo Carnavalize. A mostra foi contemplada pelo Edital de Cultura Sesc RJ Pulsar.
Seja como professora, figurinista, cenógrafa ou comentarista, Augusta atua há mais de 50 anos no Carnaval brasileiro, com passagens em diferentes agremiações. A jurada convidada do Estandarte de Ouro teve a sua origem carnavalesca nos Bois Pintadinhos, nas estradas e nas ruas do interior do Rio de Janeiro, nas cidades de São João da Barra e de Campos.
Durante o final da década de 1960 e o início da década de 1970, a artista fez parte do vitorioso período intitulado “Revolução Salgueirense”. Dentre as várias contribuições de Augusta a esse momento histórico do carnaval, destaca-se a idealização do enredo campeão de 1971, “Festa para um Rei negro”. Pela União da Ilha do Governador, produziu apresentações memoráveis, como “Domingo” (1977) e “O Amanhã” (1978).
Na agremiação insulana, Augusta ficou conhecida por ser precursora no desenvolvimento de temáticas cotidianas, as quais tanto marcaram a identidade da União da Ilha, e pela valorização do profundo e ousado estudo cromático a ser aplicado nas apresentações de carnaval. Em “Domingo”, por exemplo, fez uso de uma variedade absoluta de cores de forma pioneira, além da tradicional utilização das cores das bandeiras das escolas. Augusta ainda teve passagens por Tradição, Paraíso do Tuiuti e Beija-Flor de Nilópolis. Nessa última, continuou a linha de enredos lúdicos e místicos, ao abordar um tema infantil que exaltava a importância das crianças, da brincadeira, da alegria e do amor para o equilíbrio da vida.
“É muito importante lançar um olhar sobre a trajetória de Maria Augusta no Carnaval, trata-se de um nome pioneiro e responsável por inúmeras transformações. Além de ser um dos poucos nomes femininos entre os “grandes carnavalescos da festa”. Seu trabalho ficou marcado pela originalidade e sempre esteve à frente do seu tempo. Foram desfiles com temas inéditos, uma linguagem lúdica e formas arrojadas. O revisitar da sua obra na exposição ressalta a atualidade do seu legado, que segue influenciando jovens artistas”, destacam os curadores que fizeram uma vasta pesquisa no acervo da homenageada durante mais de três meses para selecionar as obras.
A exposição conta com desenhos, documentos, projetos e registros das produções da artista ao longo de sua carreira. A mostra visual também é composta por obras inéditas de outros profissionais das escolas de samba, demonstrando como o trabalho de Augusta ainda ressoa nas produções contemporâneas do carnaval. Além disso, a presença de artistas oriundos de outras linguagens simboliza um intercâmbio entre a cultura popular e elementos da cultura canônica.
Estudo para o desfile da União da Ilha de 1977, concebido por Maria Augusta. (Acervo pessoal)
O projeto é realizado pelo Carnavalize, coletivo que valoriza os aspectos culturais e artísticos do carnaval brasileiro, incentivando o processo de resgate da história de uma das nossas mais importantes manifestações. Além de um trabalho realizado em diversas redes sociais e em site com ensaios e crônicas sobre a folia, o projeto atua como selo literário e produtor cultural. Ao longo dos últimos anos, realizou uma série de eventos, exposições, palestras, seminários, oficinas, intervenções urbanas e rodas de conversa sobre grandes personalidades e artistas da folia, além de promover discussões sobre os rumos e a memória das escolas de samba. A múltipla equipe idealizadora de curadoria e produção é integrada por Ana Elisa Lidizia, Alice da Palma, Débora Moraes, Eduardo Gonçalves, Felipe Tinoco, Jacqueline Melo, Leonardo Antan e Thomas Reis.
Ficha Técnica:
Curadoria: Eduardo Gonçalves e Leonardo Antan
Cocuradoria: Ana Elisa Lidizia e Alice da Palma
Assistência curatorial: Débora Moraes
Produção: Felipe Tinoco, Jacqueline Melo e Thomas Reis
Design: Rodrigo Cardoso
Carnavalize:
Carnavalize é um projeto multimídia que atua, desde 2016, valorizando os aspectos culturais e artísticos da folia brasileira. Realizou ao longo dos últimos anos eventos como exposições, palestras, seminários, oficinas, intervenções urbanas e rodas de conversa.
Serviço:
Exposição Cartografias de Augusta, no SESC Madureira
Curadoria de Eduardo Gonçalves e Leonardo Antan
De 23/09 a 10/12/2023
Abertura: 23/09, sábado, a partir das 13h30min
Visitação: Terça a sexta de 10h às 20h
Entrada gratuita
Classificação indicativa: ALivre
Rua Ewbank da Câmara, 90, Madureira
Telefone: (21) 4020-2101
Instagram: instagram.com/sescmadureira/
