5x Rosas de Ouro: desfiles que deixaram o Anhembi com água na boca

Por Alisson Valério 
A Sociedade Rosas de Ouro foi fundada na Brasilândia em 1971 e conquistou 7 títulos no Grupo Especial de São Paulo, sendo o último em 2010. A escola que tem lugar cativo na elite do carnaval paulistano desde 1975 desfilou vários enredos de diversos temas na sua história, mas no texto de hoje iremos falar sobre cinco momento em que a escola deixou o público do Anhembi com água na boca. O que todos esses desfiles têm em comum além de falar sobre comida? Todos renderam apresentações bem leves e divertidas, sem falar nos resultados pra lá de interessantes. 
Enfim, chega de conversa e bora falar desses desfiles deliciosos da Rosas de Ouro. Separa o seu lanchinho aí e vem comigo!

1997 – “São Paulo, capital mundial da gastronomia”
“Amor fique à vontade, Rosas de Ouro com prazer vai te servir…”

Com um enredo falando sobre a gastronomia encontrada em São Paulo, assinado pelos carnavalescos Carlão e Mona. A escola viajou pelo estado, achando nas ruas e restaurantes comidas do mundo inteiro. A abertura do desfile, com o Mestre Cuca servindo um banquete, dava uma ideia do que viria pela frente; dali em diante foi um passeio pela culinária mundial, terminando, é claro, no fast-food, forma muito comum de alimentação utilizada por muitos paulistanos na correria do dia-a-dia. O recheio do desfile foi formado por receitas, temperos e, claro, pelas culinárias francesa, portuguesa, italiana, japonesa, chinesa, entre outras encontradas na grande São Paulo. Com direito a um delicioso (rá!) e animado samba, a Roseira satisfez o público e conquistou o quarto lugar do carnaval daquele ano.
2002 – “O pão nosso de cada dia”
“Vem me dê a mão, que eu faço o pão, pra “massa” inteira alimentar…”

Raul Diniz escolheu contar a história do pão na avenida em 2002, quem sabe assim não mataria a fome de títulos que a escola estava vivendo. Sim, o pão. Aquele pãozinho que você come toda manhã, ou comia se entrou na vida fitness e cortou da sua vida. Enfim, por trás daquele pão tem muita história, que foi contada na avenida. Essa trajetória começou lá na pré-história, com os povos primitivos, os homens que caçavam animais, que acabaram descobrindo a agricultura e, por consequência, o trigo, surgindo assim a criação do pão. Passou também pelos egípcios que foram os primeiros a colocar o pão no forno e que trataram logo de passar a receita para os romanos, além da Revolução Francesa, não é mesmo dona Maria Antonieta? E é claro que passou pela parte religiosa, onde o pão tem um significado muito forte, tanto que tal mote abriu e fechou o cortejo. O público que cantou e pulou do início ao fim, embalado por um belo samba e uma performance sensacional de bateria e carro de som, que em certos momentos largava o microfone chamando a galera para cantar. A Rosas saboreou um pão delicioso em forma de desfile, já os jurados preferiram tirar o pão do forno antes da hora e a escola acabou ficando na terceira posição, aumentando assim sua fome de títulos por mais um longo ano. 
2003 – “No circuito das frutas – Tô de bem com a vida”
“Rumo ao circuito das frutas, cercado de verde por todos os lados…”

O carnavalesco Raul Diniz deixou claro que iria fazer esse enredo sem o compromisso de contar uma história. Ele iria levar a escola numa viagem para o interior de São Paulo rumo ao Circuito das Frutas (Atibaia, Indaiatuba, Itatiba, Itupeva, Jarinu, Jundiaí, Louveira, Morungaba, Valinhos e Vinhedo) para saborear todas as delícias que o lugar tem a oferecer. E por não ter o compromisso de contar uma história, ele buscava simplesmente um carnaval alegre, divertido e, claro, com muita beleza. Além das deliciosas frutas, o carnavalesco tentou mostrar a diversidade das matas paulistanas e a vida simples e pacata do interior, chegando ao alimento que era tema central apenas no terceiro setor da escola. A partir dali foi um passeio por todas as frutas produzidas na região, são elas: uva, caqui, figo, goiaba, morango, acerola, pêssego e outras mais. Sem falar nos saborosos derivados, não é mesmo? Foi de dar água na boca no público. A arquibancada deu um verdadeiro show, e essa grande sintonia com o público ajudou ainda mais a atingir o desejo do carnavalesco. O samba divertido da escola foi incorporado pela bateria, que brincou bastante durante o desfile, sem falar na harmonia da escola que deu aquele show rotineiro. O desejo do carnavalesco de um desfile leve, alegre, divertido foi alcançado com louvor, entretanto a colocação final foi a sexta posição.

2010 – “Cacau: um grão precioso que virou chocolate, e sem dúvida se transformou no melhor presente”
“Tá na boca do povo, o cacau é show, sou Rosas, Rosas de Ouro, meu sabor te conquistou!… ”

A fome de títulos da escola só aumentava, o último título conquistado lá em 1994 já parecia muito distante e o carnavalesco Jorge Freitas queria mudar essa realidade. Contar a história do cacau na avenida foi a decisão tomada para o carnaval de 2010. Um enredo que pode, de início, parecer fraco tem uma história muito rica por trás, que foi contada com louvor pela escola. O desfile contou toda a trajetória do cacau desde a América Central até a ida a Europa, como era considerado um fruto sagrado por maias e astecas, sendo usado por anos como moeda por esses povos. O final do desfile retratando a páscoa levava o pedido de renascer na avenida, trazendo a escola para a busca desse tão esperado e sonhado título. A Rosas de Ouro entrou na avenida com sangue nos olhos e deu novamente um verdadeiro show, tendo como destaques harmonia e bateria. A estética do desfile foi outro show à parte, bom gosto do início ao fim. E nem os imprevistos, como a comissão de frente chegando em cima da hora, derrubaram a escola que fez um desfile impecável e conquistou o tão sonhado título. Fim do jejum com um sabor delicioso de chocolate. 
2017 – Convivium. Sente-se à mesa e saboreie
“Vem saborear, vamos brindar um novo dia, a Roseira põe a mesa pra você, eu quero ver um banquete de alegria…”

Depois de um ano complicado em 2016, a Rosas de Ouro quis mudar a realidade do seu Carnaval em 2017. Com a chegada do carnavalesco André Machado, veio a escolha do enredo que faria uma viagem pelos banquetes mais importantes da história. Uma viagem que começaria lá no Egito e terminaria nos tempos atuais, deixando uma mensagem em forma de crítica social no final do desfile. O cortejo passou por vários momentos da história, dentre eles “O Banquete Egípcio – a celebração da vida”, “Os banquetes na Idade Média”, “O Olubajé – banquete do Rei”, “Não há idade para um doce banquete” e “A ceia nossa de cada dia: pitada de amor”. Esses foram os grandes jantares representados nos carros. Mas o desfile também teve espaço para uma crítica, antes do último carro do desfile, a ala “E o povo clama por comunhão” representada por mendigos, retratava a realidade dos dias de hoje em que muitos têm tanto e outros tão pouco para comer. O objetivo do carnavalesco era criar um momento especial, mostrar que esse momento de reunir a família, ir à mesa e saborear um belo banquete é mágico e traz lembranças inesquecíveis. E o desfile que aconteceu com o dia já claro no Anhembi foi exatamente isso, um belo momento para compartilhar entre os componentes da escola e o público. Um desfile leve, divertido e saboroso que trouxe a escola de volta ao desfile das campeãs (colocando-se em quinto lugar) depois de um ano em que a escola ficou próxima do rebaixamento. Mais uma prova de que quando a escola fala de comida, o final feliz é sempre garantido.

Bom, o papo tá ótimo, os desfiles melhores ainda, mas essa conversa toda sobre desfiles falando sobre comida acabou dando foi aquela fome, então se vocês me dão licença chegou a minha hora de sentar à mesa e saborear. E se você gostou desse texto fica ligado que a série continua no site durante mês inteiro. Afinal, aqui no Carnavalize tem carnaval o ano inteiro!

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