A locomotiva azul e rosa: São Paulo nos trilhos do sucesso da Rosas de Ouro

Arte de Jéssica Barbosa

Por Adriano Prexedes
Atenção! Vamos embarcar numa viagem carnavalesca pela cidade que nunca para. Relembraremos uma São Paulo que, durante a folia, se vestia de cores vibrantes. De azul e rosa. O ano em questão é 1992, segundo Carnaval no Sambódromo do Anhembi, à época bem diferente do que conhecemos hoje.
 
Foi uma temporada de sambas e apresentações marcantes, incluindo a da campeã, que, com a força de uma locomotiva, desbancou todas as concorrentes, cravando, mais uma vez, seu nome na história da folia paulistana. Mas, antes, vamos falar um pouco da história desta escola e de como o imaginário paulistano permeia sua trajetória. Estamos falando dela: a Sociedade Rosas de Ouro.
A agremiação surge da iniciativa de um grupo de amigos, entre eles os irmãos Ernani e Eduardo Basílio. Todos figuras conhecidas na comunidade da  Brasilândia, Zona Norte de São Paulo, não apenas pelo envolvimento com as demandas do bairro, mas também por animarem as partidas do time de várzea local, o Glorioso da Brasilândia. A batucada ficou famosa e isso os inspirou a fundar uma escola de samba com a ajuda de comerciantes locais.
Eduardo Basílio, fundador e presidente da Rosas de Ouro até 2003. Crédito: Reprodução | Instagram Rosas de Ouro

A “certidão de nascimento” do Rosas é um pouco controversa. Oficialmente, sua fundação data de 18 de outubro de 1971. Mas há relatos de que o grupo fez sua primeira apresentação no ano anterior de forma não oficial, apenas como convidado. Outro dado curioso é que a primeira apresentação oficial da azul e rosa – que à época ainda não tinha tais cores como oficiais – foi em 1971, no Grupo 3 (Atual Acesso 2). A escola desfilou e competiu antes mesmo de sua oficialização e obteve um 9º lugar com o enredo “História de Vila Brasilândia”.
É nos preparativos do desfile de 1972 que o azul passa a integrar oficialmente o pavilhão da agremiação. Ao procurar tecidos cor-de-rosa, a irmã de Luciano Thomaz, um dos fundadores, aproveitou a promoção de tecidos de tom azul turquesa e daí a Roseira passou a incorporar o azul às demais cores. Naquele ano, o enredo foi “Brasil de ontem, Brasil de hoje”, que rendeu um 5º lugar no Grupo 3. Isso porque houve uma falha de comunicação entre a escola e a organização dos desfiles, o que culminou em uma severa penalização. Em 1973, veio o primeiro título de sua história com o enredo “Formação étnica”. A conquista marcava o início de uma trajetória de ascensão e consolidação na cena carnavalesca paulistana.
Em 1974, a comunidade da Brasilândia cantou e contou os traços culturais de diferentes regiões do Brasil e foi mais uma vez campeã. Desta vez, do Grupo 2 (Atual Acesso 1). Com um samba de autoria do célebre compositor Zeca da Casa Verde, a escola conquistou seu lugar na elite do samba paulistano. Na sua estreia no 1º grupo, a escola foi pra rua e levou a mesma consigo. O enredo narrou o cotidiano das ruas da capital paulista, e, assim, o resultado foi um honroso vice-campeonato atrás apenas do Camisa Verde e Branco. A partir daí, a escola trilharia o caminho que a tornou uma das maiores da cidade. Já em 1976 ficou em 3º lugar. Em 1977 e 1978, a Rosas fica em 4º lugar com “O poeta de Miraí”, sobre o compositor Ataulfo Alves, e “Salamanca do Jarau”, que contava uma lenda gaúcha. Ambos os sambas foram compostos por Zeca da Casa Verde e, posteriormente, regravados por Jair Rodrigues.
Componentes da escola no ano de 1975. Crédito: Reprodução | Instagram Rosas de Ouro

Após o carnaval de 1979, no qual ficou em 6º lugar cantando as flores, a escola contou pela primeira vez com um grande nome da folia no comando da parte visual. Ainda em 1979 era inaugurada a atual quadra da agremiação, localizada na Freguesia do Ó. O amplo espaço foi um grande marco em termos de estrutura, pois ali foi estabelecido não apenas o local para ensaios e eventos, como também abrigou o barracão, que funcionou lá até a transferência para a Fábrica do Samba em 2022. A conquista da quadra foi fruto de muito trabalho e organização, palavras de ordem na gestão da azul e rosa, que adotou um modelo de “escola-empresa”, que pudesse gerar seus próprios recursos.
Quadra da Rosas de Ouro na Freguesia do Ó. Crédito: Léo Franco

Para o carnaval de 1980, o grande nome da escola era Viriato Ferreira, o ilustre figurinista e braço direito de Joãosinho Trinta, que assinou o enredo “Tudo é Brasil”, sobre o folclore e as manifestações populares do país. Parte do contingente não conseguiu chegar à Av. Tiradentes para o cortejo. Mas isso não tirou a garra e o ânimo dos integrantes remanescentes, que obtiveram um 4º lugar. Naquele ano, o samba não foi composto e cantado por Zeca da Casa Verde. Em 1981, o enredo “Do caminho do mar à ilha do tesouro” ficou em 5º lugar. Para 1982, contava com o artista que se tornaria uma referência do carnaval paulistano: Augusto de Oliveira, que idealizou o desfile sobre “Ainá, no Reino de Baobá”, com inspiração no conto de Antônio Olinto e Zora Serjan. O resultado foi um 4º lugar.
Até aqui vimos que a Roseira dialogou com a cidade em seus temas em pelo menos duas oportunidades. Mas é a partir de 1983 que essa relação ganha mais força. Naquele ano, a “Nostalgia” de Augusto de Oliveira recordou momentos e cenas da São Paulo mais antiga, antes do veloz crescimento e expansão do município. O desfile e o belo samba-enredo – também de Zeca da Casa Verde – conquistaram o público que apontou a Roseira como uma das favoritas ao título, junto de Nenê, Vai-Vai e Mocidade Alegre como destacado na edição do dia 15/02/1983 da Folha de S. Paulo. E se a voz do povo é a voz de Deus, a sua vontade se fez: a Rosas de Ouro conquistou o seu primeiro título na elite paulistana, com Vai-Vai, Nenê e Mocidade Alegre (também apontadas pelo público) logo atrás na classificação. Naquele 1983, outra relação de longa data se iniciava: o casamento entre Rosas de Ouro e o intérprete Royce do Cavaco dava o primeiro passo.
Matéria da Folha de S. Paulo do dia 18/02/1983 destacando a vitória da Rosas. Crédito: Reprodução | Folha de S. Paulo

Para 1984, o enredo homenageava a Faculdade de Direito da USP, “Lá no Largo São Francisco, bem no centro da cidade”. A história da instituição rendeu à Roseira o bicampeonato e mais um samba marcante. A composição de Ideval Anselmo e Zelão é lembrada até os dias atuais. Aqui podemos destacar a apresentação do samba pelo coral da USP e a bateria de Agravo de Instrumento da São Francisco em 2014, e também o encontro da agremiação com as baterias universitárias no ano de 2019. Após o hiato de um ano, Royce do Cavaco voltava à escola e também assinava o samba-enredo para “Uma boa ideia”, enredo de 1985, que, mais uma vez, cantava cenas de São Paulo. A apresentação contou com a ilustre presença de Clementina de Jesus. O tri não veio e a agremiação foi a 3ª colocada. No ano seguinte, a escola imaginou a metrópole no ano de 2086. Apesar do enredo futurista, houve espaço também para uma passagem nostálgica pelo passado, cantada no samba de Royce do Cavaco e Grupo Balancê (“Mas é estranho ver São Paulo sem garoa/sem aquela vida boa do Século XX”). O desfile ficou em 6º lugar.
Detalhe do desfile campeão de 1984 da Rosas. Crédito: Reprodução | Facebook Rosas de Ouro

“São Paulo, seu povo, sua gente” foi o tema para 1987, que falou da diversidade de povos que formam a população da cidade de São Paulo, projetando um contexto de harmonia entre os diferentes grupos étnicos. A apresentação rendeu um vice-campeonato e um samba-enredo que se destaca não apenas pela letra, mas também pelo arranjo melódico e que se tornou item mandatório nos ensaios de quadra. Em 1988, a Roseira continuaria atrelando seus desfiles à cidade, desta vez com uma homenagem. Paulo Machado de Carvalho, advogado (formado lá no Largo São Francisco), comunicador e chefe da delegação brasileira de futebol nos Mundiais de 1958 e 1962, foi o enredo daquele ano e deu um 6º lugar à agremiação. O samba-enredo, inclusive, chegou a ser “sampleado” por uma grande rádio em uma de suas vinhetas esportivas. 
Para 1989, São Paulo era levada para a Avenida Tiradentes sob uma outra perspectiva, agora através da Companhia Cinematográfica Vera Cruz, expoente do cinema nacional nos anos 1950 com sede em São Bernardo do Campo. Com luxo e um samba-enredo que funcionou muito bem na pista, o 3º lugar foi garantido num ano com uma campeã controversa. Na sequência, um típico sábado paulistano foi mostrado na pista. E depois de bater algumas vezes na trave, o 3º título “até que enfim” veio embalado por um samba de refrão muito popular: “R com O/S com A/ Vai ganhar ouro quem souber o que é que dá (Rosas!)”. No cortejo de 1991, a Roseira fugiu um pouco do tema paulistano e fez uma homenagem às mulheres, que lhe rendeu mais um campeonato, que, como no ano anterior, foi dividido com o Camisa Verde e Branco.
Imagem do desfile campeão de 1990 da Rosas de Ouro. Crédito: Reprodução | Internet
Depois desta passagem pela trajetória da azul e rosa, os trilhos desta locomotiva sambística nos deixa no nosso destino: o carnaval de 1992. A partir daqui, relembraremos um dos maiores clássicos da Rosas de Ouro e do Sambódromo do Anhembi. A folia de 92 já dava sinais de que seria marcante, a começar pela alta procura pelos ingressos. Outro detalhe que deu o que falar foi a definição da ordem dos desfiles, que, diferentemente dos anos anteriores, se deu por sorteio. Com exceção da Colorado do Brás (vice-campeã do Acesso em 91), todas as escolas foram alocadas de acordo com o resultado do sorteio. E sobrou para a Roseira a ingrata posição de 2ª agremiação a desfilar.
Na noite de sábado, dia 29 de fevereiro de 1992, iniciavam-se as apresentações no Sambódromo, que ainda estava em construção, tendo sido finalizado alguns anos depois de sua inauguração, que ocorreu em 1991. Depois da passagem da Colorado do Brás, todos os holofotes e expectativas estavam voltados para ela, uma das então bicampeãs. A Rosas de Ouro vinha com um contingente de 3000 componentes, de acordo com a Tv Gazeta, que defendiam o enredo “Non dvcor dvco. Qual é a minha cara?”, concebido pelo carnavalesco Tito Arantes. O termo em latim no título é o lema presente no brasão da cidade de São Paulo, que é traduzido como “Não sou conduzido, conduzo”. A proposta era mostrar as várias faces da metrópole desde sua formação até a contemporaneidade, passando por grandes marcos do município.
O cortejo se iniciava dando forma ao título do enredo com a comissão de frente, onde os componentes vinham fazendo alusão ao símbolo criado por Guilherme de Almeida e José Wasth Rodrigues em 1916. Os integrantes vinham vestidos de guerreiros e empunhavam a bandeira da cidade em referência à figura central do brasão do município. O abre-alas complementava a mensagem da comissão e chamava atenção pelos bandeirões em preto e branco, que tremulavam à medida em que o carro adentrava a pista. Quem também fazia referência ao brasão eram os ritmistas da bateria de mestre Romildo Lacerda, que tinham adereços de cabeça que recriavam a coroa-castelo presente no emblema. Após o abre-alas, há uma ala que referencia os lampiões de gás utilizados na iluminação pública até as primeiras décadas do Século XX.
Detalhes da comissão de frente e do carro abre-alas da Rosas de Ouro em 1992. Crédito: Reprodução | Globo/Tv Gazeta.
“Bom é recordar… Bom demais
Velhos lampiões de gás
Candelabros, garoa, galos nos quintais”
Em seguida, uma das alegorias representava a Sé, onde se encontra a histórica Catedral, que foi inaugurada em 1954, quando a cidade de São Paulo completou 400 anos de fundação. No carro é possível ver uma representação do marco zero e dos diferentes tipos de pessoas que transitam e habitam este ponto da região central da capital paulista. Outro marco do 4º centenário foi lembrado na apresentação: o Parque Ibirapuera, inaugurado em agosto de 1954, foi citado em alas que remetiam ao contato com a natureza e ao lazer proporcionado pelo espaço. No meio destas alas, vinha um tripé que reproduzia o Obelisco em homenagem à Revolução Constitucionalista de 1932, localizado no Parque. Em outro momento, havia também um carro alegórico que ilustrava a Avenida Paulista, com representações do MASP e de outros pontos importantes.
“O ar, cadê meu ar?
No Ibirapuera vou deitar e rolar
Paulista dos barões do café
Catedral, Marco Zero, salve a praça da fé!”
As baianas da Brasilândia, muito animadas, vieram em fantasias brancas com detalhes em dourado, pano da costa em cor-de-rosa e branco e na cabeça uma rosa. O famoso cruzamento da Avenida São João com a Ipiranga também apareceu no cortejo em uma das alas e numa alegoria. Aqui chama-se a atenção para o número de destaques nos queijos que representavam os prédios,  que não foi exclusividade deste carro. Segundo a TV Gazeta, a Roseira levava para a Avenida um total de 145 destaques. Outro detalhe a ressaltar é a relação da Avenida São João com o carnaval, já que a via foi o primeiro palco dos desfiles das escolas de samba após a transferência dos cortejos para o centro da cidade.
“Lugar de bamba, fala São João, fala Ipiranga
Rosas baianas faz no largo do Arouche
Toda a cidade girar”
O 1º casal de mestre-sala e porta-bandeira, formado por Jorginho e Nenê, estava muito bem vestido em roupas em branco e prata. Muitas plumas adereçavam as indumentárias. O figurino volumoso não atrapalhou o bailado e também deu destaque ao pavilhão pelo contraste das cores. O futebol não ficou de fora da festa. Um dos momentos da exibição é marcado pelas fantasias e pela alegoria que faziam menção às torcidas e aos jogos. Para representar o Theatro Municipal, a escola contou com uma ala caracterizada como dançarinos que faziam passos de balé em frente ao carro que reproduzia a fachada do prédio inaugurado em 1911.
“É gol! Treme terra lá na geral
São milhões de divinos violinos lá no Municipal”
1º casal de mestre-sala e porta bandeira da Rosas de Ouro em 1992. Crédito: Reprodução | Tv Gazeta

Um dos auges do desfile e do samba-enredo é marcado pelas citações ao rio Tietê. Na pista, uma ala representava a poluição do rio, que se intensificou a partir do início do século passado. A ala precedia uma alegoria que mostrava o rio e fazia menção ao Parque Ecológico do Tietê, localizado na Zona Leste da capital e inaugurado em 1982. O verso “Tietê, quero um dia beber você” sintetiza esta passagem do enredo. Para alguns, à primeira escuta este verso pode parecer estranho. Mas existe um sentido nele, já que o mesmo dialoga com o contexto da cidade em que se vislumbrava a despoluição do rio. Em 1991, havia sido ordenado o estabelecimento de um programa para reverter o quadro de degradação. No ano seguinte, foi lançado pelo Governo Estadual o Projeto Tietê, que não obteve muito sucesso em suas metas ao longo das décadas.
“Tietê, quero um dia beber você
As crianças virão saciar a sede na conchinha da mão”
Não poderiam faltar referências ao samba paulistano no desfile. Aqui destacamos o elemento alegórico que homenageava três ícones da folia em São Paulo: Eliana de Lima, Thobias da Vai-Vai e o próprio Royce do Cavaco, o sabiá. Os três cantores eram figuras em evidência na cena carnavalesca da época. A apresentação se encerra com a “locomotiva do Brasil”, apelido dado a São Paulo que expressa a força da cidade e sua participação significativa para o progresso do país. A alegoria trazia como elemento central uma maria-fumaça nas cores da bandeira do estado: preto, vermelho e branco.
Homenagem aos intérpretes e detalhe do último carro da Rosas de Ouro em 1992. Crédito: Reprodução | Tv Gazeta
“A estrela Sampa brilhou iluminando os pioneiros”
A posição de desfile não intimidou a agremiação. Mesmo sem a opulência de anos anteriores, a Roseira balançou o Anhembi em uma das apresentações mais vibrantes da passarela paulistana. Boa parte disso se deve ao desempenho do sabiá, Royce do Cavaco, que, junto de seu time de canto, conduziu o samba com maestria, apostando em variações de tonalidade sem perder a harmonia. O samba-enredo também é parte essencial do sucesso da azul e rosa naquele ano. A obra de João do Violão e Miltinho se consolidou como um dos sambas antológicos do carnaval de São Paulo, sendo considerado por alguns sambistas o hino não-oficial da cidade.
“Meu sabiá, ô ô ô ô
Soltou o trinar, cantou, cantou
Deu um show na passarela
Levantou a galera
Bateu asas e voou”
A locomotiva azul e rosa passou com força total e se credenciou ao campeonato. O sonho do tri estava próximo de se tornar realidade. E assim foi: numa apuração bem movimentada, diga-se de passagem, a Rosas foi a tricampeã da elite do samba paulistano. Dessa vez, a escola conquistou o troféu sozinha, com um total de 294 pontos, três pontos à frente das vice-campeãs, Vai-Vai e Camisa Verde e Branco. E a locomotiva seguiu avançando e conquistou mais um campeonato em 1994, seguido de dois vices em 1995 e 1996, respectivamente.
Comemoração do título de 1992 na quadra da Freguesia do Ó. Crédito: Reprodução | Internet

Esse sucesso se deve ao envolvimento de sua comunidade, mas também ao trabalho de gestão pautado na organização que foi empregado por Eduardo Basílio ao longo dos anos. Basílio administrou a agremiação com firmeza e muita dedicação desde a sua fundação, tendo deixado um enorme legado no mundo do samba. Sua gestão foi até 2003, ano de sua partida. A continuação do legado ficou por conta de sua filha, Angelina, que, assim como o pai, conhece a Rosas de Ouro como a palma da mão. Ela acompanhou a família por vários momentos e passou pelos mais diversos segmentos da agremiação, da ala das baianas à diretoria.
Apesar de ser conhecida no samba paulistano, Angelina Basílio teve que ser muito forte para superar as barreiras que vieram pelo caminho, entre elas o machismo e até um atentado. Ela pensou em desistir, mas recebeu um sinal para seguir em frente. E foi sob seu comando que a Roseira conquistou seu 7º título em 2010. Além disso, a escola também acumulou mais três vice-campeonatos (2012, 2013 e 2014). Com o passar dos anos, ela se tornou uma das maiores referências femininas do universo carnavalesco e uma das figuras mais adoradas da folia paulistana.
Angelina Basílio com seu pai, Eduardo. Crédito: Reprodução | Instagram Rosas de Ouro

Depois de 1992, São Paulo voltou a se encontrar com a entidade carnavalesca em outras oportunidades, como em 1996, quando “o prédio dos Correios na Av. São João” foi um dos destaques; em 1997 quando ela apresentou a Paulicéia como a capital mundial da gastronomia; em 1998 quando prestou tributo ao conjunto Demônios da Garoa e em 2001, quando exaltou Caio de Alcântara Machado, idealizador do Parque Anhembi, que desde 1991 abriga o Sambódromo. Através das décadas, a Rosas de Ouro criou uma forte identificação com os temas paulistanos, que ficou cristalizada no imaginário sambístico. Não se pode falar de São Paulo no carnaval sem a Rosas de Ouro, e não se pode falar da agremiação sem se falar de São Paulo. A escola se tornou referência quando o assunto é a grande metrópole, e é considerada por muitos aquela que melhor canta a cidade, mesmo que por uma perspectiva mais romântica.
O ano de 2004 marcou o primeiro desfile sob a gestão de Angelina Basílio e também o último enredo sobre São Paulo, que foi cantada através de seus monumentos. Mesmo com grandes apresentações nos anos seguintes, ficava aquela saudade. E depois de 20 anos, para alegria de muitos torcedores e admiradores, São Paulo e Rosas de Ouro se encontrarão novamente. O Parque Ibirapuera, reduto verde eternizado em versos do samba de 92, é o enredo para o carnaval de 2024. Ao “ver o Sol nascer”, os 70 anos do espaço serão celebrados sob a mágica aura da luz do dia que também faz parte do imaginário da Roseira, e que consagrou algumas de suas últimas apresentações.
“Se você não conhece, venha conhecer
Venha colher Rosas, ver o sol nascer”

Agradecimentos:
Rodrigo Godoi – Compositor e Diretor de comunicação da Sociedade Rosas de Ouro
Victor Lebro – Diretor de Carnaval da Sociedade Rosas de Ouro


 

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