Texto: Talitha Dejesus
Oxum: a orixá das águas doces é a deusa do amor, da beleza, fertilidade, ternura e riqueza. Representa sensibilidade, delicadeza e paixão para motivar a essência da vida. É ela a responsável por nos acolher durante as tempestades emocionais, nos tranquilizando e orientando os caminhos a seguir.
Mas qual a relação de Oxum com as escolas de samba? Todos sabemos da influência dos negros e das religiões de matrizes africanas no carnaval que conhecemos hoje, e não por acaso, enredos com temáticas sobre a negritude são recorrentes na nossa folia. E, graças a Oxalá, porque a gente adora um enredo afro, né?
Seja em São Paulo ou no Rio de Janeiro, é quase certo que todo ano vai haver a presença de um orixá nos enredos e consequentemente nos sambas. Por isso, listamos enredos paulistanos recentes que trouxeram Oxum à Avenida. Bora relembrar? Ora yê yê ô Oxum!
Nenê de Vila Matilde – 2006
O abre-alas da escola daquele carnaval. Foto: Keiny Andrade/Folha Imagens. |
O enredo deste ano, “Mamma Bahia – Ópera Negra, Lídia de Oxum’’, foi inspirado na ópera que foi apresentada em 1994, na Bahia. É considerada a primeira montagem de uma ópera afro-brasileira e uma demonstração de força do povo negro, visto que o gênero musical, em sua maioria, é elitista e muitas vezes inacessível. O enredo é incrível, e apesar do triste desfile, a Nenê contava com um dos melhores sambas do ano.
X9 Paulistana – 2015
Alegoria da escola representando Oxum! Foto: Reprodução/Grito de Carnaval. |
Após uma tempestade que prejudicou algumas escolas no Carnaval de 2014, a X9 Paulistana decidiu exaltar a chuva no enredo do ano seguinte. No desfile, o destaque ficou para o icônico intérprete Royce do Cavaco cantando o enredo ‘’Sambando na Chuva, num Pé D’Água ou na Garoa. Sou a X-9 numa Boa’’, que transitava por tudo ligado a chuva, como por exemplo, cigarras, o dilúvio bíblico e a Arca de Noé, chuva de arroz em casamentos e a importância da água no mundo, em um momento em que São Paulo passava por uma crise hídrica. Além disso, a escola trouxe os orixás ligados à água. E lá estava Oxum…
Camisa Verde e Branco – 2016
Ivi Pizzott, rainha de bateria do Camisa Verde e Branco em 2016. Foto: Léo Franco/AGNews. |
Nem só de Grupo Especial vive Oxum. Em 2016, ela passou pelo grupo de Acesso com o Camisa Verde e Branco. O enredo ‘’Nas águas sagradas de Oxum, Iemanjá e Oxalá, Camisa Verde dá um banho de alegria!” contava a história do banho desde as antigas civilizações até sua presença no dia a dia e também a relação dos Orixás com as águas.
Vai-Vai – 2017
Comissão de frente da Vai-Vai. Oxum era a orixá de Mãe Menininha. Foto: Reprodução/ BOL Fotos. |
“No Xirê do Anhembi, a Oxum mais bonita surgiu…Menininha, mãe da Bahia – Ialorixá do Brasil” foi o enredo do Vai-Vai para 2017, homenageando um dos nomes mais importantes do candomblé no Brasil. Dessa vez, Oxum apareceu por ser a orixá da cabeça da ialorixá. Empolgando as arquibancadas como sempre, as alas e alegorias da escola representaram os elementos da natureza e sua ligação com os orixás. A homenagem a Oxum veio na comissão de frente e também no último setor que retratava a água.
Colorado do Brás – 2018
A porta-bandeira da Colorado do Brás no ensaio técnico da escola. Foto: Felipe Araujo. |
Após 25 anos fora do Grupo Especial, a Colorado do Brás voltou à elite paulistana com o enredo ‘’Axé, Caminhos que levam a fé.’’. O tema abordava a cultura do Candomblé desde a criação do mundo por meio de suas tradições aos ensinamentos dos orixás. Junto com o desfile, um pedido de bênçãos e paz no que a escola chamou de ‘’banho de Axé’’. Não poderia faltar Oxum, evidentemente!
Mancha Verde – 2019
Oxum da abertura da campeã Mancha Verde de SP!. Foto: Fábio Tito/G1. |
Consagrando-se campeã do Carnaval de São Paulo pela 1ª vez, a escola de samba Mancha Verde contou a história de Aqualtune. “Oxalá, salve a princesa! A saga de uma guerreira negra”, desenvolvido pelo consagrado Jorge Freitas, retratou a vida da negra que nasceu princesa no Congo e foi trazida ao Brasil para ser escravizada. Oxum veio representada na comissão de frente ao lado de Xangô e de guerreiros guardiões que celebraram a chegada da herdeira ainda no Congo.
Mocidade Alegre – 2020
Representação de Oxum na alegoria da Mocidade Alegre no último carnaval. Foto: Magaiver Fernandes. |
“Do Canto das Yabás, Renasce uma Nova Morada” trouxe uma celebração à vida e à natureza através das orixás femininas do panteão afro-brasileira de tradição nagô-iorubá. O desfile emocionou a comunidade e o público presente no Anhembi e marcou um momento de transição da Mocidade. O enredo exaltou a força e o poder feminino por meio das yabás como Iemanjá, Obá, Nanã, Ewá e nossa estrela do texto de hoje, Oxum.