7X1 Carnavalize: os campeonatos mais tradicionais do carnaval paulistano

Texto: Talitha Dejesus

É impossível falar sobre Carnaval Paulistano e seu crescimento sem falar de quatro agremiações e suas histórias: Nenê de Vila Matilde, Vai-Vai, Camisa Verde e Branco e Unidos do Peruche. Junto com Lavapés, essas escolas são as raízes do samba paulistano e cada uma delas conta uma parte da história social do Carnaval na Terra da Garoa.
Dentro do Carnaval, mudou-se muita coisa: o palco, as agremiações, os modelos de desfile, as formas de julgamento… quase tudo se remodelou! Mas, apesar disso, há algumas histórias que não se apagam. Juntas, Nenê, Vai-Vai, Camisa e Peruche somam 40 títulos no carnaval paulistano. São os tempos áureos das agremiações tradicionais que iremos recordar no texto de hoje.
 
Unidos do Peruche 1967: Exaltação a São Paulo

Conhecida como “A Filial do Samba’’, a Unidos do Peruche possui como últimas grandes posições os vice-campeonatos dos anos de 1989 e 1990 e, atualmente, integra o Grupo de Acesso 2. Não podemos, porém, apagar que ela é uma das mais tradicionais do Carnaval de São Paulo.
Em 1967, com um desfile que fez homenagem à cidade de São Paulo, destacando-a por ser a Terra da Garoa com suas avenidas e arranha-céus, a Unidos do Peruche conquistou seu último título no grupo de elite, fato que ocorreu quando os desfiles ainda não tinham sido oficializados pela Prefeitura. A letra do samba foi composta por Seu Carlão, um dos fundadores da escola, que exerce suas atividades por lá até hoje!
Camisa Verde e Branco 1977: ‘’Narainã, A Alvorada dos Pássaros’’
De cordão até escola, a Camisa Verde e Branco, que hoje ocupa lugar no Grupo de Acesso, teve seus momentos de glória e carrega 9 títulos, sendo 5 deles somente na década de 70.

Em 1977, a agremiação contou a lenda de uma índia transformada em ave por um pajé. Com esse desfile, a Camisa conquistou seu tetracampeonato. (Galvão, É TEEEETRAAAAA!!!). O samba composto por Ideval Anselmo, Zelão e Jordão é considerado um dos mais significativos de toda a história do samba paulista.
 
Nenê de Vila Matilde 1985: ‘’O Dia Que o Cacique Rodou a Baiana Aí Ó’’
Até 2000, a Nenê foi a agremiação com mais títulos do carnaval da capital, fato que coroou a escola como ‘’A Campeã do Século”. A escola da Zona Leste sempre gostou de trazer questões sociais em seus desfiles. O Carnaval mais marcante da história da agremiação aborda a desigualdade social brasileira no período da década de 80 e o caso do cacique Juruna.
Visão aérea de parte do desfile da Nenê de 1985. Foto: Reprodução/Carnaval Memórias.
A Nenê foi pioneira em implementar elementos cariocas em seus desfile, e, ao consagrar-se campeã, a escola foi convidada para participar do desfile das campeãs no Rio de Janeiro ao lado de Mocidade Independente e Beija-Flor. Até hoje, foi a única escola paulistana a desfilar na Sapucaí. 
 
Vai-Vai 1988: ‘’Amado Jorge, a História de uma Raça Brasileira’’
Ainda na Avenida Tiradentes, local nostálgico que foi um marco na reafirmação das escolas de samba, a agremiação do Bixiga fez uma homenagem ao escritor Jorge Amado, um dos mais fundamentais do Brasil.
Integrantes da bateria do Vai-Vai festejam o desfile. Foto: José Monteiro/Folhapress.
Desenvolvido pelo carnavalesco Ulisses Cruz, o desfile é considerado um dos carnavais mais inesquecíveis da escola. O samba enredo, na época foi cantado por Tobias do Vai-Vai, até hoje sacode a multidão em festas e apresentações.
 
Camisa Verde e Branco 1991: ‘’Combustível Da Ilusão’’
O primeiro desfile do Carnaval paulistano no Sambódromo do Anhembi. O título do grupo especial foi dividido, pelo segundo ano consecutivo, entre Camisa Verde e Branco e Sociedade Rosas de Ouro.
Alas e elemento alegórico no desfile da Camisa de 91! Foto: Reprodução/Acervo Folha Uol.
Conquistando seu tricampeonato, a Camisa contou a história da cerveja, apontando do que é feita, as origens da bebida, sua trajetória na Europa e só depois sua chegada ao Brasil e seu papel como “combustível da ilusão.
Nenê de Vila Matilde 2001: Voei, voei, na Vila aportei, onde me deram a coroa de rei
Após 16 anos sem títulos, em 2001, a escola de samba da Zona Leste conquistou seu 11º campeonato. O título deste ano foi dividido com a escola de samba Vai-Vai.
O pássaro símbolo maior da Nenê! Foto: Reprodução/Anhembi Parque.
A Nenê é uma das escolas mais ligadas às temáticas africanas em São Paulo e este desfile contava a trajetória do negro e de suas contribuições nas ciências, artes e música. O samba que trazia a caracterização da escola de samba como a ‘’zona da paz’’ embalou o último título no Grupo Especial da escola de samba da Zona Leste.
 
Vai-Vai 2008: ‘’Acorda Brasil! A saída é ter esperança’’

Um campeonato um pouco mais atual que o restante foi o 13º título da Saracura. O enredo inspirado na peça do empresário Antônio Ermírio de Moraes, retratou as desigualdades e injustiças sociais da educação pública brasileira e apontou as possibilidades de solução como uma mensagem de esperança. 
Componentes do Vai-Vai durante a forte apresentação de 2008. Foto: Reprodução/Acervo Vai-Vai.
O carnaval desenvolvido por Chico Spinoza é uma mensagem nacional e considerado um dos mais significativos na história da ‘’Escola do Povo’’. Após o ano de 2008, o Vai-Vai conquistou mais 2 títulos no Grupo Especial, em 2011 e 2015, consgrando-se como a maior campeã do Carnaval de São Paulo.
 

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