SINOPSE | Unidos da Ponte 2021: Santa Dulce dos Pobres

Teus olhos são faces da doçura do teu nome, que irmana a bondade gratuita e proteção aos pobres, negros em sua maioria, das comunidades de Salvador. 
Cântico inicial 
Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes. Senhora da paz, peregrina do amor e andarilha da fé, teus filhos do samba caminham em procissão neste dia especial. Versamos neste enredo, relatos de devoção guiados pela tua chama de esperança, bondade, humildade e comunhão.  
Teu manto azul e branco nas cores da nossa Escola é inspiração. O azul da cor do céu lampeja calmaria, o tom azul do mar inspira a grandiosidade de amar sem limites. O azul da nossa bandeira nos une e queremos seguir em cortejo num cântico que irmana tua lição de caridade.     
A Unidos da Ponte em 2021, buscará narrar as tantas pontes que por ti foram construídas entre ricos e esquecidos e poderosos e oprimidos. Pretendemos mostrar a tua ponte do amor pela fé e tua ponte da persistência pela vida na comunhão da solidariedade. 
Como santidade do amor, também construiu pontes entre teus filhos de todas as religiões: 
Foste a voz daqueles que não tem voz 
Pequena e tão gigante 
Mãe desses Filhos de Gandhy”. 
Trecho musical de “A Bahia canta sua santa” 
Composição: Coletivo em prol das obras sociais de Santa Dulce. 
Nosso altar hoje ecoa um samba-oração por ti, amada mãe dos necessitados.      
“Doce Luz, eu sinto seu cheiro de flor 
Eu sei que você está aqui 
Sua presença é de amor” 
Trecho musical de “Doce luz” 
Composição: Léo Passos e Chico Gomes. 
Dulce Santa. Coração sem medidas, mulher pequena na estatura, mas grande nas ações. 
Senhora da pressa na caminhada com os humildes.  
Rogai por nós.     
SINOPSE 
Primeiro relato de amor: Irmã do silêncio e o oratório dos pedidos 
Amada Dulce, irmã de bondade e doçura, recebi teus chamados todos. Estive contigo em tuas preces de silêncio a ouvir teus clamores por medicações, leites, equipamentos médicos, terrenos para construções das tuas obras e apoio para subsidiar teus projetos sociais.     
No interior do Nordeste, em casas pobres de palafitas, tu levaste posto médico com atendimento básico às comunidades carentes de tudo. Nestes lugarejos de abandono, tu enviaste a cura, mas entregaste também amor aos esquecidos. Trabalhaste a fé com operários plantando esperança no corpo e na alma.      
Querendo mais pelo próximo, finalizaste o curso oficial de farmácia. No convento, tocaste feridos, resgataste enfermos, amparaste desalentados que moravam nas ruas. E quando não podia mais, ainda assim, ajudaste. No murmúrio das inquietações e incertezas, rezaste, mantendo esperança.     
Não separaste os excluídos da vivência em sociedade, levaste amparo sanitário à presidiários de um centro de detenção da Bahia. Olhaste por crianças sem referência de família, entregaste esperança para o olhar dos filhos do abandono. Lembraste das pessoas com deficiência e dos idosos esquecidos. Enfrentaste poderes internos e externos e iniciaste um hospital num galinheiro como prova de humildade. Com muito diálogo e olhar de brandura convenceste presidentes e governadores a ampliar o feito assistencial. Ganhaste áreas territoriais para construir teu legado social de amor ao próximo.      
Irmã Dulce, testemunhei teu esforço incansável.  Sei que fizeste da tua vida, uma chama viva de oratório. Quando o esgotamento parecia te abater e o silêncio te era a resposta, rezaste a me chamar intercedendo pelos teus.  
A fé te foi companheira, a oração foi tua morada, tua fortaleza e teu renascimento.  
Segundo relato de amor: Tua fé que transcende e toca a santidade 
Tua obra correu as nações sendo espelho para tantos peregrinos de amor. No labor caridoso da tua alma, o mundo se rendeu te indicando ao prêmio Nobel da Paz. Quando teu corpo e olhar bondoso não conseguiam mais habitar os planos terrestres, àquele que também seria santo, te beijou, era João Paulo II soprando a paz do descanso para tua alma. E assim, numa tarde tranquila de brisa leve, tua obra ficou eternizada no coração dos baianos que gritavam “obrigado, Dulce”. Sinos e atabaques ecoaram por toda Salvador.      
Tornaste venerável para a igreja porque tu, irmã Dulce, viveste em grau heroico de comunhão com as virtudes cristãs da fé, esperança e caridade. Teu testemunho de vida foi um conforto para os pobres e um exame de consciência para os ricos.     
Passo próximo, tu te consagraste como beata da igreja. O primeiro milagre operou-se num pós-parto. O desânimo dos homens da terra configurou-se após inúmeras cirurgias que não rompiam um sangramento. Vida e morte se encontravam e no desespero final, na hora do adeus, o pároco intercedeu pela vida da serva clamando por teu nome: “Óh, venerável, não permita que esta mãe deixe seu filho”, prontamente a sangria cessou.      
Tu que te tornaste irmã, venerável, beata, consagrou-se como Santa. O segundo milagre foi para um filho teu que não enxergava mais, mas te sentia. O amor por ti foi tão maior, que no momento de dor na região dos olhos, tateou uma pequena imagem tua e a encostou sobre as vistas num grito de esperança, pedindo tua intercessão de anjo bom. Dormiu anestesiado do teu amparo e ao acordar, as dores cessaram e a escuridão findou. Ele sentiu e viu o mundo com as cores da fé.     
Pequena grande, em santidade tu foste, tu és e sempre serás grande, generosa, a flor amarela do amor, do olhar pleno, bondoso, caridoso e atencioso para com teus devotos.  
A procissão em teu nome pelas ruas da Bahia revela a vitória da tua pobreza, lembrando os humanos do amor que se deve irmanar ao próximo e de prestar solidariedade aos humildes, humilhados e esquecidos pelo poder.   
   
Terceiro relato de amor: Bahia de todos os santos e de Santa Dulce dos Pobres 
As escadarias de Nosso Senhor do Bonfim recebem, agora, sinos que badalam também por ti, Santa Dulce. Num elo de irmandade entre as religiões que querem o amor no coração de todos, a Bahia é o retrato de todos os santos, de todas as representações e manifestações de esperança por dias melhores. Receba os sinos, as velas, as preces, as orações e a mística da fé das baianas que lavam as escadarias de Bonfim com as águas de cheiro para celebrar tua baianidade santa. Tua Bahia é santa e também cultural.  
Tenho lembranças de quando fundaste o cineteatro Roma, em Salvador, fazendo da arte um meio para arrecadar fundos para os teus necessitados. Recebeste artistas consagrados e espalhaste amor com música para os filhos esquecidos. Tocaste sanfona, gritaste gol com teu time baiano e brincava com as crianças o futebol da vida para espantar a solidão. Na partida, só a fé de sorrir era a vencedora.     
Fizeste de Salvador um porto sagrado e quando andarilha corria para o mar – tua paixão – a repousar energias para o ritmo de trabalho como gestora da caridade.  
Hoje, os peregrinos caminham por seu amor santo, levam sonhos nas romarias, cantam e choram por devoção. Tu és a mãe de muitos brasileiros órfãos. Santa Dulce leva tua esperança para encher de vida os olhos dos teus meninos e meninas que carregam desassossego dentro da alma. Leva tua bandeira da paz e da doação sem limites para com o próximo.     
Intercedas por todos os pedidos emocionados – como os teus dirigidos à minha interseção –  que no cruzamento da fé, nos encontraremos em comunhão. 
Eis-me aqui, com este sentimento que agora se configura no mesmo plano de espírito e ideais de caridade. 
Olhai por teus filhos pobres. 
Guiai os oprimidos por um caminho de paz e animosidade. 
Caminhai ao lado dos enfermos e necessitados. 
Sigamos juntos pela vigilância dos desvalidos do mundo concedendo a eles cobertor, proteção e misericórdia em nome do pai, do filho, do espírito santo. 
Amém! 
De seu fiel vigilante das horas de nuvens nubladas e dos tempos de clarões de luz,  
Fernando Martins de Bulhões 
Santo Antônio. 
Carnavalescos: Guilherme Diniz e Rodrigo Marques 
Enredista: Tiago Freitas 

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