#Carnaval2023: Mangueira – Escola arrasta a Sapucaí atrás do seu trio e se coloca na briga pelo título

Por Redação Carnavalize
Encerrando a primeira noite de desfiles do Grupo Especial, a Estação Primeira de Mangueira levou à Sapucaí as diversas “Áfricas” que a Bahia recebeu historicamente e suas influências na música, na cultura, no carnaval. A verde e rosa teve a estreia da dupla de carnavalescos Annik Salmon e Guilherme Estevão, que assinou o enredo intitulado “As Áfricas que a Bahia canta”.
Na abertura do desfile, a comissão de frente, comandada pela coreógrafa Cláudia Mota, reuniu símbolos dos cortejos baianos, fruto das recriações de Áfricas promovidas pelos negros afro-brasileiros. Apesar de pertinente ao enredo e correta, a apresentação não empolgou, não tendo o efeito esperado. O tripé, que era bastante simples, não foi muito bem aproveitado. Na sequência, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, formado por Matheus Olivério e Cintya Santos, dançou com perfeição, com destaque para a performance da porta-bandeira que fez do mastro e do pavilhão extensões do próprio corpo.
Estreando na verde-e-rosa, Cintya Santos teve uma grande performance (Foto: Diego Mendes/Rio Carnaval)
O desenvolvimento do enredo consistiu em um passeio histórico e temático sobre as manifestações negras presentes na Bahia, de maneira acertada e com bom trabalho de pesquisa. A abertura apostou no verde e no rosa e se destacou por sua boa volumetria, pelas composições e pelo uso de materiais, sobretudo nos dois primeiros carros. O conjunto alegórico teve momentos menos inspirados, mas terminou muito bem no último carro. As fantasias eram um pouco irregulares, com algumas soluções e materiais repetitivos. Os figurinos dos últimos setores não acompanharam o nível elevado dos primeiros. O trabalho cromático não se mostrou coeso.
Detalhes da indumentária das baianas de Mangueira (Foto: Vítor Melo/Rio Carnaval)
O elogiado samba-enredo interpretado por Marquinho Art’Samba e Dowglas Diniz explodiu na avenida, sendo muito cantado pela comunidade e contagiando o público. A bateria da Mangueira fez uma apresentação tecnicamente perfeita. Os comandados dos mestres Rodrigo Explosão e Taranta Neto fizeram um desfile impecável. Um desfile recheado de bossas, baianidade e africanidade levaram as arquibancadas a loucura a cada convenção realizada. O andamento da bateria flutuou muito pouco entre 141 e 142 bpm e deu o ritmo certo pro samba que é um dos mais cantados da safra. Destaques para a ala dos timbaus que simplesmente reinou na avenida. Na bossa que começa no verso “quando a alegria invade o Pelô…”, a Bahia invade a Sapucaí e nos leva direto ao Olodum, e a ala de timbaus faz esse trabalho de maneira brilhante. E se existe o ditado que “o melhor sempre fica pro final”, a Tem Que Respeitar Meu Tamborim, última bateria da noite a se apresentar foi sem dúvidas a melhor que passou pela Sapucaí nesse primeiro dia de desfiles.
Com um chão muito forte e uma evolução perfeita e vibrante, a Mangueira se credenciou a brigar pelo título, em uma noite marcada por erros das demais agremiações.

 

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