Por Redação Carnavalize
Embalada por um dos enredos mais fortes e representativos do carnaval, a Mocidade exaltou sua própria divindade: Elza Deusa Soares. A homenagem à uma das maiores cantoras do país, nascida em Moça Bonita, na favela da Vintém, e a própria estrela de luz independente, foi conduzida pelas linhas do carnavalesco Jack Vasconcelos, que assinou seu primeiro carnaval pela escola.
Jorge Teixeira e Saulo Finelon, coreógrafos da comissão de frente da Mocidade, desenvolveram um bom trabalho. Na apresentação, a jovem Elza, sempre destemida, se via coagida por homens e, ajudada por outras mulheres, conseguia se livrar deles. A partir de então, Bellinha Delfim, que representava Elza, dançava e sonhava, sempre com a lata d’água na cabeça, até o momento em que as estrelas do sucesso surgiam e prenunciavam a carreira da estrela. O uso de hologramas nas cabeças das bailarinas e num pano de fundo a serviço do grupo trouxe uma solução com imagens interessantes, mas lineares, sem um exato momento de explosão. Apesar dos bons efeitos, houve uma queda na “energia” do segundo ato. Diogo Jesus e Bruna Santos fizeram sua estreia como primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira em uma apresentação irregular; a falta de experiência de Bruna, que tem um trabalho de crescimento (muito possível, ressalta-se) pela frente, não abrilhantou a passagem dos dois.
Detalhes do carro que trouxe a carreira de Elza na televisão, casas de show e rádio. (Foto: Vitor Melo) |
Jack desenvolveu um enredo linear sobre a vida de Elza, sem fugir às expectativas, com um desenvolvimento competente, contando os principais momentos de sua trajetória e suas lutas. Visualmente, a escola apresentou um conjunto de alegorias menos inspirado no que diz respeito à beleza esperada para o tema, principalmente em formatos e cores. Notou-se alguns problemas de acabamento e finalização dos carros, que podem comprometer as notas da Mocidade no quesito a quesito. Porém, há de se destacar que o conjunto de fantasias mostrou certa superioridade, com formas e soluções criativas e uso de plumas, não visto no desfile de escolas que passaram anteriormente. O uso de cores careceu de maior inspiração. Em aspectos gerais, Jack postou em uma estética mais tradicional.
As belas baianas independentes, que relembravam Mãe Menininha do Gantois, ano de desfile em que Elza entoou o samba da escola. (Foto: Vitor Melo) |
A bateria do mestre Dudu fez um ótimo desfile, com boas bossas, mas pouco se ouviu a voz de Wander. O carro de apoio brilhou mais que o intérprete, com vozes como Millena Wainer. A harmonia se mostrou regular, assim como a evolução.
Com uma importante, necessária e esperada homenagem à Elza, a Mocidade briga pelo sábado das campeãs.