Por Redação Carnavalize
Unidos da Tijuca + virada de década + Paulo Barros de volta à casa. Qual o resultado? Muitas alegorias humanas, efeitos de led e uma estética com toda a pinta do carnavalesco. Quarta escola a desfilar nesta segunda-feira, a agremiação do Borel passeou pela arquitetura e urbanismo brasileiros no enredo “Onde moram os sonhos”.
A comissão de frente, comandada por Jardel Lemos, mais um ano não arrebatou as arquibancadas. Em uma apresentação inexpressiva, tentou-se surpreender pelo efeito do led que mudava de cor nas malhas trajadas pelos integrantes, que representavam lápis. Além de problemas com a iluminação, visualmente não foi agradável. O melhor momento foi a formação de um chafariz que jorrava água, mas, ainda assim, o grupo não cumpriu bem a missão de apresentar a escola. O casamento dos trabalhos de Jardel e Paulo era muito esperado, mas não rendeu os melhores frutos. Alex Marcelino e Raphaela Caboclo, primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, fizeram uma boa apresentação, mas a coreografia pouco explorada não proporcionou brilho à dança dos dois, que foram apenas corretos em suas execuções.
Traço já característico do carnavalesco, não faltou alegoria humana na escola. No palco do meio da alegoria, surgiam componentes que preenchiam o vazio. (Foto: Felipe de Souza) |
O esperado retorno de Paulo Barros à Unidos da Tijuca apresentou uma série de falhas em quesitos de sua responsabilidade, como alegorias e fantasias. O enredo saiu do Rio de Janeiro, passeou pela antiguidade, chegou à Brasília e retornou ao Rio; a confusão narrativa não explorou a história da arquitetura de forma eficiente. Seria interessante se o desenvolvimento seguisse a proposta humanista da letra do samba, o que não ocorreu. Paulo Barros apostou em pequenos tripés destacados nas alas que traziam os prédios e construções apresentados no enredo; não surtiram efeito, mas foi uma aposta interessante ao mexer na estrutura da linguagem do desfile. As alegorias apresentaram alguns problemas de acabamento em um conjunto muito fraco, tendo sido a Catedral de Brasília o destaque positivo. Críticas ao último carro são direcionadas à presença dos componentes com camisas do enredo; o figurino carecia de maior cuidado e inspiração. Tudo isso não se aplica ao conjunto de fantasias, que se mostrou interessante e foi um quesito bem defendido por Marcus Paulo, o responsável pelo desenvolvimento deste setor da escola. A Tijuca passou bem vestida.
A última alegoria tijucana. (Foto: Felipe de Souza) |
A Pura Cadência do mestre Casagrande fez jus à fama de uma das melhores baterias do carnaval, em uma excelente apresentação, que manteve um andamento confortável para o samba e valorizou as lindas letra e melodia. Wantuir também merece elogios. A harmonia tijucana foi irregular, ao passo que a evolução da escola se mostrou eficiente como sempre.
Com um desfile pouco inspirado de Paulo Barros, a escola deve brigar do meio para o fim da tabela.