A primeira escola a se apresentar no segundo e último dia de desfiles do grupo especial, a amarela e preta da Zona Sul teve como tema “ O Conto do Vigário”. Em seu terceiro ano como carnavalesco da São Clemente, Jorge Silveira reforça o vínculo com a comunidade e reconecta a escola a sua identidade crítica e irreverente. A ideia do carnavalesco foi caminhar pelas vigarices e trambiques que permeiam a história do Brasil desde o período colonial até as atuais fake news.
A Fiel Bateria desfilou vestido de laranjas com belos infláveis. |
A comissão de frente foi comandada por Junior Scapin, coreógrafo que em 2019 estreou arrebatando as arquibancadas da Sapucaí. Os componentes apresentaram coreografias com movimentos bem cênicos e longas que não deixaram um significado evidente como a escola pretendia, ao passar pelo primeiro módulo de jurados o tripé voltou-se a cabine atrapalhando a visão da arquibancada. Pelo segundo ano juntos, Fabrício Pires e Giovanna Justo formaram o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da São Clemente, o casal mostrou evolução, sintonia em relação ao ano passado, porém a coreografia representando o bailado da corte poderia ter sido melhor trabalhada.
O grande destaque da escola foi o excelente e criativo trabalho plástico de Jorge Silveira. O conjunto alegórico, sintetizou de forma clara e coesa o enredo, apostando numa crítica bem-humorada. Como marca autoral do carnavalesco, passaram pela pista fantasias alegres, cartunescas e de fácil leitura. O quarto carro trazia o humorista Marcelo Adnet interpretando o atual presidente em forma de crítica social mais contemporânea e levantou a Sapucaí.
A Fiel Bateria do mestre Caliquinho passou bem mais um ano, em alguns momentos percebeu-se um pouco a falta de sintonia entre os três intérpretes no carro de som. Apesar do desfile marcar um amadurecimento do carnavalesco a escola repetiu os problemas históricos de harmonia e evolução, e mais um ano a escola provavelmente irá disputar espaço no meio da tabela.