Por Redação Carnavalize
Em um enredo totalmente identificado com sua comunidade, o Paraíso do Tuiuti, quarta escola a desfilar, levou para a Avenida o encontro de São Sebastião, padroeiro da cidade e da escola – sincretizado como Oxóssi – e Dom Sebastião, o rei que se encantou no Marrocos e, segundo a lenda, vive no reino submerso dos encantados e circula como um touro negro pela Praia dos Lençóis nas noites de lua cheia. Inflamada pela chegada do elogiado carnavalesco João Vitor Araújo, a agremiação não deixou de relembrar as flechas diariamente lançadas sobre o povo de São Sebastião do Rio de Janeiro.
A comissão de frente fez um bom trabalho ao apresentar a escola: com momentos interessantes, o grupo retratava uma procissão rumo ao morro do Tuiuti, onde o santo encontrava o rei e o desflechava, ponto alto da apresentação. O apuro estético das fantasias e do elemento da comissão poderia ser mais zeloso, apesar da proposta simples.
A escola fez uma bonita abertura, investindo num abre-alas com tom dourado e lindos touros azulejados na parte frontal do carro. O conjunto alegórico se mostrou um tanto irregular, mas merece destaque a beleza da segunda alegoria, que trazia Dom Sebastião flechado na batalha de Alcácer-Quibir, no Marrocos; a iluminação e o efeito de areia no carro despertaram interesse e são dignos de elogios. Os carros subsequentes deixaram a desejar em solução criativa. O tripé que trazia o sebastianismo de Canudos, com Antônio Conselheiro, parecia acanhado em comparação ao restante do desfile. A última alegoria trouxe uma linda imagem de São Sebastião, mas careceu de melhor cuidado com a parte traseira, que trouxe um uso excessivo de plotters. As fantasias formaram um conjunto irregular: as primeiras alas passaram com capricho, mas ao longo do tapete oscilou entre momentos em que se notava figurinos mais enxutos e outros com mistura cromática que não proporcionou um bom efeito visual. O enredo, que contou com o auxílio de João Gustavo Melo, se mostrou bem resolvido e fez boa utilização da mistura entre o santo e o rei. O trabalho de João Vitor, em sua segunda passagem pelo Grupo Especial, merece aplausos.
O abre-alas do Tuiuti. (Foto: Felipe de Souza) |
A bateria do mestre Ricardinho fez uma apresentação correta. A escola demorou a entoar o samba e também enfrentou problemas de harmonia. A evolução contou com pequenos buracos e, no final, houve correria para terminar dentro do tempo regulamentar, repetindo as dificuldades nos dois quesitos em que a escola mais perde pontos.
A alegoria do palácio submerso de Dom Sebastião. (Foto: Felipe de Souza) |
Alternando entre momentos de deslizes e outros que encheram os olhos dos foliões, o Tuiuti deve brigar por uma vaga no meio da tabela.