As pérolas das justificativas do Carnaval 2019

Vocês pediram e ela voltou! Ano passado, as pérolas das justificativas do Grupo Especial do Rio bombaram e o Carnavalize não poderia deixar de fazer essa análise para o marcante carnaval de 2019!
Como sabemos, as orientações dadas ao júri são recheadas de imprecisão, o que gera uma série de controvérsias e polêmicas nos escritos que embasam a retirada de décimos das escolas. Todo ano o peso da bandeira, os critérios mal definidos, aquele soninho que o jurado sente e outros fatores proporcionam indignação, insatisfação, medo e, como não poderia deixar de ser, muita ironia e risadas.
É por isso que nossa equipe, em meio aos 36 mapas divulgados hoje pela Liesa, transporta tudo lido pro campo do humor e, como a Grande Rio, pergunta: quem aí tá podendo julgar? 
Respondam pra gente depois de conferir as pérolas das justificativas de 2019!
Evolução
O primeiro quesito a ser lido na quarta-feira de cinzas foi “Evolução”. E de cara, sobrou até para falta de espaço pra rainha de bateria no Império! O julgador da cabine do setor 6 sentiu falta da evolução de Quitéria Chagas:
No fact-checking do mundo do samba, a avaliação deste mesmo julgador poderia ser considerada IMPRECISA em relação às “algumas alas” e aos “alguns momentos” em que a São Clemente teve problemas de evolução:
Já no módulo seguinte, no setor 8, a jurada fez questão de contar quantas musas desfilaram pela Grande Rio. A profusão de musas na tricolor caxiense encontrou problemas para evoluir devido ao pequeno espaço. 

Harmonia
O feitiço virou contra o feiticeiro no Império Serrano. Na tentativa de ficar no Grupo Especial trazendo o clássico “O que é, o que é”, de Gonzaguinha, a escola foi penalizada nada menos que três vezes por conta do ritmo acelerado que prejudicou seu canto!

A Imperatriz apresentou muitos problemas de evolução na primeira cabine de jurados. Os clarões e buracos foram tão pungentes que acabaram respingando também na harmonia da escola de Ramos: 

Enquanto isso, na última cabine, o julgador deixa uma bela mensagem aos sambistas, mas com palavras tão técnicas que só com um dicionário do lado: 
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Apesar da dança e seu apuro em cada movimento, o casal de mestre-sala e porta-bandeira da Grande Rio foi penalizado pela inversão das cores de suas indumentárias. A descrição diz que um iria de vermelho e outro de verde. Na avenida, viu-se exatamente o contrário! Daltonismo? Jeitinho?

Uma das julgadoras do primeiro módulo e a julgadora do terceiro módulo apontaram isso em seus escritos:

Phelipe e Dandara, casal tarimbado da União da Ilha, perdeu 0,1 décimos por conta de um erro conceitual (e põe conceitual nisso). Ao explicar a fantasia do mestre-sala como a de um “príncipe guerreiro” e colocá-lo de barba grisalha, a mente da primeira jurada do quesito bugou.
Já no segundo módulo, até gostaríamos de entender a justificativa da nota dada ao casal do Salgueiro, mas vai ser meio complicado de ler… Escola Liesa de julgadores que também poderiam ser médicos
Ps.: o mesmo vale para o último julgador de enredo e sua absurdamente itálica caligrafia! 
Alegorias e Adereços

Em um dos módulos do setor 3, as alegorias da campeã do
carnaval foram canetadas porque um homem estava tirando uma soneca deitado
na parte de trás do carro – na qual ficava o seu gerador. Além disso, o julgador
reclamou dos holofotes à frente da alegoria 2, que quase cegavam de tão fortes!

Na Portela, a curiosidade fica por conta da cor da Nossa
Senhora do último carro da agremiação! Black or blue?

Já em um dos módulos do setor 10, o responsável por analisar
as alegorias dos desfiles criticou a analogia das fábulas nilopolitanas repleto
de eufemismo e suavidade. Uma doçura:

O mesmo julgador também diz que os materiais escolhidos pelo
Império, vejam, são uma falta de tributo à vida – enredo da agremiação! Que
pesado, menino!
Comissão de Frente

Assim como o seu trabalho no julgamento, as críticas do primeiro julgador de Comissão de Frente não foram gratuitas! Para ele, porém, a participação de Suzy Brasil – a quem ele não reconheceu… – na comissão da Viradouro foi!

Ainda nesse (inspirado) módulo, a comissão de frente da Ilha saiu do Ceará e parou nas estrelas… Padim Cícero ou Darth Vader, eis a questão e a peleja insulana.
Esse julgador também disse que um componente da apresentação nilopolitana, o rato, perdeu a cabeça. No módulo seguinte, a julgadora apontou que o sapo quem perdeu!  As cabeças caindo foram um efeito em homenagem ao multifuncional coreógrafo/carnavalesco da escola, que viajou na concepção do enredo e das alegorias?

O julgador do módulo que fica no setor 8 deixou uma interessante reflexão sobre o distanciamento entre o público e o entendimento das narrativas de comissão de frente:

Já o julgador do último módulo, insípido, híbrido e conhecido por suas expressões artísticas complexas e seu grande rigor, fez alguns comentários curiosos. No Salgueiro, Xangô dá poucas opções para a concepção da comissão de frente e o responsável por ela precisa de ajuda para sair do terreno movediço dos clichês!

Samba-enredo
Quuuuuuuuueeeeeeeeeeemm queeeeer pão, quem quer pão, quem quer pão? No quesito samba-enredo, o júri não quis saber de pão e canetou o samba da amarelo ouro e azul pavão. Um dos julgadores do início do Sambódromo criticou a “atmosfera de louvor” da música da Tijuca!

Todos os julgadores criticaram a adaptabilidade da canção de Gonzaguinha para ser o samba que embalou o desfile do Império. O julgador do setor 8, no entanto, disse que o que foi tocado era… baião! 
Ele ainda aproveitou e, após elogiar a qualidade dos sambas das agremiações e a Liesa, fez um pedido inusitado: debates sobre o desempenho do júri!
Enredo
Em uma das cabines do setor 3, o julgador campeão da caligrafia deu uma aula de religião na justificativa do Império Serrano!

Ele também desceu a caneta na Grande Rio e disse que alguns termos foram usados de forma equivocada. Ao analisar as notas e o desempenho do enredo da escola, a escolha assertiva desse adjetivo resume bem a interpretação ao tema da tricolor: equivocado. Os julgadores dos dois módulos seguintes também se atentaram que a ciência não impede por si só a má educação e a ignorância bruta.
O único julgador a tirar ponto do enredo da Mangueira embasou seu descarte defendendo o tom excessivamente politizado da verde e rosa para uma manifestação cultural como o carnaval. Qual será o “espírito carnavalesco” ao qual o julgador se refere? O de Kizomba e Ratos e Urubus não foi…

Bateria
Por mais um ano, “Bateria” é o quesito em que os julgadores menos escrevem justificativas – tanto porque possui muitas notas 10 quanto porque possui textos curtos! Mas sempre é possível encontrar uma pérola, como a do primeiro jurado do quesito dizendo que “não tenho nada contra coreografias, tenho até amigos que dançam” em relação ao chocalho da Mocidade. 
Enquanto isso, no módulo do setor 6, o julgador não só deu 11 notas dez dentre as 14 escolas possíveis, como também elogiou as baterias que obtiveram nota máxima. Fofo, né?! Itimalia!

 

No embasamento do júri do setor 8 e do setor 10, temos o retorno de um conhecido. O pudim? Não, o flam! Portela e Vila Isabel foram penalizadas pela imprecisão de suas baterias ao se apresentarem para os jurados.

Fantasias

Depois da verdadeira missa aula sobre pão que a Tijuca deu na Sapucaí, a jurada de fantasias do setor 3 até trocou as bolas e ia pulando as justificativas da escola. Felizmente, deu tempo de sinalizar!

A gente ama muito ler as justificativas, mas quando a pessoa entende e gosta de carnaval a gente ama dobrado. Além de sinalizar problemas de concepção e realização, essa jurada, que assistiu aos desfiles no setor 10, deu aula de História e ainda ganhou nosso coração falando que admira Arlindo Rodrigues e seu legado! <3 

A mesma jurada sinalizou que, ao lembrar o antológico “Ratos e Urubus”, a Beija-Flor não foi tão fidedigna ao trazer a ideia apresentada em 1989 de volta. 

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