Por Redação Carnavalize
Quarta escola a desfilar, a tradicionalíssima Portela era uma das escolas mais aguardadas pela homenagem que rende à uma das lendárias figuras da música brasileira e da própria agremiação: Clara Nunes. O enredo “Na Madureira moderníssima, hei sempre de ouvir cantar uma Sabiá” foi desenvolvido pela professora Rosa Magalhães e fez um passeio pelos carnavais do bairro, como o retratado pela pintora Tarsila de Amaral. Rendeu, também, homenagem à filha de Ogum com Iansã que desencarnou há mais de trinta e cinco anos.
De volta ao carnaval, o premiado Carlinhos de Jesus foi o coreógrafo responsável pela comissão de frente portelense. O grupo ganhou o nome de “Ritual do entardecer”, em que guerreiras Iansã abriam caminhos e saudaram Mariene de Castro. Com bastante dança e elementos ligados à cultura africana, o tripé que representava a orixá se abria pra que Mariene fosse louvada, e a cantora chegou a fazer breve encenação com o casal de mestre-sala e porta-bandeira, com sorrisos e acenos. A surpresa emocionou as arquibancadas e a ressalva que se faz na passagem da comissão fica por conta dos problemas de acabamento do elemento, detalhe que não tirou o brilho da apresentação.
Marlon Lamar e Lucinha nobre foram os defensores do pavilhão portelense e trajaram uma belíssima indumentária branca que foi batizada de “Seres de Luz”. Ela representou a própria Clara, enquanto ele encarnou a majestosa águia da Portela e apresentaram uma coreografia com passos bem marcados, fugindo do estilo tradicional.
O requinte contrastado à simplicidade da terceira alegoria contribuiu para um belo visual. |
As alegorias foram simples, apostaram em pintura de arte e representaram a estética modernista sobretudo. Os destaques ficam por conta das alegorias três e quatro, respectivamente igreja barroca e a representação de “Contos de Areia”. O segundo carro apresentou falhas na pintura e a última alegoria, apesar de ter destoado do restante, não comprometeu o quesito. O conjunto se mostrou regular e coeso. As fantasias foram irregulares e no primeiro setor simplicidade e cor foram as apostas de Rosa, já que retratavam os antigos carnavais. Do meio para o final do desfile, o conjunto de indumentárias teve uma crescente qualitativa, apostando no uso de muitas penas de acetato.
O enredo se mostrou inteligente a partir da vertente da brasilidade que ditou o tom desde o início do desfile, embarcando pela natureza do abre-alas, Tarsila do Amaral passando pelo barroco, pela cultura africana e desembocando na tal brasilidade que se faz presente na Portela.
Contos de Areia era o nome da quarta alegoria. |
A Tabajara do Samba do mestre Nilo Sérgio bateu toques para Iansã e Ogum, os pais de Clara, que foram representados nas fantasias da rainha Bianca e do mestre Nilo, respectivamente. Gilsinho, em um bom desempenho, incendiou a escola que teve uma excelente harmonia. A evolução apresentou problemas com o abre-alas que travou logo na entrada da Avenida e apresentou problemas mais à frente. Noves fora, não houve maiores questões.
Apesar de alguns deslizes estéticos, a Portela confirma o favoritismo e deve brigar pelas primeiras posições.