Por Redação Carnavalize
Segunda escola do último dia de desfiles, a Vila Isabel desceu a serra e o Morro dos Macacos para contar a história de Petrópolis, a cidade imperial. Depois de um ano aquém das expectativas em 2018, a Vila Isabel contratou o carnavalesco Edson Pereira, atual campeão da Série A, para desenvolver o enredo “Em nome do Pai, do Filho e dos Santos, a Vila canta a cidade de Pedro”. Desde o pré-carnaval a escola já mostrou que não viria à Sapucaí para fazer apenas mais uma passagem qualquer: com um dos barracões mais luxuosos e adiantados da Cidade do Samba, a escola deixou claro que a mira era o retorno ao sábado das campeãs, o que não acontece desde o seu último título, conquistado em 2013.
A comissão de frente foi comandada por Patrick Carvalho, coreógrafo premiado pelo Estandarte de Ouro do último carnaval, e trouxe os personagens principais da cidade como guias de um visitante que chegou à cidade e foi assombrado por fantasmas. O tripé que acompanhou o grupo foi muito bem utilizado e a apresentação bem executada, recorrendo a uma dose de bom humor. Truques de mágica também foram um investimento na interação com o público e obteve êxito. O porém fica pelo tempo da apresentação, que era um pouco mais longa que o normal.
Detalhes da lateral do enorme abre-alas da Vila Isabel. |
Pelo terceiro ano juntos, Raphael e Denadir formaram o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Vila Isabel. Eles representaram os espelhos d’água e trajaram uma das indumentárias mais bonitas até aqui. Os dois fizeram uma apresentação segura e os guardiões do casal faziam um belo movimento do balanço das águas petropolitanas.
Esteticamente, a escola chamou atenção pela opulência e grandiosidade de suas alegorias. Com um início suntuoso, o abre-alas trouxe três acoplamentos, o maior até agora, e inteiramente em tom dourado. A estética clássica foi a grande aposta e o conjunto se mostrou regular, com destaque para algumas alegorias que trouxeram cenas funcionais e para o deslumbrante segundo carro, que trazia um índio, esculturas de pedras, muita água e deixou as arquibancadas boquiabertas. O último carro exaltou a negritude da Vila e a ligação nominal com a Princesa Isabel e tinha um belo acabamento, além de ter emocionado pela presença da família da vereadora Marielle Franco, brutalmente assassinada há quase um ano. O conjunto de fantasias foi riquíssimo e investiu no uso de plumas naturais e contou muito bem a narrativa que propunha. O enredo passou pela história de Petrópolis de forma simples e reta, sem grandes ousadias, mas a apresentação não ficou comprometida.
O último carro chamou atenção pela beleza e contou com a presença da família de Marielle Franco. |
Cria da casa mas estreante no cargo, o mestre Macaco Branco comandou os ritmistas da Swingueira de Noel e desempenhou um ótimo trabalho. O samba não rendeu como esperado, apesar de uma boa atuação de Tinga que está de volta à escola do coração, e cumpriu um papel apenas burocrático, cantado pela comunidade sem grandes empolgações.
A evolução foi o ponto negativo; lenta e com buracos, a Vila Isabel estourou em um minuto o tempo máximo de desfile e poderá ser penalizada na quarta de cinzas. Apesar do contratempo, a disputa pelo título não deve ficar comprometida.