SINOPSE | Portela: “De repente de lá pra cá e dirrepente de cá pra lá”

G.R.E.S. Portela – Carnaval 2018
“De repente de lá pra cá e dirrepente de cá pra lá”
Por Rosa Magalhães
II
Minha gente, se prepare
Que essa história vale a pena
Tome assento, se acomode
E vejam que entra em cena
E quem sai, onde se passa
Onde termina, ou começa
De onde vem ou se destina
III
E por mais que cause espanto
Os fatos que ora apresento
Quem achar que isto é mentira
Que vá ao Google e confira
Verifique e ela atento
Pois se ficou no passado
Não foi menos registrado
IV
E assim já lhes adianto
Que tem a ver com exílio
Mudança de domicílio
Com fuga e logo e portanto
Com saudade do lar distante
Vida incerta de imigrante
Mas esperança no horizonte
V
Pra Pernambuco formosa
Rica de açúcar e gente doce
Holandeses cobiçosos
Chegaram como se fosse
Sua própria casa ocupar
Abrindo porta e porteira
Pra quem quisesse trabalhar
VI
De Portugal perseguidos
Judeus lá foram aportar
Fugindo da inquisição
Que lhes proibia praticar
No país sua religião
Deixaram tudo pra trás
Pra poder viver em paz
VII
Anos e anos depois
Portugal reconquistou
A linda terra nordestina
E sem dó logo expulsou
Os judeus de triste sina
Que se dividiram em três
E de lá partiram de vez
VIII
Uns seguiram pra Holanda
Sonhando com o amanhã
Outros foram pro Caribe
Mais perto, tentar a sorte
Outros pra nova Amsterdã
Lá na América do Norte
– E quase encontraram a morte
IX
Esses últimos, coitados
Pelo meio do caminho
Foram cruelmente atacados
´Cê nem imagina por quem:
Um navio de piratas
Do Caribe cobrando prata
E ouro pra tudo acabar bem
X
Muitos anos se passaram
Os ingleses conquistaram
Aquela terra e o povoado
De judeus e brasileiros
Ganhou nome venerando
Famoso no mundo inteiro:
Noviórque, é isso mesmo
XI
Que você tava pensando
E quando, muito mais tarde
A França deu de presente
A Estátua da Liberdade
Em seu pedestal foi gravado
Um poema da descendente
De um daqueles imigrantes
Vindos do Brasil no passado
XII
No poema, tão bonito
É como se a estátua falasse
Com os exilados aflitos
Sofridos, refugiados
E a sua chama os guiasse
Com generosa bondade
Para o belo portão dourado
Da paz e da liberdade

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