Por Redação Carnavalize
Primeira escola a desfilar no segundo dia do Grupo Especial, o Paraíso do Tuiuti passou por uma troca de enredos no hiato entre carnavais. O martelo batido deu origem a “Ka Ri Ba TI Ye – Que nossos caminhos se abram”, em um enredo de valorização à negritude. Em clima de despedida, o carnavalesco da escola, Paulo Barros, assinou com a Unidos de Vila Isabel para 2023 antes mesmo da escola azul e amarela de São Cristóvão passar pela pista.
Estreando pela escola, a coreógrafa Claudia Mota, trouxe a comissão de frente “A criação do homem”, que retratou Oxalá modelando o barro e criando o homem. O ponto alto da performance foi justamente o surgimento de pessoas a partir do barro, em cima de um elemento alegórico gigantesco, que parecia mesmo um carro. Apesar de bem feito, o tripé não dialogava, cromaticamente, com a cabeça da escola. A dança dos integrantes era vigorosa e as vestimentas bonitas. Correta, a comissão tinha muitos momentos, sendo, por isso, relativamente complexa. Por sua vez, o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Raphael Rodrigues e Dandara Ventapane, veio de Zumbi e Dandara dos Palmares, nas cores amarelo e laranja. Juntos pelo primeiro ano, se mostraram sintonizados. A dupla dançou entrosada, com movimentos limpos. Graciosa, Dandara lembrou a dança dos orixás de candomblé.
Detalhes da Comissão de Frente da escola (Foto: Pedro Umberto) |
O enredo teve um desenvolvimento burocrático e genérico. O que se viu foi uma lista de chamada de personalidades negras, com bastante repetição de informações pelo carnavalesco, que tentou legendar demais o desfile. Muitas alas traziam repetições dos homenageados em estandartes e na representação deles no meio da ala. O conjunto de fantasias trouxe materiais que deixaram a desejar e um trabalho cromático pouco elaborado. As alegorias eram bonitas esteticamente, em termos de acabamento e escolha de materiais. Porém, os truques repetidos não ajudaram a contar a história do enredo. Destaque para o último carro, que se afasta da estética usual do carnaval, mas foi bastante belo.
Carros do Tuiuti apostaram nos truques de Paulo Barros (Foto: Pedro Umberto) |
A bateria do renomado Mestre Marcão foi o ponto alto do desfile, abusando das bossas e colocando a escola para cantar. O bom samba-enredo foi defendido com maestria pelo potente carro de som. Com uma das melhores harmonias que passaram pelo Sambódromo, o Tuiuti ostentou um chão poderoso, que deve garantir a permanência da agremiação no Especial sem sustos.
A evolução, entretanto, compromete bastante. Além de abrir alguns buracos, a escola passou muito lenta, em decorrência da extensão da performance da comissão de frente e do efeito do abre-alas. Assim, acabou estourando o tempo em 2 minutos.