Caia no samba: confira os hinos oficiais das escolas do Grupo Especial do RJ para 2017
por Leonardo Antan
Os tamborins já estão devidamente esquentados, faltam pouco mais de 100 dias para as escolas rasgarem o chão da Sapucaí. Para isso, se encerrou a fase do ano carnavalesco mais movimentada e cheia de babados: as disputas de samba. Todas as escolas do especial carioca já definiram os hinos que defenderão em fevereiro e nós, divos que somos, fizemos aquele resumão com os bafos e as escolhas de cada uma. Para contrariar os saudosistas, a safra manteve o alto nível do ano passado e tem obras que valem antologia. A disputa pelo Estandarte prometer ser acirrada. Dê o play e vem cair no samba com a a gente:
Grande Rio
A Grande Rio vem dar um banho de axé, salve toda essa gente de fé
A primeira agremiação a finalizar sua disputa foi a tricolor da Baixada. A obra escolhida conta a história da homenageada Ivete Sangalo com toda a força e axé que a cantora merece. Apesar das torcidas de nariz para o enredo, a baiana gerou um samba animado que promete colocar todo mundo pra pular. Ivete tem cumprido o dever de casa e cantando o samba em todos os seus shows e aparições na mídia, ajudando a deixar a letra na boca do povo. Quando a Grande Rio pisar na avenida promete fazer um verdadeiro arrastão, Ita que se cuide (zoa). Além disso, já foi divulgada uma versão com intérprete Emerson Dias cantando ao lado da homenageada, ouça e venha se jogar atrás do trio.
Paraíso do Tuiuti
É tropicália, olha aí, é Tuiuti, meu paraíso não existe nada igual
Depois da segunda escola de domingo, foi a vez da campeã do acesso de 2016 realizar sua final. A responsável pela abertura da festa tem um dos enredos mais celebrados do ano que abordará o movimento tropicalista. A final com três sambas foi polêmica, o campeão desbancou os dois favoritos, um deles do compositor Cláudio Russo, que tem quatro obras no acesso. A parceria de jovens compositores aborda com leveza o enredo do carnavalesco Jack Vasconcelos.
Vila Isabel
ÔÔ, Kizomba é a Vila, firma o batuque no Som da Cor
Além da azul e amarelo de São Cristóvão, outro favorito também foi desbancado lá pelas terras de Noel. Quando em todos os bolões de aposta davam como certa a vitória da multi-campeão André Diniz, a azul e branco surpreendeu ao escolher a parceira de Arthur das Ferragens como seu hino para 2017. A vitória foi bem vinda para oxigenar a ala da escola, já que a obra é valente como pede o enredo e tem tudo para ser cantada a plenos pulmões pela comunidade.
União da Ilha
É o tempo de fé, união. O tambor da Ilha a ecoar
Com um belíssima safra como a tempo não acontecia, a Ilha teve uma tarefa difícil, já que grande obras chegaram a final. A parceria vencedora soube captar a valentia do enredo afro recheada de palavras na língua banto e nas divindades abordadas, que não são os orixás já que o tema é sobre outra vertente das religiões de matriz africana. Em suma, é a cota afro do ano, do jeito que a gente adora para fazer todo mundo girar no terreiro. Com um tema e samba excelentes, a escola tem tudo para abrir os desfiles de segunda em alto nível.
São Clemente
Que hoje o rei sou, brilhando com a ginga que o samba me deu
Esse foi definitivamente o ano de escolhas surpreendentes por parte de algumas escolas e na São Clemente também foi assim. A escola da zona sul optou por uma obra de Luiz Carlos Máximo e companhia, que fizeram história na Portela com hinos como “Madureira sob o Pelô” e “Mareia, mareiou”. A canção apesar de belíssima tem uma cara portelense, mais clássica, com direito a três refrões, fugindo a personalidade irreverente “clementiana”. Mesmo sem grande torcida na final, a diretoria fez uma aposta na busca de melhorar um dos quesitos que vem tirando a vaga da agremiação entre as seis, justamente o samba-enredo.
Salgueiro
Dessa paixão que encanta o mundo inteiro, só entende quem é Salgueiro
Pelas terras salgueirenses, a disputa só se decidiu no último acorde. Com três sambas de parcerias consagradas com grandes possibilidades de representar a Academia, a decisão foi pelo bicampeonato do grupo liderado por Marcelo Motta. Depois do malandro que fez todo mundo batucar, o hino escolhido não tem a mesma força, mas possuí a cara da escola e a valentia para levá-la a um bom resultado. A letra descreve a passagem do inferno ao céu, com a visão carnavalesca que o enredo abordará, de maneira leve e contagiante.
Portela
Vem conhecer esse amor a levar corações através do carnavais
Polêmica também não faltou pelas terras de Madureira. A final da agremiação ficou marcada pela confusão entre as parcerias finalistas. A lamentável cena de violência, entretanto, não apagou o brilho da samba escolhida que foi abraçada pela comunidade azul e branca. Com uma quantidade de votos muito amor na decisão da diretoria, a parceria de Samir Trindade foi bicampeã. A qualidade da obra é usar o enredo sobre rios para exaltar a própria escola, uma característica forte da Portela ao longo da história. Onde grande bambas surgem como personagens através dos setores.
Tijuca
Com samba no pé nos vamos à luta, tô na boca do boca meu nome é Tijuca
De maneira discreta, o Borel realizou sua final sem alarde com sambas em bom nível. A canção não será um dos grandes destaques do carnaval, mas tem a cara que a escola adquiriu nos últimos anos. Tem uma característica mais “funcional” e, com certeza, será cantada a plenos pulmões pela valentia da comunidade. Com um enredo badalado, o samba segue a cartilha e conta os setores que abordarão a história da música americana sobre o olhar negro.
Mocidade
Vem pra Marrocos meu bem, vem minha Vila Vintém, canta Mocidade
A safra da estrela guia está aí para provar que o carnaval não é para iniciantes. Mesmo com um enredo sem grandes possibilidades criativas, a ala de compositores surpreendeu com sambas-enredos de qualidade. A parceria vencedora apenas confirmou o favoritismo desde que veio a público, abraçada pela comunidade e pela crítica carnavalesca. A obra lindíssima abusa da poesia e promete o antropofágico encontro de Alah e Xangô, numa mistura tipicamente carnavalesca. Outro grande feito é o refrão que rima Sherazade com Mocidade de maneira genial. Um dos hinos do ano.
Mangueira
Nascido e criado pra vencer demanda, batizado no altar do samba
A atual campeã foi mais uma das escolas que teve uma disputa imprevisível até a decisão afinal. Com obras de três conhecidas parcerias, a escolha da verde-e-rosa foi difícil entre sambas que souberam traduzir muito bem a proposta de falar de religiosidade do carnavalesco Leandro Vieira. Mas quem levou a honra de ser cantada pela comunidade, foi o grupo de compositores liderado por Lequinho. Com muita malandragem, a canção tem a força pra encerrar o carnaval com tudo. Quem me chamou…
Imperatriz
O clamor da natureza a nossa voz vai ecoar… Preservar!
Como já é tradição em Ramos, a safra da Imperatriz rendeu alguma das mais belas canções do ano. A final contou com parcerias já consagradas na agremiação. O grande baluarte Zé Katimba e Me Leva são responsáveis por alguns hinos que embalaram a verde e branco nos últimos anos. Entretanto, a vitória ficou com o grupo liderado por Moisés Santiago, que até ano passado assinava com Katimba. A obra, que canta o enredo sobre o Xingu, tem beleza, mantendo a sequência de ótimos sambas da Leopoldina.
Beija-Flor
Uma história de amor, meu amor, é o Carnaval da Beija-Flor
Encerrando em alto nível a fase de disputa de sambas, a soberana de Nilópolis realizou uma disputa histórica. A homenagem ao romance Iracema rendeu canções belíssimas e aos pés da Deusa da Passarela. Com mais uma dessas finais disputadas, nota-se que não foram poucos, ninguém podia afirmar com certeza que era o favorito disparado nas terras da Baixada. Entretanto, a escolha não foi uma surpresa, a inovação de Claudemir e cia ganhou grande torcida virtual e aparentemente, também, a diretoria da azul e branco. Com um refrão pra cima e fora dos padrões, o samba é daqueles que gruda como chiclete e promete se eternizar na memória carnavalesca.
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Uma das etapas do pré-carnaval chegou ao fim. Mas, em contrapartida, deu início ao período em que a ansiedade pela folia só aumenta. Agora é hora de ouvir e reouvir as escolhas feitas pelas agremiações e eleger nosso preferidos. Com uma grande safra, o grupo especial carioca vive um ano inspirado com grandes sambas, sem destaques negativos. Vamos esperar agora a versão oficial com os intérpretes oficiais para começar nossas avaliações precisas. Até lá!
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