Carnavalizadores de primeira: O apito de grandes mestres que marcaram a história

por Leonardo Antan

Não é à toa que a bateria é chamada de coração de uma escola de samba. É lá nos surdos, tamborins, pandeiros, que uma agremiação pulsa na sua máxima potência. Onde 50, 100, 200, rimistas tocam na mesma cadência em muitas batidas por segundo. A frente deles, vai o grande maestro da ópera popular que é o carnaval. Com seu apito, os mestres de bateria comandam o ritmo das escolas dando suas personalidades a cada uma delas. Para homenagear esses grandes músicos, separamos seis grandes nomes do carnaval brasileiro. Venha cair no samba destes mestres em todos os sentidos. 


Mestre André

Um dos maiores nomes do carnaval, Mestre André é uma lenda. O maestro, que na verdade se chamava José, é o inventor das paradinhas e de muitas outra inovações no quesito. Há diferentes versões sobre a primeira vez que uma bateria se calou por alguns instantes num desfile. A mais conhecida é que tudo foi um grande imprevisto, após André levar um susto e cair do chão. De verdade, sabemos que apesar do talento na liderança, ele não era lá um exímio ritmista, contrariando algumas máximas do meio. O melhor instrumento que ele tocava era seu apito. Além da paradinha, inovou ao introduzir o surdo de terceira e ao fundar a primeira bateria mirim do carnaval. Falecido em 1980, seu nome foi eternizado em ‘Salve a Mocidade” na voz da independente Elza Soares. 

Mestre Marçal

Outro mestre fundamental da nossa folia, Marçal além de rei das baterias foi também um grande músico e sambista com carreira na música. Foi instrumentista de importantes nomes da nossa música, como Chico Buarque e Alcione. Além de cantor com oito álbuns no currículo, herdou o talento musical do pai, que também foi sambista pioneiro. Começou a batucar no Recreio de Ramos, passou pela Unidos da Capela e Império Serrano até desembarcar na Portela, por onde ficou por mais de vinte anos e colocou seu nome nas páginas belas da escola.


Mestre Louro

Batizado Lourival, o mestre tem seu DNA vermelho, branco e negro tal qual a Acadêmicos do Salgueiro. Filho de um dos fundadores da escola, Louro é dono de um legado no carnaval carioca. Iniciou na função lá na década de 1970 e permaneceu na alvirrubra até 2003. No quesito premiação, ele foi absoluto, ganhou cinco Estandartes de Ouro sozinho e dois em parceria, nos anos 70. Quando saiu da Academia, ajudou a fundar a diretoria de bateria da Caprichosos de Pilares em 2005 e 2006. Em 2007, passou pela Porto da Pedra quando pisou pela última vez na Sapucaí na função que o eternizou. Em 2009, foi homenageado pelo desfile campeão do Salgueiro. Hoje, três herdeiros seus desfilam nas baterias cariocas, Marcão, do próprio Salgueiro, Thiago Diogo, da Grande Rio, e Lolo, da Imperatriz. 

Mestre Jorjão


Além de André, a Mocidade também revelou outro grande mestre da batucada carnavalesca. Jorjão estreou no apito da estrela em 1989. Cria de Padre Miguel, ele permaneceu seis carnavais na agremiação. Em 1995, teve uma rápida passagem pela Grande Rio até ir de mudança para o outro lado da baía de Guanabara. Se firmando no especial, a Viradouro contou com dois gênios: Joãosinho Trinta e Jorjão, foi com o talento dos dois que deu a escola seu título em 1997. Carnaval que marcou uma das maiores inovações no quesito, a eterna batida em ritmo de funk imortalizada pelos ritmistas comandados por Jorjão. Depois de Niterói, ele deu expediente ainda na Imperatriz e Santa Cruz. Voltando pra Viradouro em 2010.

Mestre Divino

O representante paulista da nossa lista, é considerado por muitos o “Mestre dos Mestres” do samba por lá. A tentação é grande, mas não faremos nenhum trocadilho. Divino iniciou no mundo carnavalesco como ritmista da Nenê de Vila Matilde, lá no fim dos anos 1960. Depois assumiu a bateria da azul e branco por um longo período, saindo em 1982 de maneira nada harmônica. Foi quando fundou sua própria agremiação, a União Imperial, onde desenvolveu vários trabalhos sociais. Passou por várias escolas de samba como Camisa Verde e Branco, Unidos do Peruche, Império de Casa Verde e Unidos de Vila Maria. No século XXI, voltou a comandar a bateria da Nenê em 2009. 

Mestre Odilon

Pra terminar, outro que também deixou seu nome na história foi Mestre Odilon. Conhecido pelo seu rigor, iniciou a carreira na União na Ilha no início dos anos 1990. Depois, passou pela Beija-Flor, onde ficou por três carnavais. Em 1998, desembarcou em Caxias onde se firmou como um dos grandes nomes da folia. Permaneceu na Grande Rio durante mais de dez anos e foi responsável por toda uma formação de músicos na tricolor. Ganhou dois Estandartes de Ouro pela agremiação e hoje é jurado do prêmio promovido pelo jornal O Globo. 

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