Eu ainda não havia participado dessa profecia em forma de coro. Admito. Àquela altura, ainda havia, em meu peito, a esperança da minha escola, também tijucana, bater o Tambor novamente e se sagrar bi-campeã! Mas… Por pouco tempo! A bateria ia indo pro recuo, e começava a entrar aquele elemento alegórico da comissão, a principio, estranho, mas intrigante. Ao fundo, já se via aquele fantástico abre-alas, a Biblioteca de Alexandria em chamas. Estava ali a iminência do momento mais fantástico que presenciaria de um desfile. O que foi aquela comissão de frente? Me lembro até hoje, olhava pra minha vó, olhava pra Marquês, pra minha vó, pra Marquês. “Tá vendo!?”, “É isso mesmo!?”, “Como assim?”. Eles diziam no samba que meu olhar iludiriam e não é que o fizeram? Os integrantes daquela histórica comissão trocavam seus figurino seis, SEIS, S-E-I-S vezes durante a apresentação. A essa hora, o ditado popular ganhava vida e se a voz do povo é a voz de Deus, o Setor 1 acabava de sacramentar, novamente, a escola campeã de 2010.
Se aquela comissão de frente já deixou o Sambódromo pegando fogo, o abre-alas tijucano consolidou o fato, numa alegoria espetacular, o incêndio era retratado de forma incrível, dezenas de turbinas de ventilador e máquinas de fumaças davam um cenário genial. A segunda alegoria não ficava nem um pouco para trás, a alegoria representando os jardins suspensos da Babilônia contava com milhares de mudas de plantas naturais, era linda. Ou melhor, é linda. A terceira alegoria representando os segredos da arqueologia também era bastante interessante. Outro ponto alto – o que já se torna, um tanto quanto, pleonástico ao se falar desse desfile – é o grande Cavalo de Troia. Os grandes heróis “esquiando”, acho que o Homem-Aranha escalava, faz mais sentido. E, é claro, que The King of Pop não ficaria de fora, o misterioso Paulo Barros fez questão de representar seu ídolo, fazendo o Moonwalk ao relembrar da conhecida, todavia misteriosa Área 51 americana.
Admito, não lembrava muito das fantasias em si. A não ser a aquela que, para mim, fora a mais a interessante e criativa, o Triângulo das Bermudas, mas revendo o desfile, percebi muitas outras interessantes demais, como as que representava a Área 51 e o Túmulo da Cleópatra. Já falei, lá acima, sobre a fantasia da rainha de bateria, entretanto, não havia comentado da impactante coreografia da bateria, vestidos de chefões da máfia, fazendo com que se abrisse um espaço para subido do tripé, um carro antigo, dando o realce merecido para que a rainha comandasse sua trupe rítmica. Apesar de não ter comprometido em nada, ao meu gosto, a Pura Cadência comandado pelo Mestre Casagrande passou um pouco acelerado (à época, admito, novamente, não ter me incomodado, não sabia diferenciar surdo de caixa, mas hoje em dia, percebo que passou freneticamente… rs).
Esse texto ficou um pouco extenso, mas não que queira manter isso para os outros, fiz desse jeito para que demonstre bem a maneira que quero seguir com essas. Para meus próximos relatos, gostaria que vocês escolhessem os desfiles, estou na Sapucaí desde 2008. De 2008 à 2016, podem escolher o desfile que queiram desse período. Mandem-nos aqui pelo comentários do site, pelo nosso twitter, pelo meu twitter pessoal, por onde quiserem. Espero que tenham gostado desse novo modelo, talvez tenham percebidos algumas conjugações acerca desse desfile no presente, acredito que desfiles como esses eternizam-se, suspiram e vivem até hoje. Foi segredo… E tornou-se história!
Uma resposta
Mais um textaço. E um desfile surreal. Incrível. Espetacular. Sem mais!
Por favor, nem me ouse escrever sobre o desfile seguinte a esse. O coração do escriba não guenta rs