Porto da Pedra: “Ô abre-alas que as marchinhas vão passar! Porto da Pedra é quem vai ganhar… Seu coração!”

Ó Abre-alas que nós vamos passar…

Porto da Pedra quer ganhar seu coração!

Vamos juntos transformar a Sapucaí num imenso cordão, onde você será o nosso animado folião para sassaricar até esse desfile terminar! Vamos nos afogar em “confetis” e serpentinas quando a sirene tocar. Entre Pierrôs e Colombinas, vamos cantarolar as Marchinhas e declamar lindos versos de amor.

Hoje não tem tristeza, hoje tem romance e folia. Nada de levar a vida no arame. Hoje sou o seu amor e vou fazer tudo pra você gostar de mim, linda mascarada. Quem quiser ser feliz neste dia não deve se preocupar com coisa alguma, pois vou trazer uma tesourinha que tudo corta, até essas línguas afiadas!

Nesse desfile, desejamos que você se identifique com antigos personagens, permitindo viver esse sonho… Abram suas asas ioiô e iaiá e saiam por aí a dançar. Seja o Pirata da Perna de Pau ou a Nega Maluca, seja o que quiser e sonhar. Aqui tem foliões das ruas e dos salões. Somos tudo e nada, no meio da multidão, embriagados com o olhar escondido atrás dessa máscara negra, linda Morena! Ah mamãe… Mamãe, eu quero te beijar!!! Por favor, não nos leve a mal, pois hoje vamos festejar as Marchinhas de Carnaval.

Segundo Setor

Na levada de um deboche tipicamente carioca, as Marchinhas brincam com tipos e costumes de época. Nada escapou dessa paródia sutil, maliciosa e crítica, não é mesmo, seu Condutor? Pare o bonde para descer o meu amor! Mas por favor, vai com jeito, porque a Maria é escandalosa. Afinal, o que elas querem é casar e tiram a sorte até no periquitinho verde. Não importa o tipo de homem, mas dizem que é dos carecas que elas gostam mais. Sejam louras, morenas ou mulatas, podem dançar o samba ou o iê iê iê. O que não pode é chegar depois do sol raiar, pois elas botam outro no lugar.

E lá se vai o animado rapaz para o Baile do Teatro, não é mesmo Zezé? Ele diz que é Salomé, será que é? Vai ver que é! O melhor é fazer a campanha: Corta o cabelo dele! Corta o cabelo dele! Nessa onda bem humorada, nem a Maria escapou, pois dizem que a noite ela é João, será que é? Vai ver que é! E o Vovô? Comentam as más línguas que sua pipa não sobe mais! Será que é? Vai ver que é! Cansado de tanto disse me disse, “vou dar um migué” e procurar Mimi, mas estão falando que fugiu para Xangai, será? Ah, nenhum tipo escapou dessas Marchinhas com deboche e bom humor.

Terceiro Setor

Nessa terra onde a política e os políticos vivem todo o tempo a fazer galhofadas, o tema social serve de farta inspiração e motivo para animar os foliões. Transformar tragédia em piada é o lema, pois, se o Brasil fazia vista grossa aos problemas, as marchinhas não! No país descoberto por Seu Cabral, os desmandos da política viram carnaval!

Fantasiados de índio avisam: queremos apitos, e, se não der, o pau vai comer! Você conhece o pedreiro Waldemar que não tem casa para morar, que pega o trem da circular com almoço, mas sem jantar? Ele queria mesmo é ser caracol para andar com sua casa nas costas, e solucionar a falta de moradia. Mas e a falta d’água? No seu barraco não tem água nem para se lavar e cozinhar, então reza para que chova três dias sem parar. O brasileiro com seu jeitinho soluciona qualquer crise, pois, se ela vier: Bananas para quem quiser. Sim, nós temos bananas para dar e vender! Só não temos segurança, pois no meio do salão roubaram até a mulher do Rui! Ui, Ui, Ui…

Nessa galhofa nacional, o negócio é pedir um agrado. Ei você aí, me dá um dinheiro aí? Mas se o Japonês da Federal aparecer na sua porta é bom correr, Malandro, porque se deu mal! Como o cordão dos puxa-sacos nesse país cada vez aumenta mais, o jeito mesmo é botar o retrato do velho de volta, de preferência no mesmo lugar. Os anos passam e o brasileiro continua sem saber votar! O melhor a fazer é cantar Marchinhas!

Quarto Setor

Nesse clima alegre de carnaval e inspirados na folia, avisamos que deu a louca nas Marchinhas. A ordem do rei é beber até cair, com um saca-rolha na mão e a cachaça na outra. E eis que surge a Turma do Funil, que não dorme no ponto e que vai te levar nessa viagem etílica para as touradas de Madri, para pegar o touro a unha, caramba, caracoles! Isto é conversa mole e para o deserto vou fugir, cantando Allah-la- ô! Logo um grita: bota a camisinha meu amor, mas não roube minha cueca pra fazer pano de prato!

A viagem continua e deslumbra-se um lindo cenário! Ouve-se ao longe uma harmoniosa sinfonia de cantos… São as Cantoras do Rádio, lembrando que estão voltando as flores, animando a bela Jardineira que mandou o seguinte recado: Não me leve a mal, hoje é carnaval na Cidade Maravilhosa! Quanto riso, quanta alegria no berço do samba e das lindas Marchinhas. Hoje é dia de cantar alegremente as canções que vivem na alma da gente. Nesse desfile de sonho e de luz. Que Deus nos cubra de felicidades e nos permita a chance de tocar o coração de todos, nessa saudade envolvente proporcionada por esta singela homenagem.

Nós, da Porto da Pedra do município de São Gonçalo, homenageamos a todos os compositores que nos presentearam com essas incríveis canções, que a cada carnaval, permitem aos foliões liberar até as Cinzas, a alegria, a energia, a irreverência e, assim, exorcizar as mazelas de um ano inteiro pelas ruas e salões! O Tigre saúda “O Rio de Janeiro, inventor das Marchinhas”. Emocionado, convida a todos, num só canto, a celebrar: “Bandeira Branca amor… eu peço Paz”!

“Ó Abre-alas que as Marchinhas vão passar!
Porto da Pedra é quem vai ganhar… seu coração!”

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