No último sábado (31/07), a equipe do Carnavalize marcou presença no 2º Encontro dos Deparamentos Culturais de Escolas de Samba, organizada pelo departamento da Vila Isabel. O evento reuniu pesquisadores e membros de diversas escolas de todos os grupos, do especial a Intendente. Na oportunidade, aproveitamos a presença do muso comentarista Fábio Fabato e arrancamos algumas opiniões sobre o que as escolas estão preparando para 2017.
Fábio Fabato: Não sei se temos um esgotamento, mas temos o espelhar de um modelo de crise econômica e partir dela não se tem mais prefeitos esbanjadores ou empresas que queiram vender produtos. Os produtos não estão sendo vendidos nem na prática, imagina num enredo. Então, é um momento de repensar seus valores. Eu vejo que nos próximos carnavais, de 2017 até 2018, é o momento do divã, de repensar. Como os enredos autorais tem feito muito sucesso, que nem o caso da Maria Bethânia que ganhou, creio que esse exemplo possa contaminar e criar um tipo de cultura nova que vença essa coisa da publicidade de massa.
Quais enredos você destaca?
“Vai ser uma ligação mais aparente, metafórica, no enredo da Rosa.”?!
Fábio Fabato: É, metafórica, mas não tem uma ligação como o Catarina de Médici (Imperatriz 94) e o jegue (Imperatriz 95), mas é um belo enredo autoral. Os meus destaques são esses três, mas eu adoro Iracema da Beija-Flor. Um enredo bacana, um livro fundamental e uma homenagem ao povo cearense. O da Imperatriz é um grande enredo também… Já a Vila Isabel tem o título mais bonito com “O som da cor”, um título lindo, romântico, afetivo. Então você nota que as propostas são muito boas, a exceção da Mocidade que tem um enredo que eu não curto em teoria e a sinopse eu não gosto. E o da Grande Rio, apesar de eu adorar a Ivete Sangalo, não acho que ela já tenha força para ser enredo de escola de samba.
Já que você citou a Mocidade, fala pra gente um pouquinho mais do Manifesto Autofágico, lançado por você e outros torcedores da escola de Padre Miguel. O que vocês querem mexer com ele?
Você é o criador da Família do Samba, com livros sobre as matriarcas, primas, titias… Mas pra você, quais as sogras da folia? As grandes inimigas?
Fábio Fabato: Que pergunta maluca… (risos) A grande inimiga das escolas é a própria lógica ainda amadora da festa. A grande sogra da festa é a própria festa, que se chama de maior espetáculo da Terra mas ainda tem várias coisas ainda mal negociadas, como por exemplo o entorno do Sambódromo ou algumas cifras que não são bem esclarecidas, ou até a própria lógica de gestão administrativa que ainda é amadora. A principal sogra de uma escola de samba é ela mesma, ela se ajuda e se atrapalha.
Qual a expectativa pra 2017? Um carnaval tão bom quanto o desse ano? Os dias de desfiles estão mais bem equilibrados?
Fábio Fabato: Espero um desfilaço. Em 2016, nós tivemos o céu e o inferno. O foi domingo horroroso e a segunda a meu ver, foi a melhor do século, a Mangueira me emocionou muito. Acho que pro ano que vem as coisas estão mais equilibradas. Então eu queria que fosse igual este ano. Vamos ter escolas grandes fechando, a expectativa é ficar atento até o finalzinho. Prevejo muita disputa, uma Beija-Flor e Mangueira que fecham cada dia é sinal que a coisa pode ir muito bem. Tomara que o espírito da segunda feira de carnaval de 2016 inspire o ano que vem.
Esperamos que tenham curtido a entrevista e fiquem ligados que em breve virão outras com personalidades do samba. Saravá