As pérolas das justificativas do Carnaval 2018

Por Redação Carnavalize
Depois da apuração dos desfiles das escolas de samba, a abertura das justificativas é o momento mais esperado – ou não – do pós-carnaval. Resolvemos listar as passagens mais, digamos, interessantes, engraçadas e curiosas daquilo que os julgadores rabiscaram escreveram para justificar as suas notas. Confira:
Em comissão de frente, a Unidos da Tijuca foi descontada pelo primeiro e terceiro julgador por conta da sujeira das roupas! Segundo as justificativas, as túnicas laranjas aparentavam “manchas” e “estavam visivelmente sujas”. Faltou Omo?

O julgador do módulo do três também é bastante conhecido pela sua requintada riqueza vocabular, bem alegórica e carnavalesca. Nos escritos sobre a Vila Isabel, por exemplo, “fica tudo meio”… Vale a leitura com o dicionário na mão!

Mas não é só de palavras bonitas que o módulo 3 de comissão de frente vive. Para o Salgueiro, o julgador disse que alguém entrou em um “campo movediço”! Tomara que consigam escapar!

A reflexão e as ciências sociais, aliás, estão presentes em grande parte do julgamento. No mesmo quesito, o julgador do módulo 2, ao canetar a Portela, difere emoção e exagero com filosofia pura!
Em bateria, um dos quesitos com maior índice de notas 10 e com mais justificativas pequenas, o júri gosta de descontar a falta de criatividade entre os mestres – como na bateria da Mangueira, para o módulo 2. Será que o julgador, que escreveu 13 linhas em todo mapa de justificativas, também poderia ter desenvolvido mais a criatividade?
No módulo 1 do quesito, um importante alerta foi feito nas Observações! Não é de hoje que a Sapucaí sofre com problemas no seu som, mas não é sempre que o júri reclama disso. Aqui, foi alertado um delay durante a passagem da Grande Rio (só?):
Foi o desfile da Ilha que exaltou a culinária, mas foi a bateria furiosa, do Salgueiro, penalizada por conta de um… flan! Olhem só a justificativa do julgador do módulo 3, alertando para esse desencontro rítmico gastronômico:
Já no módulo 4, outra denúncia! Na justificativa dada para o 9,9 à Mocidade, o julgador relatou que o mestre Dudu foi impedido de apresentar a bateria para o camarote do júri! A precaução para não estourar o tempo por parte da diretoria da escola acabou impedindo a Não Existe Mais Quente de fazer 40 pontos. Pena!
Em samba-enredo, poucos trechos significativos apareceram. Os julgadores estavam contidos e descontaram poucas coisas. Chamamos atenção para a ausência de criatividade e coerência nas letras. Vale destacar, no entanto, a justificativa dada para a São Clemente no módulo 1. O julgador criticou o uso do artigo “a” antes da palavra “atitude”, e até sugeriu uma mudança na letra da escola! Se sobrou palavra no samba da São Clemente, sobrou também atitude do próprio júri!
No quesito enredo, algumas pérolas foram menos engraçadas. A justificativa mais repetida do ano foi a dada ao Império Serrano. A escola perdeu ponto por citar a grande Muralha da China como uma das maravilhas do mundo antigo, sendo que ela foi eleita ao posto na era moderna. Faltou Google nas terras de Madureira.

O controverso enredo da Beija-Flor dividiu opiniões não só entre os sambistas, já que teve jurado chamando a proposta de “contundente e bastante oportuno”. E com grande apuro estético… Isso sem contar jurado apontando milhares de erros, mas tirando um décimo só! Se a bandeira não pesa…
O jurado do módulo 2 do quesito rendeu outros dois momentos. Ele ficou confuso quanto a proposta do enredo da Mangueira e resolveu explicar sua dúvida, tirando um décimo da escola verde e rosa.
 

Já quando chegou a vez das observações do Salgueiro, ele mandou um verdadeiro “militei” quando destacou a presença masculina massiva num enredo que pretendia exaltar as mulheres… Lacrou!
 
Em alegorias, os maiores absurdos ficaram pelos jurados julgando enredo e tirando ponto da sexta alegoria da Grande Rio, que não entrou na avenida. Faltou prestarem atenção no próprio manual do jurado.
No módulo 2, o avaliador destacou que a coroa da majestade não girou no bicentenário do Museu nacional, como prometia. Certíssimo!
 
Um dos últimos quesitos da apuração, que levou os espectadores ao máximo de nervosismo, fantasias foi o que menos apresentou pérolas em suas justificativas. Fora alguns dez para a Beija-Flor no quesito, né? Mas tiveram momentos fofos, como a julgadora do módulo 3 parabenizando os ateliês e os profissionais das escolas. Afinal, viva o carnaval e seus profissionais sempre!
Nos quesitos de chão, é importante ficar de olho no relógio para não salgueirar. O querido julgador do módulo 1 de evolução notou um problema importante em um dos “tracinhos”, como ele chama, do relógio digital da Sapucaí. Não passou despercebido, obrigado pelos mimos!
Já no terceiro módulo de julgamento, as invencionices de Paulo Barros não passaram em branco: o excesso de elementos nas fantasias fez com que quem estivesse julgando o andamento da escola retirasse um décimo do bairro de Noel. 
E teve gente trocando as bolas no quesito harmonia. O jurado do módulo 2 penalizou a Grande Rio em um décimo pela falta da sexta alegoria. Repetindo: jurado de harmonia!
Além disso, não menos importante, nosso amigo julgador do módulo 4 parabenizou a galera do camarote por conta do volume equilibrado no som. Lindíssimo, falou tudo! 
Para fechar a brincadeira, mestre-sala e porta-bandeira não nos trouxeram tantos motivos para riso, entretanto, é bom que os dançarinos abram o olho. A julgadora do último módulo deu um puxão de orelha nos mestre-salas. O motivo? Excesso de agitação na dança. Ela deixou bem explícito: “Agilidade sim. agitação não“. 

Embora a risada ainda seja garantida no momento de ler as justificativas, nós ficamos felizes em não ver tantos absurdos nas linhas divulgadas pela Liesa. Torcemos para que o julgamento do carnaval seja cada vez mais aperfeiçoado, nos fazendo rir e chorar só de emoção, e não de nervoso!

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2 respostas

  1. Antigamente, dizia-se que os jurados enchiam os cornos de whisky e davam qualquer nota para as escolas. Depois que passei a acompanhar as justificativas que eles dão me convenci que isso pode ser verdade…��

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