#BOLOEGUARANÁ: Com seu amarelo-ouro e azul-pavão cada vez mais vivos, Unidos da Tijuca completa 89 anos

 

por Bernardo Pilotto

Nos anos 1930, os diversos morros da Tijuca já eram habitados há alguns anos e em vários deles as manifestações carnavalescas se faziam presentes. Em 31 de dezembro de 1931, integrantes de 4 blocos da região decidiram se juntar para fundar a primeira escola de samba daquela área e assim nasceu a Unidos da Tijuca, sediada no Morro do Borel. 
A nova escola já nasceu grande e foi a campeã do carnaval em 1936, com o enredo “Sonhos Delirantes”. Eram tempos ainda de consolidação dos desfiles, que tinham aspectos muito diferentes dos de hoje. A Unidos da Tijuca teve, inclusive, papel importante nesse processo, visto que é atribuída a ela o uso de alegorias que se relacionassem com o enredo proposto. Após esse carnaval, seu melhor resultado se deu em 1948, quando foi vice do Império Serrano.
Dentre esse período, a escola se manteve desfilando em alto nível e entre as grandes escolas até 1959, quando foi rebaixada. Coincidentemente (ou não), esse é ano que o Acadêmicos do Salgueiro, escola de um morro vizinho ao Borel, começa a ganhar destaque fortíssimo no carnaval carioca. 
Comemoração do vice-campeonato da Tijuca em 1948. Foto: Jornal do Brasil/Reprodução: Leonardo Bruno.

O rebaixamento em 1959 teve grande impacto na Tijuca, que ficou no segundo grupo até 1980, quando conseguiu o acesso ao ser campeã do grupo precedente. Era um momento de “mudança de ares”, tanto no Brasil quanto na agremiação. A partir daí, a escola passa a ter enredos que dialogavam com o momento de luta por abertura política que nosso país vivia, passando a chamar atenção, mesmo sem ficar nas primeiras colocações. 
São desse período, por exemplo, os enredos “Macobeba – O que dá pra rir, dá pra chorar” (1981), “Lima Barreto, mulato pobre, mas livre” (1982) e “Templo do Absurdo – Bar Brasil” (1988). 
O pavão foi conquistando colocações intermediárias durante os desfiles seguintes, até que em 1998 foi novamente rebaixada. Mas, diferente do ocorrido em 1959, logo se recuperou, com um grandioso desfile e um ótimo samba (“O Dono da Terra”) em 1999. Ao só receber notas 10 dos jurados, a Unidos da Tijuca voltou com tudo para o Grupo Especial. 
Nos anos 2000, a agremiação tijucana voltou a disputar as primeiras colocações. Foi vice-campeã em 2004 e 2005, quando o carnavalesco Paulo Barros apresentou ao mundo as suas “alegorias humanas”, que logo se tornaram um dos temas de debate dos apaixonados pela festa na época. A Unidos da Tijuca passou a sempre constar entre as favoritas dos desfiles e o título veio finalmente em 2010, repetindo-se em 2012 e 2014. Em 2016 a escola ainda foi novamente vice-campeã. 
Nesses últimos anos, a agremiação vem passando por um processo de reorganização, fruto também do acidente com um carro alegórico no caótico carnaval de 2017. Em 2020, com “Onde Moram Os Sonhos”, teve um dos melhores sambas-enredo do ano, embora não tenha feito uma grande apresentação. Para o próximo carnaval, a Unidos da Tijuca apostou no carnavalesco Jack Vasconcelos e apresentará um enredo sobre o guaraná.

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