Abalando as previsões, o domingo de carnaval mostrou porque certezas inabaláveis não formam essa festa e a magia se faz quando o portão abre. Com sete escolas, a primeira noite jogou para longe o assunto crise, contando com grandes apresentações das agremiações. O destaque negativo ficou para o péssimo som da Avenida, o que nunca foi bom se mostrou ainda pior prejudicando muito o aproveitamento de alguns sambas, como Mangueira e Mocidade, que tiveram seus intérpretes principais ofuscados por problemas de mixagem do áudio.
Abrindo a noite, o Império Serrano matou a saudade do Grupo Especial em apresentação competente e com problemas de evolução, complicando a missão de escapar do rebaixamento. Na sequência, a São Clemente repetiu erros conhecidos de anos anteriores, o carnavalesco Jorge Silveira vestiu bem a preto e amarelo, num lindo conjunto estético, mas a agremiação repetiu problemas de evolução e harmonia semelhantes aos seus últimos desfiles.
A Grande Rio foi um destaque negativo da noite, não por seu grandioso desfile, muito bem assinado e desenvolvido pelo casal Renato e Márcia Lage, mas pelos problemas mecânicos das alegorias da escola de Caxias. Com evolução prejudicada, a tricolor estourou cinco minutos no tempo máximo e o último carro não entrou na avenida, marcando um cortejo complicado da agremiação.
Nas boas apresentações da noite, Vila Isabel e Mocidade fizeram desfiles parecidos, já que ambas tiveram erros e acertos. A azul e branco de Noel incorporou o futurismo espetacular de Paulo Barros, numa apresentação regular, que a credencia pela briga das campeãs. Mesma missão da Mocidade que cantou a índia, com uma harmonia aguerrida de Padre Miguel, mas que pecou em quesitos plásticos.
A grande surpresa da noite foi a Paraíso da Tuiuti, a escola que prometia brigar para não cair, saiu da avenida com credenciais de voltar nas campeãs num julgamento justo. A Comissão de Frente abriu os caminhos na apresentação mais emocionante da noite, a plástica competente de Jack Vasconcelos deu seu recado social com forte comunicação com o público, que respondeu bem. Enquanto seu belo samba, funcionou corretamente.
Na melhor apresentação da noite, a Mangueira confirmou as expectativas de mais um grande trabalho do consagrado carnavalesco Leandro Vieira, o artista investiu numa estética nostálgica que se destacou na parte final da apresentação. O excelente conjunto de fantasias e alegorias mandou seu recado, numa crítica ácida ao prefeito do Rio de Janeiro. A verde e rosa se credenciou ao título, mas não fechou completamente a disputa.
E assim, sete escolas brincaram na avenida marcando a força das escolas e consolidado um carnaval marcado por desfiles críticos em estado de graça.
Saiba todos os detalhes de cada escola nas crônicas por desfile: