Por Redação Carnavalize
Magias e mistérios no ar da Cidade do Samba moldaram o pré-carnaval da Viradouro, escola recém-chegada da Série A depois de ter feito um bate-volta no grupo principal em 2015. A expectativa alta e as suposições do que aconteceria foram o recheio do bolo de favoritismo desde que as primeiras notícias do barracão começaram a circular entre corredores e redes sociais. Um dos motivos, inquestionavelmente, foi a chegada do badalado carnavalesco Paulo Barros, que já assinou desfiles pela escola na década passada, e também de outra figurinha conhecida pelas bandas de Niterói: o mestre Ciça. Com o enredo “Viraviradouro”, a escola foi a segunda a desfilar no primeiro dia do Grupo Especial e fez uma viagem por contos de fadas, terror e pelo reino da ilusão e fantasia.
O abre-alas da escola trouxe a estante de livros encantados. |
Outro estreante da agremiação foi Alex Neoral, o coreógrafo responsável pela comissão de frente que apresentou a descoberta do livro encantado, aberto por uma criança. O grupo foi muito bem coreografado e apostou em truques com trocas de roupas e uma proposta que apresentou bem a escola. A execução seria perfeita se não houvesse a queda do chapéu da bruxa, mas o bailarino segurou as pontas diante do contratempo e reverteu a situação sem grandes alardes. Contou ainda com um tripé que servia de base para o contingente do corpo de baile, que tinha três grupos diferentes de integrantes.
Rute Alves e Julinho Nascimento estão juntos há 12 carnavais e pelo segundo ano consecutivo formam o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Unidos do Viradouro. A apresentação, no entanto, foi irregular e apesar da experiência de Julinho, houve deslizes na execução de alguns passos; Rute, por sua vez, estava segura.
Apesar do problema hidráulico, o carro da Viradouro que encenou A Bela e a Fera arrancou suspiros das arquibancadas. |
Ao estilo já conhecido, Paulo Barros investiu em truques, desta vez menos exagerados e pirotécnicos comparado aos anos anteriores, e apresentou um ótimo conjunto alegórico, muito bem acabado e concebido. A terceira alegoria, que trazia A Bela e a Fera, apresentou problemas hidráulicos em uma plataforma que deveria subir e passou apagado pelo primeiro módulo de jurados, mas encantou pela beleza e pela dança dos componentes, apesar do truque não ter funcionado. O ponto alto foi o motoqueiro fantasma da quinta alegoria, que subia e descia de uma grande rampa que ia do chão até o centro da alegoria e fez o público vibrar nas arquibancadas; inicialmente, o personagem também cuspia fogo, mas o efeito não se repetiu ao longo da passagem pela Avenida. As fantasias formaram um ótimo conjunto que imprimiu fácil leitura.
O enredo também se mostrou claro em concepção ao tentar amarrar uma narrativa lúdica que remetesse aos contos de fadas e ao universo imaginário e fantasioso. A costura de um fio condutor, no entanto, não foi tão exitosa e acabou se tornando um dos pontos fracos do desfile da alvirrubra.
A Furacão Vermelho do mestre Ciça fez uma apresentação empolgante com um elemento visual que estava nas mãos do mestre e soltava fogo quando os ritmistas se abaixavam para que a ala de tamborins pudesse executar a bossa para os jurados. O samba foi bem conduzido pelo intérprete Zé Paulo e apesar de não ter um claro momento de explosão, empolgou a comunidade niteroiense que se mostrou muito aguerrida e cantou com muita força e alegria o hino escolhido pela escola. Sem problemas de evolução, a escola não teve sustos e cravou o fim do desfile exatamente no tempo determinado pelo regulamento.
Confirmando o favoritismo do pré-carnaval, a escola recém-chegada da Série A mostra credenciais para o sábado das campeãs e afasta qualquer chance de rebaixamento.