Por Redação Carnavalize
Protagonista dos últimos dois carnavais, a Cubango não conquistou o título dos anos anteriores mas desfilou verdadeiras obras de arte na Sapucaí sob o comando de Gabriel Haddad e Leonardo Bora. Contando com a chegada de outra dupla, formada por Raphael Torres e Alexandre Rangel, a escola desfilou o enredo “A voz da liberdade”, uma homenagem ao patrono da abolição, Luís Gama.
A comissão de frente contou com a assinatura do consagrado coreógrafo Patrick Carvalho, muito bem ensaiada, contando com um efeito semelhante ao apresentado em 2018, no Paraíso do Tuiuti, que comoveu a todos. A aposta foi em imagens de dor dos escravizados, quando Luis Gama chegava como personificação da voz da liberdade. Diego Falcão e Patrícia Cunha formaram o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da agremiação. A apresentação do casal foi excelente e mostrou uma bela coreografia ensaiada por Viviane Martins. Os dois faziam gestos aguerridos que estavam perfeitamente em sintonia com os versos cantados na letra do samba.
A escola enfrentou diversos problemas de evolução, uma vez que já em frente à primeira cabine de jurados o abre-alas desacoplou, o que gerou um grande buraco na pista. Com o maior contingente da noite, a escola ficou parada por um bom tempo e o imprevisto só foi resolvido quando o abre-alas chegou no setor 10. A segunda alegoria também teve problemas de acabamento, já que uma das esculturas de cavalos teve sua pata de isopor quebrada; na tentativa de consertar, a equipe de apoio da escola passou segurando a parte desprendida. Esse contratempo também ocasionou a abertura de um novo buraco no corpo da escola.
O segundo carro da escola apresentou problemas na escultura. (Foto: Vitor Melo) |
Apesar dos problemas, o conjunto de alegorias era criativo e apresentou soluções estéticas muito interessantes em diversos momentos. O enredo foi bem desenvolvido ao contar sobre a relação de Luis Gama com a escravidão. As fantasias formaram um conjunto muito bem acabado. Utilizando cores puras, o visual propiciou uma boa leitura com estética africana que fugiu ao tradicional.
A escola impressionou pela bela estética, mas se viu preocupada com os problemas de evolução. (Foto: Vitor Melo) |
A bateria de mestre Demetrius mostrou-se acelerada, atrapalhando, assim, a qualidade do ótimo samba da escola. A harmonia foi apenas correta.
Apesar de ser inegável o bom trabalho da dupla de carnavalescos, a escola deve se ver prejudicada por uma briga pelo título em razão dos problemas enfrentados nos quesitos de pista.