Por Redação Carnavalize
Primeira escola a desfilar oficialmente na Marquês de Sapucaí depois de dois anos, a Em Cima da Hora retornou à segunda divisão da folia carioca, vaga que desocupou em 2015, ano de seu descenso. Certeira na escolha de um tema que ela mesma apresentou anteriormente, em 1984, a escola de Cavalcanti optou por atualizar as cenas de uma viagem de trem de Japeri até a Central do Brasil, com o enredo “33 – Destino D. Pedro II”, desenvolvido pelo carnavalesco Marco Antônio Falleiros, recém-chegado à agremiação.
Na abertura do desfile, o grupo da comissão de frente, comandada pelo estreante Carlos Fontinelle, trouxe personagens típicos das estações de trem, citados pelo samba-enredo, representando a diversidade de tipos sociais que por ali transitam. Sem grandes surpresas, a apresentação da comissão se destacou pela irreverência, pela leveza e pela correção. Na sequência, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, formado por Jack Gomes e Johny Matos, optou por uma dança mais segura. No geral, não tiveram problemas com relação aos movimentos, exceto por algum desencontro ou outro entre os dois. Ainda cabe ressaltar que o espaço da pista foi pouco explorado na coreografia. Em síntese, o casal passou bem vestido e sem contratempos, apostando na simplicidade.
Apresentação do casal da Em Cima da Hora (Foto: Thomas Reis) |
O conjunto alegórico apresentado pela agremiação foi bastante regular, sendo que o último carro teve um acabamento um pouco destoante, inferior aos demais. Com relação às fantasias, o carnavalesco escolheu privilegiar as cores da escola, azul e branco, na primeira parte do cortejo. A Em Cima da Hora passou bastante digna, apesar de simples.
Abre-alas da escola apresentou dificuldades para andar (Foto: Vítor Melo) |
O grande trunfo parece ter sido colocar novamente nas línguas dos foliões uma faixa clássica do gênero samba-enredo, imortalizado em grandes gravações musicais, a exemplo de Dudu Nobre e Jovelina Pérola Negra. A premiada obra ganhou a voz de Ciganerey e demonstrou um rendimento satisfatório. Destaque para a excelente bateria de Mestre Wando, que não economizou nas paradinhas e sacudiu o público.
A evolução foi o ponto fraco, sendo que o primeiro carro apresentou dificuldades para percorrer a pista, abrindo um buraco considerável diante da segunda cabine de jurados. Já a harmonia não sofreu grandes deslizes, se mostrando bastante regular. A escola estava animada.
Com uma apresentação digna e honesta, porém simples, a Em Cima da Hora não deve disputar o rebaixamento.