Por Redação Carnavalize
Depois de ver o título de 2020 escapar pelas mãos no momento do desempate, a Grande Rio direcionou toda a vontade de vencer para construir o enredo “Fala, Majeté! As sete chaves de Exu”, que versa sobre a influência de Exu no cotidiano, se manifestando nas mais variadas formas, lugares e situações, desmistificando a demonização que o racismo religioso atribuiu ao orixá. Estamira, catadora de lixo do Jardim Gramacho, que dizia se comunicar diretamente com Exu, faz a ligação entre a escola e o orixá.
A comissão de frente do casal Beth e Helio Bejani, intitulada “Câmbio, Exu!”, encantou ao tratar justamente da relação entre Estamira e Exu. O orixá foi o personagem central da performance, que, em determinado momento, é erguido em um globo, levantado pela mão de Estamira. O elemento alegórico fez referência ao Jardim Gramacho e trouxe componentes em deslocamentos pendulares, retratando o movimento enquanto preceito de Exu. No geral, a comissão impressionou pelo vigor da dança dos integrantes, pela encenação e gestual perfeitos e pelo capricho do tripé e dos figurinos. Por sua vez, o primeiro casal, formado por Daniel Werneck e Taciana Couto, se exibiu com segurança e sintonia, explorando o espaço cênico.
Detalhes da Comissão de Frente da escola (Foto: Pedro Umberto) |
Multifacetado, como pede Exu, o enredo de Leonardo Bora e Gabriel Haddad é desenvolvido com maestria. O orixá abriu os caminhos para um competente passeio pela cultura afro-brasileira. Impactante desde a volumosa abertura, o conjunto visual se destacou pela concepção arrojada, pela exploração das formas e das cores, pela proposta ousada e muito bem executada. As alegorias e os figurinos não ficaram devendo em nada, com todos os elementos trabalhados com excelência. Cabe ressaltar que a terceira alegoria passou apagada no segundo módulo, mas, felizmente, acendeu na sequência.
As alegorias da Grande Rio se destacaram pelo primor estético (Foto: Leonardo Antan) |
O ritmistas de Mestre Fafá fizeram uma excelente passagem, sustentando o elogiado samba-enredo e garantindo um chão avassalador. A escola teve forte comunicação com a arquibancada, que comprou e cantou o samba. Apesar da evolução lenta em alguns momentos, a agremiação também não teve problemas de evolução, sem buracos ou correria.
Aclamada pelo público, aos gritos de “é campeã!”, a Grande Rio despontou como a grande favorita ao título.