Por Redação Carnavalize
Quando a Mangueira olha pra si, se envaidece e parece ficar ainda mais bonita. No sexto carnaval de sua trajetória pela verde-e-rosa, Leandro Vieira optou pela digna e merecida homenagem à sua verdadeira trinca de reis. Com o enredo “Angenor, José e Laurindo”, a escola homenageou três baluartes que fizeram história na arte de escrever samba, no canto e dança: Cartola, Jamelão e Delegado.
Referências de um quesito que eles ajudaram a transformar a partir da última década, o casal Rodrigo Negri e Priscilla Mota assinou a comissão de frente da escola. Os homenageados foram trazidos já na cabeça do desfile, que contou com uma performance em vários atos, bastante complexa e elaborada, apesar de longa. Dessa vez, o “casal segredo” veio com um elemento alegórico, mas que não atrapalhava a visualização da apresentação por todos os ângulos. O ponto alto da comissão mangueirense passa pelas trocas de roupa e pelo momento em que todos os trabalhadores representados pelo corpo de baile se tornam reis do carnaval, em verde e rosa. Em síntese, a qualidade dos coreógrafos, uma vez mais, fez a diferença em favor da escola. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Matheus Olivério e Squel Jorgea, veio à frente da bateria, retomando o tradicional posicionamento, o que não comprometeu em nada sua desenvoltura e a evolução. A vestimenta da dupla era riquíssima. Com relação à dança, Matheus e Squel se mostraram soltos e em total sintonia. A porta-bandeira chegou a fazer um “V” da vitória em alusão ao símbolo de Neide. O mestre-sala homenageou Delegado. Trata-se, em linhas gerais, de uma performance arrebatadora.
Comissão emocionou e foi destaque da verde-e-rosa (Foto: Leonardo Antan) |
O enredo foi desenvolvido com competência e concisão pelo carnavalesco, que trouxe um conjunto visual simples, no melhor sentido do termo. Leandro abusou do verde e do rosa e entregou o que se espera de uma Mangueira tradicional. Inclusive, chegou a homenagear o carnavalesco Júlio Mattos, que fez história na agremiação, através do uso do prata e do dourado. Leandro olhou para a história da Mangueira também através da estética. O conjunto alegórico é satisfatório, com destaque para a beleza do último carro. A simplicidade não foi sinônimo de inferioridade, dando conta perfeitamente da proposta. A volumetria não foi algo que fez falta. Com relação às fantasias, cabe dizer da sábia escolha de cores pelo carnavalesco, que, privilegiando a base cromática da escola para falar da mesma, contou com maestria onde essa história está se passando.
A segunda alegoria da Mangueira (Foto: Leonardo Antan) |
A bateria de Mestre Wesley optou por uma passagem mais reta e sustentou bem o samba e o ritmo, sem enfrentar perrengues. O samba-enredo, apesar de não ser propriamente um primor, não comprometeu e garantiu um desfile com harmonia regular, embora não explosivo. O intérprete Marquinho Art’Samba acabou passando mal durante o cortejo e se revezou entre o microfone e a máscara de oxigênio.
Sem contratempos significativos na evolução, a Mangueira passou tranquila pela Sapucaí e tem quesitos fortes para garantir uma boa posição.