Por Redação Carnavalize
Sempre um potencial competidor da disputa pela parte de cima da tabela, o Salgueiro pareceu um pouco menos falado neste pré-carnaval em comparação aos anos anteriores. A fama de sua regularidade e o auxílio luxuoso da Prof. Drª. Helena Theodoro na construção do enredo salgueirense parecem ter dado a robustez necessária, em tese, para o Salgueiro sonhar com um título que não vem desde 2009. O enredo intitulado “Resistência” foi um mergulho na cultura negra da cidade do Rio de Janeiro e nas diversas formas de resistência cultural que a cidade vivenciou desde a escravidão.
De casa nova, Patrick Carvalho foi o responsável pelo trabalho da comissão de frente, que articulou bem a descrição/apresentação do enredo e uma coreografia vigorosa. Personagens negros foram exaltados. Em um momento inicial, se viu o corpo de dança em tons de cobre, como se fossem monumentos, com destaque para Mercedes Batista como personagem central. O ponto alto da performance aconteceu depois que surgiu uma fumaça branca. Na sequência, várias iaôs apareceram no elemento alegórico, que tinha um chão de areia, com um símbolo do Salgueiro no meio. Em síntese, a agremiação pisou na avenida já impactando o público com um número robusto e potente. Por sua vez, o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Sidclei Santos e Marcella Alves, estava elegantemente trajado, nas cores da escola, seguindo a tradição salgueirense. Luxuosa, a dupla bailou sincronizada, girando bastante e usando a pista, o espaço cênico, com inteligência.
A beleza da Comissão de Frente do Salgueiro (Foto: Leonardo Antan) |
O enredo deixou um pouco a desejar, apesar de dialogar com a história do Salgueiro, do início ao final, fazendo alusão à revolução salgueirense já no começo. Ocorre que ele é desenvolvido de maneira burocrática em alguns momentos, sendo muito temático, com cortes bruscos na narrativa. O conjunto alegórico foi satisfatório, com destaque para o aspecto cenográfico na concepção das alegorias. Cada carro veio com uma pegada diferente, o que culminou em cortes estéticos, como o perceptível entre a alegoria do Municipal e a do Viaduto de Madureira. Cabe destacar ainda que o segundo carro apresentou problemas notáveis de acabamento. O conjunto de figurinos é competente, em termos de cor, de diversidade de materiais e de volumetria.
Detalhes de alegoria da escola (Foto: Leonardo Antan) |
A bateria dos mestres Guilherme e Gustavo sacudiu, literalmente, as arquibancadas do Sambódromo, com várias paradinhas. A escola passou quicando na avenida e se comunicando com o público. O samba-enredo funcionou perfeitamente e colocou todo mundo pra cantar, principalmente o refrão principal.
Muito grande, o Salgueiro acabou tendo que correr no final para encerrar o cortejo no tempo regulamentar. A agremiação também abriu alguns buracos ao longo do desfile. Assim, a evolução foi um quesito que pode ter prejudicado a escola. Com muitos acertos e alguns tropeços, o Salgueiro briga para voltar no Sábado das Campeãs.