Por Redação Carnavalize
Em uma viagem de São João de Meriti para Salvador, a Unidos da Ponte, terceira escola a desfilar pela Série Ouro, propôs o enredo “Santa Dulce dos Pobres – O anjo bom da Bahia”, assinado pela dupla de carnavalescos Guilherme Diniz e Rodrigo Marques. O desfile rendeu homenagem à primeira santa nascida no Brasil com a promessa de espalhar o trabalho de amor da Irmã Dulce pela Avenida.
O experiente sambista Valci Pelé, responsável pela coreografia da comissão de frente da Unidos da Ponte, apresentou a escola em dois atos. No primeiro, apareciam pessoas humildes sendo acariciadas pela Santa Dulce, ao redor dela. Já no segundo, os pedintes se transformam em anjos e a Santa surge no telhado do elemento alegórico, que não foi propriamente um primor estético. A transformação levantou a arquibancada, apesar de não ser nada muito inovador. Esteticamente, a comissão não dialogou com a cabeça da escola, que era, sobretudo, branca e dourada. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Emanuel Lima e Camyla Nascimento, formado após o acidente de Yuri, o ocupante oficial do posto, mostrou entrosamento, vez, inclusive, que se trata de um casal que já dança junto na Portela. Ademais, estavam muitíssimo bem vestidos e optaram por uma coreografia tradicional. Infelizmente, Camyla acabou tropeçando em frente à primeira cabine, sendo estimulada pelo público a se reerguer. Nesse acidente, a bandeira se prendeu em seu adereço de cabelo.
Grande momento da comissão da Ponte (Foto: Thomas Reis) |
O desenvolvimento do enredo foi bastante burocrático, focado mais no aspecto religioso, ligado fortemente ao catolicismo. Ocorre que a pegada religiosa culminou em uma estética um pouco quadrada em alguns momentos. As alegorias da Ponte foram, no geral, bem regulares. O destaque ficou por conta do último carro, bem solucionado em cores e materiais. O segundo carro, por sua vez, se destacou pela iluminação. Sobre o conjunto de fantasias, o que mais incomodou talvez foi a aposta em costeiros bastante repetitivos, que investiram no uso do acetato em sua maioria.
Escola apostou no dourado na cabeça do desfile (Foto: Vítor Melo) |
O intérprete Charles Silva emprestou sua voz ao samba-oração, que se comprovou pouco empolgante ao longo do cortejo, enquanto a bateria do Mestre Branco Ribeiro passou sem maiores problemas pela Sapucaí, optando por não entrar no recuo quando a escola se mostrava um pouco apertada no cronômetro. A harmonia também ficou bem aquém do desejável.
A evolução foi o calcanhar de Aquiles da agremiação, que cometeu, infelizmente, muitos erros no quesito. Além do desfile morno, a escola sofreu com suas alegorias. O abre-alas parou em certo momento e abriu um clarão diante do módulo 4. Isso se repetiu com a alegoria seguinte. Muitos buracos foram vistos na reta final da Sapucaí. Por conta desses problemas, a Ponte precisou arrumar uma verdadeira correria para sair dentro do tempo.
Com uma evolução desastrosa e estourando o tempo em 1 min, a escola encerrou a sua apresentação com 56 min. Com todos esses erros, a Ponte deve disputar as últimas posições na terça-feira.