Por Redação Carnavalize
Firme na Série Ouro há alguns carnavais, a Bangu resolveu buscar, pelas suas afinidades geográficas e históricas, um enredo para chamar de seu. A escolha final assentou-se sobre a controversa figura do bicheiro Castor de Andrade, um dos símbolos da contravenção, que também foi responsável pelo patronato da Mocidade Independente de Padre Miguel e pelo investimento no time de futebol do Bangu. Sua história, já contada em livros e até em série de streaming, ganhou a assinatura do carnavalesco Marcus Paulo, que desenvolveu o enredo ˜Deu Castor na cabeça˜.
O coreógrafo Vinicius Rodrigues trouxe uma comissão de frente sem tripé, com o corpo de baile dançando exclusivamente na pista do Sambódromo. Intitulada “Botando a banca: qual foi o bicho que deu”, a performance fez referência ao jogo do bicho, sendo que cada integrante representou um animal do referido jogo. O futebol também esteve presente no número, que terminou com a abertura da bandeira do time Bangu. Bastante simples, a comissão cumpriu o seu papel, mas não inovou e não empolgou. Por sua vez, o casal formado por Anderson Abreu e Eliza Xavier teve uma apresentação complicada para o quesito mestre-sala e porta-bandeira. Ele representou Castor de Andrade, dançando com a porta-bandeira, que veio, inclusive, caminhando sozinha pela pista do setor de concentração. Assim, o que se viu foi mais um ator do que um mestre-sala, se considerarmos que a função do mesmo é defender o pavilhão e cortejar a porta-bandeira. Pegadas bruscas de pavilhão também foram notadas.
Detalhes da Comissão da Bangu (Foto: Pedro Umberto) |
Com plástica regular, deixando a desejar, a Bangu veio com três alegorias básicas, entre as quais a segunda se destaca pela boa escultura e boa iluminação. O abre-alas é bem abaixo, em termos de volumetria. Do mesmo modo, as fantasias são simples e apostam em soluções repetitivas, como os costeiros de acetato. O enredo não ajuda, tendo sido desenvolvido de maneira bastante simplória. Trata-se da trajetória burocrática do homenageado. Cabe destacar a setorização irregular, que gerou desproporcionalidade entre as partes do cortejo.
Carro abre-alas da agremiação (Foto: Vítor Melo) |
A bateria do Mestre Léo Capoeira não comprometeu, mas também não brilhou, inclusive em razão de o samba-enredo não ser propriamente um primor. Ao contrário, foi uma farofa que funcionou, mas sem gerar grande empolgação.
A harmonia da escola foi irregular e a evolução muito problemática. A Bangu desfilou em um ritmo lento, sendo obrigada a arrumar uma correria ao final. Mesmo assim, acabou estourando o tempo em 3 min.
Após uma apresentação morna e com quesitos problemáticos, a Bangu não deve brigar por muita coisa, disputando na parte debaixo da tabela.