Por Redação Carnavalize
Sexta escola a se apresentar, a Vigário Geral escolheu falar da Pequena África, região de formação majoritariamente negra, assim batizada por Heitor dos Prazeres, e que ajuda a contar a história da diáspora africana no Brasil, sendo, sobretudo, um berço cultural e de resistência. O trio de carnavalescos, formado por Marcus do Val, Alexandre Costa e Lino Sales, intitula o enredo por “Pequena África: Da Escravidão ao Pertencimento – Camadas de Memórias entre o Mar e o Morro”.
Na comissão de frente de Handerson Big, “Histórias negras importam”, os componentes representavam pessoas negras que, ao chegarem ao Rio de Janeiro, foram escravizadas na região do Cais do Valongo. Sem elemento alegórico, a apresentação teve como ponto alto o momento em que os objetos carregados pelos integrantes, nas mãos, retratam figuras que sofreram a violência racista. Forte na mensagem, a comissão se destacou pela correção, em que pese a simplicidade, o que não foi necessariamente um problema. Por sua vez, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, formado por Diego Jenkins e Thainá Teixeira, representou, respectivamente, o Brasil e o continente africano em laços de amor e dor. Thainá veio com uma fantasia avermelhada, em tons quentes, com uma estampa africana impressa na parte de cima da saia. Diego com uma indumentária de base branca e detalhes em verde e amarelo. O único “porém” foi a discrepância significativa entre o tom das cores dos figurinos. A dupla dançou segura, exibindo uma coreografia bonita, com giros perfeitos da porta-bandeira.
Parte da apresentação da Comissão de Frente da escola (Foto: Thomas Reis) |
A crítica social proposta pelo enredo se mostrou excessivamente genérica, de forma que a narrativa não fugiu dos clichês e não se provou durante o cortejo. O conjunto de figurinos, apesar de completo, não teve brilhantismo, sendo simples demais. No geral, não houve a preocupação em torno de um trabalho cromático. As alegorias deixaram a desejar, sobretudo, na qualidade das esculturas, trazendo alguns elementos de gosto duvidoso.
Detalhes de alegoria da Vigário (Foto: Vítor Melo) |
Sob o comando de Mestre Luygui, os ritmistas da bateria executaram ótimas bossas e sustentaram o bom samba-enredo. Em alguns momentos, foi notada, porém, uma aceleração. De qualquer maneira, os dois quesitos foram os destaques positivos da Vigário, que teve, entretanto, uma harmonia bastante razoável.
A abertura de alguns clarões comprometeu a evolução da escola, que, considerando a fragilidade da maioria dos quesitos, deve brigar para não ser rebaixada, nas últimas colocações da Série Ouro.