Por Redação Carnavalize
Considerada a escola mais antiga da Zona Oeste, a Unidos de Bangu decidiu trazer à Sapucaí, em 2023, um enredo sobre o orixá Aganjú, o quinto alafim de Oyó, intitulado “Aganjú: a visão do fogo, a voz do trovão no Reino de Oyó”. O carnavalesco da agremiação, Robson Goulart, explorou aspectos atrelados à entidade conhecida por comandar o fogo e sempre buscar a justiça.
Na abertura do cortejo, a comissão de frente, comandada pelo coreógrafo Fábio Costa, representou a morada de Aganjú, local de onde o Rei de Oyó lança suas labaredas por justiça. Apresentando bem o enredo, a comissão garantiu uma boa abertura. Na sequência, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, formado por Anderson Abreu e Eliza Xavier, conhecido pelas tentativas de inovação no quesito, apostou na teatralização, que se mostrou um pouco excessiva, apesar de a dupla ter moderado em relação ao último carnaval. Os guardiões, que falharam na tentativa de interação, mais atrapalharam do que ajudaram o casal.
O desenvolvimento do enredo passeou pela cultura afro-brasileira, mas não se aprofundou. Em termos plásticos, a cabeça da escola era boa e se percebeu uma queda mais pro final do cortejo. O abre-alas se destacou apostando nas cores quentes. A última alegoria, por sua vez, deixou a desejar na harmonia de cores e texturas. Os figurinos se mostraram medianos, com altos e baixos. O trabalho cromático se destacou em algumas passagens, mas faltou apuro com relação a formas e texturas.
Visão aérea do abre-alas da escola (Foto: Thomas Reis) |
Ala de baianas da Bangu (Foto: Thomas Reis) |
O excelente samba-enredo interpretado pelo sempre competente Pixulé se provou na avenida. O Caldeirão da Zona Oeste literalmente ferveu! A Bateria do Mestre Laion entregou um trabalho impecável. Um ritmo valente, com um andamento aproximado de 141 bpm, distribuiu bossas pra dar a vender. O arraiá das festas juninas cantadas na letra foram representadas por uma bossa que começa um começa na parte do samba “no mês de junho vejo as praças enfeitadas”, com um Galope e vai até o refrão da cabeça do samba com o Alujá de Xangô, que obviamente não poderia ter ficado de fora! Destaque pra afinação impecável da bateria, naipe de tamborins e chocalhos que fizeram um ótimo trabalho com os seus desenhos. Mais uma bateria que passa e realiza um grande trabalho na Série Ouro!
Com problemas pontuais de evolução, a agremiação fez, contudo, um desfile tranquilo, sem maiores perrengues e sustos.
Considerando sua apresentação correta no geral, mas morna, a Bangu deve brigar por uma posição intermediária.