Por Redação Carnavalize
Vice-campeã do último carnaval, a Beija-Flor de Nilópolis escolheu abordar o bicentenário da Independência do Brasil de maneira crítica. Com o enredo intitulado “Brava Gente! O grito dos excluídos no bicentenário da Independência”, os carnavalescos Alexandre Louzada e André Rodrigues procuraram questionar o caráter elitista e excludente da nossa Independência, tal como tratada nos discursos hegemônicos da “história oficial”.
Na abertura do desfile, a comissão de frente, comandada pelos coreógrafos Jorge Teixeira e Saulo Finelon, questionou os ditos heróis da Independência da história embranquecida e trouxe mensagens de protesto, exibidas por uma tela. A apresentação propunha o carnaval como responsável pela desmistificação da narrativa histórica hegemônica. A concepção era boa, mas a execução da performance, em alguns momentos, era um pouco confusa. O efeito de luz não ajudou, deixando escura demais a comissão. Na sequência, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, formado por Claudinho e Selminha Sorriso, mostrou sua experiência com uma coreografia bem executada. O único “porém” foi a ligeira impressão de um desencontro em uma pegada de mão, nos primeiros módulos. Vale ressaltar que houve momentos em que o casal ficou muito tempo parado, quando poderia ter aproveitado melhor o tempo.
Bela indumentária do experiente casal (Foto: Diego Mendes/Rio Carnaval) |
O enredo trouxe uma proposta provocadora. O que se viu foi uma escola contestadora, que passeou pelas revoltas e movimentos populares e tentou dar protagonismo aos excluídos. A linguagem do desfile, em termos visuais, também foi provocadora. Foi percebida uma estética de passeata em alguns setores. O abre-alas sofreu com um princípio de incêndio na entrada e o segundo chassi acabou passando apagado. Chamou a atenção a grande mescla de alegorias e tripés. O conjunto de figurinos apostou tanto em fantasias mais tradicionais quanto em outras com leitura mais arrojada, utilizando materiais alternativos. Visualmente, a escola se destacou pela abertura e perdeu um pouco do impacto no final.
Abertura da escola impactou (Foto: Diego Mendes/Rio Carnaval) |
A Bateria Soberana, dos Mestres Rodney e Plínio fez um desfile com várias bossas e arranjos em cima da melodia do samba, mas nada muito extraordinário. Com o seu andamento característico de não ser uma bateria muito pra frente, o samba, que é um dos melhores da safra e foi interpretado por Neguinho e Ludmilla, rendeu bem e deixou Nilópolis cantar bastante. Destaque para a ala de tamborins, para as caixas tocando firme e as frigideiras e entrando na hora certa da melodia do samba. A escola foi mais uma em que o som da avenida atravessou e em certos momentos pareceu atrapalhar a bateria. No geral, foi uma apresentação sólida.
Com um chão muito forte em termos de canto e erros pontuais de evolução, a Beija-Flor deve brigar por boas posições.