Por Redação Carnavalize
Desafiando a tradicional dicotomia entre bem e mal, a Imperatriz Leopoldinense escolheu como enredo a saga de um personagem que não pode ser simplesmente classificado como herói ou vilão. O carnavalesco da agremiação, Leandro Vieira, decidiu falar de Lampião ao assinar o enredo intitulado “O aperreio do cabra que o Excomungado tratou com má-querença e o Santíssimo não deu guarida”. Ele apostou em uma narrativa delirante na qual o Rei do Cangaço, depois de morrer, vai ao Inferno e é barrado pelo Diabo. Em seguida, tenta ir para o Céu e é novamente impedido de entrar.
Na abertura do desfile, a comissão de frente, comandada pelo coreógrafo Marcelo Misailidis, trouxe, com contornos lúdicos, cenas de Lampião e seu bando, apostando na teatralização. A apresentação propiciou uma boa leitura do enredo e se mostrou bastante correta em termos de execução da performance. Na sequência, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, formado por Phelipe Lemos e Rafaela Theodoro, voltou a dançar junto e se entendeu muito bem. Eles ostentaram uma bela indumentária em tons alaranjados, fazendo referência a Lampião e Maria Bonita. Diante dos primeiros módulos, o casal fez uma apresentação correta, mas poderia ter exibido maior fluidez.
Detalhes da comissão de frente (Foto: Vítor Melo) |
Indumentária do casal era belíssima (Foto: Vítor Melo) |
O enredo foi desenvolvido de maneira primorosa por Leandro Vieira, se mostrando muito claro e coeso. Uma história delirante e deliciosamente brasileira e nordestina rendeu um visual à altura. O conjunto plástico era de excelência e requinte, com destaque para o trabalho de pintura de arte em cada alegoria, para o trabalho cromático e para um conjunto de figurinos extremamente competente, bem solucionado e que manteve o nível elevado em cada setor.
O Mestre Lolo, em mais um ano à frente da Swing da Leopoldina, mostrou um trabalho incrível e deu toda a sustentação para que o bom samba da escola rendesse o esperado na avenida. Com um andamento animado, mas sem correria, a bateria brincou na avenida e apresentou várias bossas muito criativas e empolgou a Sapucaí. O momento alto foi a bossa que começa com um xote na parte do “pelos campos do sertão vagueia”, passa por um forró no meio e vai até o final do refrão da cabeça do samba “eis o destino do valente Lampião!”, chocalhos bem valentes, tamborins com desenhos bem em cima do samba e as marcações bem pesadas que são características do trabalho de Lolo. Outro ponto alto foi a tabelinha entre Pitty de Menezes e a bateria. Perfeitamente alinhados, deram show. Excelente apresentação da bateria!
Com uma evolução fluida, solta e vibrante, a Imperatriz mostrou as credenciais para brigar pelo título.