Por Redação Carnavalize
Conhecido por levar temáticas afro-brasileiras à Sapucaí, o Império da Tijuca não fugiu de suas raízes em 2023. Assinado pela dupla de carnavalescos Júnior Pernambucano e Ricardo Hessez, o enredo da agremiação, intitulado “Cores do Axé”, teve como tema central o axé, que, na tradição iorubá-nagô, é a energia vital presente no universo. A narrativa exaltou o artista Carybé e o axé que perpassa suas pinturas, esculturas, ilustrações, que se debruçaram, sobretudo, sobre a Bahia e suas manifestações religiosas e culturais, repletas de axé.
Na abertura do desfile, a comissão de frente, comandada pelo coreógrafo Jardel Augusto Lemos, se apresentou em três atos, abrindo com os orixás Exú e Oxóssi. A performance trouxe a essência da arte de Carybé como elo à diversidade cultural e traduziu em movimentos as cores do axé. Com uma representação simples do enredo, a comissão cumpriu o seu papel, mas não se comunicou tanto com o público. Na sequência, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, formado por Renan Oliveira e Laís Lúcia, ostentou uma técnica perfeita, se mostrando o melhor que passou na Série Ouro até então.
O enredo que teve a arte de Carybé e a energia do axé como elementos fundamentais se materializou em um desfile colorido. Apesar de simples, os figurinos formaram um bonito tapete cromático sob a luz do amanhecer do Rio de Janeiro. A leveza das fantasias contribuiu com a evolução dos componentes. O conjunto alegórico da escola se mostrou bastante regular, passando com bom acabamento e boa volumetria.
A agremiação se destacou com belas alegorias (Foto: Thomas Reis) |
Carro alegórico nas cores do Império da Tijuca (Foto: Thomas Reis) |
O valente samba-enredo interpretado por Daniel Silva se comprovou um dos melhores da safra na avenida, garantindo um cortejo aguerrido e animado. Entretanto, a escola não explodiu na avenida, tendo uma harmonia correta, mas que ainda ficou devendo um pouco em termos de canto. A Sinfonia Imperial foi a sétima bateria da noite a se apresentar aos jurados e não decepcionou! O Mestre Jordan usou e abusou das bossas na grande maioria das passagens do samba que embalou o desfile. Na cabeça do samba, no refrão de meio, na segunda… onde quer que estivesse, lá teria uma bossa. E todas foram super bem executadas, bem em cima da melodia do samba, com destaque para a bossa que começa no verso “meu pai Ogum, mamãe Oxum guiando o amanhã…” e vai até o “evoca magia ancestral”, onde o naipe do timbal mostrou toda sua força, e as marcações com variações melódicas entre a primeira e segunda deram um molho bem bonito para bossa. Destaque também para o naipe dos surdos de terceira, que executavam com perfeição todo o desenho ao longo do samba. Um ponto negativo foi que hoje o som da Sapucaí não estava tão bom quanto o de ontem e em alguns momentos ele apresentou falhas e por um leve momento parecia que a bateria havia atravessado, mas retornou rapidamente ao ritmo. Mesmo sendo a penúltima, a bateria não deixou o nível das apresentações cair, mantendo-o lá em cima.
Com um cortejo fluido, tranquilo, sem qualquer contratempo de evolução, o Império da Tijuca se credenciou a brigar por uma boa colocação.