Por Redação Carnavalize
Primeira agremiação do Grupo Especial a pisar na Marquês de Sapucaí em 2023, o Império Serrano preparou uma homenagem a um grande ícone imperiano. Com o enredo “Lugares de Arlindo”, assinado pelo carnavalesco Alex de Souza, a verde e branca de Madureira exaltou o cantor e compositor Arlindo Cruz. Apostando principalmente na emoção, a Serrinha buscou se consolidar novamente no grupo principal do carnaval carioca.
Na abertura do cortejo, a comissão de frente, comandada pelo coreógrafo Júnior Scapin, trouxe um ritual de cura e axé, realizado aos pés da tamarineira, no terreiro de vovó Maria, fundadora e benzedeira do Império Serrano. O homenageado foi representado na performance pelo seu filho Arlindinho. Com grande simbolismo e apelando à emoção e à tradição imperiana, a comissão comoveu e se comunicou com o público.
Na sequência, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, formado por Marlon Flores e Danielle Nascimento, ostentou uma lindíssima indumentária, nas cores da escola. Infelizmente, no primeiro módulo de julgamento, foram percebidos problemas na apresentação. O giro da porta-bandeira não se desenvolveu tão bem e a bandeira acabou enrolando bem diante do módulo duplo. Mais adiante, a intercorrência com o pavilhão voltou a se repetir.
O enredo contou com um desenvolvimento burocrático, de modo que as escolhas narrativas não surpreenderam para além dos lugares mais comuns. A assinatura de requinte característica do carnavalesco foi vista na plástica da escola, que apostou no gigantismo. O abre-alas era imponente, mas passou com problemas pontuais de acabamento. O conjunto alegórico trouxe signos bastante genéricos, não aprofundando o enredo e tentando criar particularidades. Faltou uma melhor ambientação ao enredo. O destaque positivo ficou por conta do terceiro carro, que teve um excelente trabalho de luz e de pintura de arte. O último carro, com o homenageado, foi o que mais gerou repercussão entre o público. Os figurinos tinham boa volumetria, mas os costeiros pecaram pelas soluções repetitivas. Sobre a cromática, o trabalho de cor valorizou os tons de verde, que foi utilizado de maneira excessiva.
Detalhes do conjunto visual do Império (Foto: Vítor Melo/Rio Carnaval) |
Plástica teve a assinatura de requinte do carnavalesco (Foto: Vítor Melo/Rio Carnaval) |
O samba-enredo interpretado por Ito Melodia se mostrou de qualidade, mas não rendeu tanto. O canto da escola deixou um pouco a desejar, com alas passando sem cantar. A bateria do Mestre Vitinho iniciou os desfiles do grupo especial colocando a régua lá em cima. Ousado como sempre, junto de seus ritmistas da Sinfônica do Samba, ele abusou das bossas complexas que lhe são características. Durante o início do desfile, foco total no ritmo. Andamento em 142bpm dando a cadência necessária pro samba render, sem correria, sem ser lento demais. Após a saída do box, abriu a caixa de paradinhas. Na bossa da cabeça, iniciou a roda de samba no meio da avenida. Destaque para a bossa com o adarrum pra Ogum que apareceu na parte final do samba. Todos os instrumentos conversando entre si, agogôs tocando firme com um desenho lindo e que é a marca dessa bateria.
Com uma evolução correta, porém irregular em termos de vibração, durante o cortejo, o Império Serrano se credenciou a garantir a permanência no grupo, dependendo de como passarem as demais agremiações.