Por Redação Carnavalize
Abrindo a segunda noite de desfiles do Grupo Especial na Sapucaí, o Paraíso do Tuiuti decidiu exaltar a cultura do estado do Pará. O enredo da agremiação, intitulado “Mogangueiro da Cara Preta”, teve como ponto de partida a história em torno da chegada dos búfalos à Ilha de Marajó. A escola de São Cristóvão contou com a estreia dos carnavalescos Rosa Magalhães e João Vítor Araújo.
Na abertura do desfile, a comissão de frente, comandada pelos coreógrafos Lucas Maciel e Karina Dias, apresentou bem o enredo, representando os búfalos chegando à referida Ilha no Pará. A performance foi pertinente e correta. O único “porém” foi a utilização de um tripé excessivamente grande e que se provou dispensável. Em seguida, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, formado por Raphael Rodrigues e Dandara Ventapane, trouxe uma coreografia com alguns elementos de dança indiana, dialogando com o enredo. Isso não atrapalhou o bailado tradicional. A dupla dançou em sintonia, executando bem os movimentos propostos e utilizando com perfeição o espaço cênico.
Integrantes da Comissão de Frente da escola (Foto: Vítor Melo) |
O enredo trouxe uma pesquisa histórica e contou com um desenvolvimento muito bom, com início, meio e fim. Visualmente, os carnavalescos apostaram em uma abertura imponente e em um trabalho cromático marcado pelo uso do azul e de cores cítricas, em uma combinação ousada. O tapete de cores encantou pela beleza. O conjunto alegórico era muito inspirado, sendo que cada carro tinha uma linguagem própria. Os figurinos eram corretos e bonitos, mas ficaram nítidos alguns problemas de ordem financeira, refletidos nos materiais e nas repetições das soluções. O conjunto de fantasias não comprometeu, porém poderia ser melhor.
Abertura da escola causou boa impressão (Foto: Vítor Melo) |
O bom samba-enredo teve um ótimo desempenho na consistente interpretação de Wander Pires. A Supersom do Mestre Marcão deu uma sustentação rítmica perfeita para que o samba “funcionasse na avenida”. Andamento entre 139 e 140 bpm e um show de bossas apresentadas durante a apresentação. Destaque para a bossa do baião onde a ala de chocalhos simplesmente vem retomando o ritmo com muito brilho, além do desenho durante o samba que era lindo. Marcações com afinações bem graves dando um peso pra bateria que fez com que abríssemos a noite em alto nível.
A escola não teve grandes perrengues de evolução, apesar do susto para virar a última alegoria, o que acabou gerando um pequeno buraco no início da avenida. A harmonia teve altos e baixos, com alas passando bastante tímidas em termos de canto.
Com uma apresentação consistente em vários quesitos, o Tuiuti se credenciou a brigar por uma vaga nas campeãs.