#Carnaval2023: Ponte – Escola traz importante grito contra a intolerância religiosa, mas com diversas falhas nos quesitos

Por Redação Carnavalize
Pelo quarto ano consecutivo desfilando na Série Ouro, a Unidos da Ponte decidiu contar em 2023 a história da Iyalorixá Mãe Meninazinha de Oxum, destacando a sua luta contra o racismo religioso. A dupla de carnavalescos Rodrigo Marques e Guilherme Diniz assinou, mais uma vez, o enredo da agremiação de São João de Meriti, intitulado “Liberte nosso sagrado: o legado ancestral de Mãe Meninazinha de Oxum”.
Na abertura do desfile, a comissão de frente, comandada pela coreógrafa Alessandra Oliveira, homenageou Marcolina de Oxum, antecessora ancestral de Menininha, que cuidava da okutá – pedra sagrada associada à Oxum, e revivia as lembranças de África. Sem utilizar elemento cênico, a performance apostou na dança de chão. Mas não gerou grande efeito, em termos de comunicação com o público. 
Em seguida, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, formado por Emanuel Lima e Thainara Mathias, fez uma coreografia simples, mas segura. A dupla estava muito bem vestida. Infelizmente, em frente ao primeiro módulo de julgamento, o vento bateu e atrapalhou a apresentação, fazendo a bandeira enrolar no mastro.
O enredo trouxe uma visão arrojada sobre as religiões afro-brasileiras, buscando a história da homenageada para falar da resistência do povo preto. Infelizmente, as fantasias eram genéricas e não apresentaram um trabalho tão interessante em termos de cor e volumetria. Cabe destacar que a ala de passistas não recebeu a tempo as fantasias e ficou na concentração, sem entrar na avenida. No conjunto alegórico da escola, se destacou o abre-alas com bela concepção e excelente uso de cores e materiais como palha. O último carro teve problemas de acabamento e passou apagado. Em síntese, a Ponte apresentou um conjunto visual com altos e baixos.
Detalhes de uma bela fantasia do cortejo da Ponte (Foto: Thomas Reis)
Alegoria da escola chamou a atenção na Sapucaí (Foto: Thomas Reis)
Ousadia. Essa é a palavra que define o trabalho do mestre Branco Ribeiro junto dos seus ritmistas da Ritmo Meritiense. Em seu segundo ano na escola, as suas bossas bem complexas se fizeram presentes mais uma vez nesse desfile. O andamento bem mais pra frente do que os das outras baterias que passaram, por volta de 144 bpm, por vezes parecia atropelar o samba incrível que a Ponte tem, e que contou com a bela interpretação de Kléber Simpatia, intérprete de Vitória que teve um ótimo desempenho. Talvez um andamento mais pra trás poderia ajudar um pouco mais a escola em termos de canto. Falando em Ousadia, realizar coreografia com ritmistas é sempre arriscado, mas eles mostraram que estavam super ensaiados e deu visual bem legal pra quem estava assistindo. E se a Ponte veio falando do Sagrado, os toques do Opanijé e o Alujá estiveram presentes nas convenções executadas pela bateria. Ousada, mas com muita alegria e com uma ótima performance na Marquês.
Sem grandes sustos e perrengues em sua evolução, mas com falhas em alguns quesitos, a Ponte deve disputar uma posição intermediária.

 

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