Por Redação Carnavalize
Vice-Campeã da Série Ouro no ano passado, a Porto da Pedra escolheu falar da Amazônia em busca do sonhado retorno ao grupo principal. A agremiação apostou no restabelecimento da parceria com o carnavalesco Mauro Quintaes, que ajudou a escola a garantir o campeonato da divisão de acesso em 1995, quando o tigre de São Gonçalo chegou pela primeira vez ao Especial. O enredo “A invenção da Amazônia: um delírio do imaginário de Júlio Verne” levou, em uma narrativa delirante, o escritor francês, que jamais pisou na Amazônia e imaginou como ela seria em sua obra, para uma grande aventura: uma viagem pela região.
Na abertura do desfile, a comissão de frente, comandada pelo coreógrafo Paulo Pinna, trouxe os espíritos-araras, os Kanamari, e o ritual sagrado de proteção da floresta. Um belíssimo tripé esverdeado representou a floresta e foi bastante explorado pelo corpo de baile. Em determinado momento, surgia uma liderança indígena no topo do elemento que erguia a bandeira brasileira. Na parte debaixo, os integrantes levantavam letras que formavam juntas a palavra ‘Resistência’. Em seguida, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, formado por Rodrigo França e Laryssa Victória, ostentou uma das belas indumentárias que passaram no grupo. Os dois fizeram uma boa estreia dançando juntos e demonstraram sintonia e segurança.
Comissão de Frente mandou um importante recado (Foto: Vítor Melo) |
O enredo contou com ótimo desenvolvimento, partindo dos delírios de Júlio Verne para chegar na Amazônia real e nas personagens que por ela lutaram. O enredo se traduziu em um competente conjunto de fantasias, que formou um belo tapete cromático, a partir de blocos de cores. Cada ala apresentou uma solução diferente, o que impactou pela riqueza visual. O conjunto alegórico se mostrou de alto nível, trazendo excelente trabalho de escultura e de pintura de arte. Cada carro tinha uma assinatura e uma linguagem própria, o que confirmou a competência e assinatura do experiente carnavalesco Mauro Quintaes.
Abra-alas da Porto da Pedra impactou na Sapucaí (Foto: Vítor Melo) |
O elogiado samba-enredo, um dos melhores da safra, se provou na avenida e contagiou os componentes e o público, na competente interpretação do experiente Nêgo. A bateria do mestre Pablo incorporou elementos da musicalidade indígena e apresentou bossas muito bem executadas, que valorizaram o primoroso samba.
Com um cortejo fluido, festejante, sem perrengues e aclamada aos gritos de “É campeã!”, a Porto da Pedra se colocou na briga pelo título da Série Ouro de 2023.