Por Redação Carnavalize
Última escola a pisar na Marquês de Sapucaí no carnaval de 2023, a Unidos do Viradouro decidiu homenagear Rosa Courana, a primeira mulher negra a escrever um livro na história do Brasil. O carnavalesco Tarcísio Zanon assinou mais um projeto na agremiação de Niterói, mas desta vez como trabalho solo. Campeão com a vermelha e branca em 2020, ele desenvolveu o enredo intitulado “Rosa Maria Egipcíaca”, que contou a vida e a obra desta personagem fascinante e ainda desconhecida por muitos.
Na abertura do desfile, a comissão de frente, comandada pelos coreógrafos Rodrigo Neri e Priscilla Mota, também conhecidos como o “Casal Segredo”, passou por diversas fases da vida de Rosa. A apresentação destacou a faceta mística da homenageada. Em determinado momento, uma ventania com petálas de rosa envolvia a personagem que representava a Santa aclamada pelo povo, que, no auge da performance, era coroada. A Viradouro talvez trouxe a melhor comissão do ano. Na sequência, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, formado por Julinho e Rute, fez referência à comunidade courana. Com uma dança enérgica, eles passaram muito bem e emocionaram.
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A comissão da Viradouro emocionou e foi uma das melhores do ano (Foto: Diego Mendes/Rio Carnaval) |
O enredo contou com um ótimo trabalho de pesquisa e foi muito bem contado. O carnavalesco teve bastante sensibilidade na abordagem de uma personagem controversa e não caiu em lugares comuns ao falar de escravidão. O que se viu foi um passeio interessante tanto em termos narrativos quanto estéticos. A abertura da escola exibiu um trabalho ousado de cores. Cada alegoria teve uma leitura e juntas formaram um conjunto consistente e de altíssimo nível. Os figurinos também mostraram um grande trabalho cromático. A plástica da escola foi muito regular, em todos os setores. Um trabalho que consagra Tarcísio Zanon como um dos grandes talentos artísticos do carnaval carioca.
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Conjunto plástico da Viradouro exibiu um grande trabalho cromático (Foto: Diego Mendes/Rio Carnaval) |
A Bateria Furacão Vermelho e Branco do Mestre Ciça passou pela Sapucaí com um andamento mais pra frente, porém nem tanto quanto em anos anteriores. O samba que tem um canto um tanto quanto complicado, foi favorecido por essa redução do ritmo. A bateria veio com um ritmo médio de 144bpm e o destaque foi para a bossa do refrão de meio, em que uma ala de timbaus fazia um solo enquanto a bateria toda abaixava. A ala de chocalhos por outro lado parecia que não estava uníssona e alguns pareciam sobrar. No mais, faltou um pouco mais da ousadia do mestre neste ano, porém, no geral, foi uma apresentação sólida dos comandados de Ciça.
Com um samba bonito e abraçado pela comunidade e uma evolução também impecável, a Viradouro deve brigar pelo título.