CARNAVANÁLISE #7: Academia do Samba firmando o tambor em busca do decacampeonato

Por Beatriz Freire

O carnaval de São Paulo, inegavelmente, é um dos que mais cresce e ganha espaço no Brasil. Apesar disso, é impossível ignorar a relevância que a festa momesca tem em terras cariocas. Para ilustrar tamanho crescimento da folia e a união entre os carnavais, Felipe de Souza, Beatriz Freire e Jéssica Barbosa se reuniram para detalhar samba e enredo das 27 escolas que passarão pelo Anhembi e pela Marquês de Sapucaí em 2018. Os textos estarão disponíveis às segundas, quartas e sextas, seguindo o resultado do último carnaval.





“Senhoras do Ventre do Mundo”
Acadêmicos do Salgueiro
“Firma o tambor pra rainha do terreiro,
é negritude, Salgueiro.
Herança que vem de lá,
na ginga que faz esse povo sambar.” 
A dança das cadeiras do pós-carnaval foi agitada na Silva Teles. Com a saída do casal Lage, carnavalescos que assinaram os desfiles do Salgueiro por quase 15 anos, a vacância do cargo foi preenchida por Alex de Souza, que veio da co-irmã Vila Isabel. No carro de som, também vimos mudanças: Serginho do Porto deixou a dupla com Leonardo Bessa e foi para a Estácio de Sá. Em seu lugar, entraram Hudson Luiz e Tuninho Jr.
A partir de um gostinho de “quero mais” ocasionado pelo julgamento de 2007 – que deixou a Academia do Samba de fora do desfile das campeãs com o enredo “Candaces” –, nasceu o enredo do Salgueiro para 2018. “Senhoras do Ventre do Mundo” é o carnaval da alvirrubra do Andaraí, e o título foi retirado de um verso deste samba de onze carnavais atrás. O enredo não tem patrocínio e vai falar sobre as mães do mundo, as raízes negras, as mães do samba, homenageando a força das mulheres, sob o comando da presidente Regina Celi, um dos mais representativos nomes femininos do carnaval, espaço ainda muito machista.
Alex de Souza é conhecido pelo seu requinte e promete fazer um desfile que trará aos salgueirenses a confiança para a conquista de um título, que não vem desde 2009, com “Tambor”, último campeonato da escola.
O samba:
A disputa da Academia, como de costume, foi acirrada e tomada pelos ânimos aflorados e pela emoção da torcida. De forma equilibrada, a escolha teve quatro sambas que se destacaram, nas encabeças por Rafa Hecht, Antônio Gonzaga e Luiz Pião, Xande de Pilares e Marcelo Motta. A final levou as três primeiras obras para a grande decisão, deixando alguns torcedores desolados pela queda da parceria de Motta, campeão em 2016 e 2017, mas a presidente Regina Celi, em um desabafo, esclareceu que a escola ouviu a vontade da comunidade, que marcou presença na quadra ao longo das apresentações.
O resultado coroou a parceria de Xande (que contou também com a autoria de Demá Chagas, Dudu Botelho, Renato Galante, Jassa, Leonardo Gallo, Betinho de Pilares, Vanderley Sena, Ralfe Ribeiro e W. Corrêa) como campeã e o samba será comandado pelo trio de intérpretes da escola, além do próprio compositor que comandou a parceria vitoriosa. O mesmo já vem participando do carro de som há alguns anos.
No CD, a gravação do Salgueiro foi uma das que mais se destacaram, contando com a participação especialíssima de Zezé Motta, personalidade muito representativa pro enredo, diga-se de passagem, que cantou os versos do refrão do meio na introdução da faixa. Ao contrário do que se temia, os intérpretes tiveram um bom entrosamento e formaram um conjunto que deu conta do samba, surpreendendo positivamente.
O Salgueiro será a quinta escola a tingir de vermelho a Avenida na segunda-feira de carnaval.

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