Sampa, terra iluminada, radiante de oportunidades, referencia em mercado de trabalho, há séculos impulsiona com sua rica e atraente vida de progresso. Milhões de sonhadores em seu solo constroem uma nova vida e a transformam cada vez mais na terra dos sonhos, esperanças e oportunidades.
DA DESPEDIDA AO RECOMEÇO!
“Com o adeus veio o aperto no peito, muitas lágrimas contidas e muitas outras derramadas, mas as lembranças eram naquele momento deixado para trás e de cabeça erguida, segui meu coração partindo rumo a São Paulo, terra dos sonhos e de esperança”. (Relatos de um Migrante)
“Minha hoje Alma Paulistana, peregrina repleta de sentimentos voa aos ventos, o coração vai bem longe a algum lugar bem distante, acendendo as lembranças de quando vim para cá, meu sorriso se mistura com lágrimas para cantar o meu caminhar. Carrego comigo sonhos, esperanças, sofrimentos, dificuldades e desilusões, mas também carrego no peito a perseverança, a vontade de vencer, e garra para jamais desistir. Eu me transformei em milhões de espíritos que buscavam novos caminhos, traçavam novos destinos, me vejo em cada rosto, cada nome, cada olhar, em cada sonho, sou várias histórias, eu sou cada vida corajosa, forte e tenaz, fugindo da tristeza em busca de um novo olhar”. É nessa grande mistura de “gentes-aladas” que luta na esperança de encontrar um bom lugar, lugar onde possam ser alguém melhor do que eram lá, buscam a cada passo e a cada destino revigorar suas almas, lembrando sempre das dores, e das lágrimas tatuadas no coração. Das fraquezas nasceram à teimosia e a persistência, pois a vida é assim, só se chega a um lugar melhor, lutando com as desesperanças, resistindo às indecisões, curando feridas, mais acima de tudo se apegando a fé.
CARREGO NO PEITO MARCAS DE UMA HISTORIA SOFRIDA!
Em 1901 tudo começou… A migração em massa era o som e a poesia que ampliava novos caminhos e novos destinos de milhares de vidas que deixavam uma história para recomeçar outra. Os nordestinos chegavam, na bagagem traziam poucas mudas, em muitos casos nenhuma para trocar, pelos trilhos do destino e noites sem descanso, vinham sozinhos ou com famílias, muitos tiveram que levantar, para que as “Mainhas” sentassem.
A ansiedade tomava conta, por se estar indo rumo ao lugar desconhecido, sem que soubessem pra onde olhar, e assim, a terra promissora acolhia seus novos filhos, cheios de sonhos e olhares perdidos, muitos dormiam sobre bancos apoiando-se em cordas, os primeiros dias foram marcados por sofrimentos, mas a vontade de vencer os tornavam fortes, tudo era novo para então recomeçar, fugindo da tristeza da roça pobre, para os ricos cafezais, firmes na certeza da vida melhorar.
ÉRAMOS POUCOS AQUI, AGORA SOMOS MILHARES!
Os dias passavam, Mineiros e Fluminenses também chegaram, com almas unidas erguendo um novo lugar. De mãos dadas e aladas cada gota de suor como semente divina, fazia brotar, nesse solo uma gigante raiz de vidas que se entrelaçam em uma sintonia de emoções e conquistas. A multidão se multiplicava e tudo mudava, a garra desse povo sonhador continuava a transfigurar a terra da Garoa, que erguia sonhos e alicerces junto aos milhares de espíritos fortes, cheios de esperanças, carregada de sentimentos, e de novos costumes dessa mistura de faces e “almas gigantes” que muitas vezes se tornaram invisíveis no progresso dessa terra.
A vida renascia a cada amanhecer, a cada novo olhar, novos sonhos, novas oportunidades, máquinas apontavam ainda mais a evolução, as histórias se misturavam em um grande caldeirão, pessoas que deixaram famílias para tentar uma nova história, outras que vieram em famílias trazendo crianças sem saber o tamanho da incerteza e dos desafios, gente que veio na raça, sem eira e nem beira, tentar a sorte aqui, com a fé sempre à frente dos seus passos, milhões de Josés, Marias e Joãos largaram tudo e vieram para cá.
COM FORÇA E FÉ, VENCI AS DIFICULDADES E AQUI CONSTRUI UMA NOVA VIDA!
“Sou o espelho de muitos que vêm erguer novos sonhos e aqui construir um futuro melhor!”
Ao som da esperança que ecoava pelo ar, surgiam novos peregrinos, novas historias se escreviam trazidas sobre trilhos ou no pau de arara, o coração migrante seguia seu destino, “muitas latas de massa carreguei, ajudei a erguer muitos arranhas céus, muitos espaços que prontos não podia mais entrar, muitas portas se abriam, outras fechavam, a cada nova oportunidade os sonhos ampliavam e outras vezes me esmoreciam, o destino não me dava à condição de estudar, mais lutava para que meus filhos um dia alcançassem uma vida acima da que eu poderia dar, quem diria vendo tudo isso passar não imaginaria que entre milhões de pessoas e espinhos, meus desejos iriam construir um novo lugar, sou o espelho que enaltece cada espírito que aqui escolheu ficar”. (Relatos)
SAMPA, UMA MISTURA DO BRASIL – EM CULTURA, ARTES, TRADIÇÕES, SABORES, CORES E RÍTMOS DESSE POVO SONHADOR!
Nesse emaranhado de histórias e misturas de vidas, se enriquecia uma nova personalidade recheada culturalmente de cada pedacinho do Brasil, com suas cores, sotaques, sabores, ritmos e sons que pulsam nas veias de Sampa. Ao soprar dos ventos a cidade mutante crescia assustadoramente, erguendo e destruindo coisas belas, na sua Garoa se misturam Nordestinos, Nortistas, Centro Oestinos, Sulistas e nossos irmãos Sudestinos, desempenhando diferentes atividades de faxineiro a hoje alguém melhor, pois as vidas reconstroem outras a cada passo dado, de marreteiro, camelô, empresário, e até doutor, superando a fome e a miséria, como milhões de brasileiros que encontram nas dificuldades o valor e o espaço para crescer, sendo muitas vezes humilhado, mas essa terra os levantou, apontou rumos, não tendo onde morar, hoje com a casa conquistada, onde suas famílias são amadas, graças a você “Sampa”que os tornou forte, Caetano migrante Baiano, te define em poesia, e em melodia de José Domingos “São Paulo, Fim do dia” retrata teu cotidiano, assim como tantas mil que refletem a real e verdadeira vida e histórias, que hoje fazem do migrante um alicerce sólido para cada vez mais te fazer crescer e tornar a maior de todas as Malocas do Mundo.
Com o samba, migrado de vários estados do meu Brasil, aqui festejo ao som da Bateria Ritimão todas as festas desses povos, que junto ao Grêmio Gaviões da Fiel Torcida, vem homenagear e agradecer a todos os migrantes que aqui vieram, enaltecendo as milhares de mãos calejadas, que construíram e constroem novas histórias, enriquecendo de faces e influência essa terra de todos que aqui sonham, serem maiores e melhores…..Terra amada da mistura do Brasil.
Fim.
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IDÉIA: APONTAMENTOS E SUGESTÕES DO FOCO PARA A CONSTRUÇÃO DO SAMBA ENREDO.
A idéia da sinopse é deixar que a poesia dos diversos sentimentos trazidos desde a partida do Migrante tome conta das palavras.
1 – iniciar com a poética dos sonhos de almas que procuram um lugar melhor pra se viver, usar a ilusão dos pensamentos como pessoas aladas a caminho do novo eldorado, mostrar o “devaneio”.
2 – A chegada, os sustos que aqui encontraram, dores, desilusões, dificuldades, lembranças, saudades e o principal combustível, a fé, para encarar os novos caminhos da gigante de pedra, frisar o uso das palavras trabalho, suor e mãos de forma poética ao elo do ouro negro semente do progresso, usar palavras como trilhos, pau de arara etc.
3 – O migrante como máquina de erguer, a evolução em suas mãos, o brotar de novos encantos da mutante Selva Urbana, falar das mãos desses migrantes que reconstroem o lugar, fazendo brotar outras engrenagens, arranha céus, máquinas, ao som da evolução.
4 – Cantar a Sampa de hoje, Cantar a Sampa de vários rumos erguida sobre sonhos de milhares de vidas, exaltar as mil facetas de histórias de vida, de conquistas nesse emaranhado de contraste, onde cada sonhador consegue ser maior, nos estudos, nas mil profissões onde sonhos são consumados, lares, barracos, mansões e impérios erguidos, cidade de mãos e passos infinitos que na ida e vinda de sonhos nas ruas e calçadas, constroem o alicerce rejuvenescendo esse colosso de nome de Santo.
5 – Cantar as tradições e sabores trazidos na bagagem, a influência forte no dia a dia paulistano, mostrando seus mil costumes e mistura de sabores da terra natal, cantar a terra da arte com sua pluralidade migrante, em cada canto novas chegadas, novas partidas, enobrecer os que hoje na modernidade de Sampa são referências de migrantes de renomes, não esquecendo que a cada amanhecer essa terra que não para, assusta e amplia seu espírito grandioso, ressoar todos os sentimentos do esforço vivido lado a lado, com esse povo que solidifica o lugar, que ergueu e ergue uma nova cidade a cada segundo. E por fim agradecer com alma migrante o solo acolhedor que em suas mãos festejam em todos os rítmicos e sons a festa da terra que tem o coração migrante com o sabor Brasil.
Obs.: Montar o samba enredo na primeira pessoa, para expressar emoção peregrina de milhares de migrantes que reconstroem suas vidas na eterna Terra da Garoa.
DESENVOLVIMENTO DO ENREDO: O MIGRANTE
Setor 1 – Na alma – Sonhos e esperança (rumo ao novo eldorado)
Setor 2 – A chegada – Enfrentando o medo e o desconhecido (dificuldades, desilusões, na bagagem a saudade e as lembranças)
Setor 3 – Com suas mãos a mutante ecoava (a força que erguiam sonhos / erguiam a evolução)
Setor 4 – Histórias e sonhos renasciam ( a terra de conquistas )
Setor 5 – Mistura do Sabor Brasil (arte, Tradições, sabores, cores, ritmos e sons desse povo sonhador)
ZILKSON REIS