Edição e revisão: Felipe Tinoco e Leonardo Antan
Arte: Vítor Melo
É com muita alegria que o Carnavalize estreia hoje uma série de quatro textos que irão ao ar todas as quarta-feiras deste mês de junho. Nessa nova jornada pelo mundo do samba, vamos passear com Beatriz Freire e Juliana Yamamoto por um campo cheio de histórias e encantos de duas personagens indispensáveis, representantes do símbolo maior de uma agremiação: mestre-sala e porta-bandeira. Inspirados pela fala do amadíssimo Milton Cunha que diz que o giro da porta-bandeira chama a ancestralidade do samba no vento do pavilhão a se desfraldar na Avenida, batizamos nossa série de #GiroAncestral.
Essa dupla que representa, na verdade, três figuras – o mestre-sala, a porta-bandeira e, é claro, o pavilhão, nosso elemento ao qual os dois primeiros servem – arranca aplausos, desperta emoções e também traz questionamentos e curiosidades acerca de suas funções, arte e histórias. Agarramos o ponto de interrogação com unhas e dentes e até o fim do mês desbravaremos com você, leitor, assuntos indispensáveis em nossos encontros semanais. Com os melhores votos de boas-vindas a este quesito encantador, vamos começar a destrinchá-lo a partir de agora.
Era uma vez! Os primeiros passos dessa história…
Para dar início à nossa linha do tempo, precisamos visitar os ranchos, organizações carnavalescas que tiveram seu ápice no início do século XX. Foi a partir do baliza e da porta-estandarte que se extraiu o simbolismo de um casal responsável pelo pavilhão.
É importante destacar que essas duas figuras foram “emprestadas” às primeiras escolas de samba no que diz respeito a uma projeção das mesmas funções. A missão do baliza era proteger a porta-estandarte e defendê-la de qualquer ameaça externa, já que não eram incomuns os episódios de roubos e cortes dos pavilhões dos ranchos rivais. A missão da porta-estandarte, por sua vez, como seu nome bem indica, era portar e apresentar o seu pavilhão. Hoje, para traçar o paralelo às funções de um casal, o mestre-sala deve cortejar sua dama, proteger e apresentar seu pavilhão (além de desenvolver passos característicos que serão mencionados ao longo deste texto e também no último encontro desta série). Já a porta-bandeira deve apresentar o pavilhão e desfraldá-lo, sem jamais enrolá-lo sobre seu próprio eixo ou deixá-lo sob responsabilidade de seu cavalheiro.
Na imagem, desfile do rancho “Unidos do Morro do Pinto”, sem data. Arquivo Nacional. Fundo Correio da Manhã. |
Dentro das primeiras décadas dos desfiles das escolas de samba, o que estava subordinado ao julgamento não era um casal e sua coreografia ao ostentar a bandeira como hoje, mas única e tão somente a beleza dela. Aí está mais uma ligação entre os ranchos, seus balizas e porta-estandartes com as escolas de samba, mestre-salas e porta-bandeiras; as bordadeiras eram as críticas destes pavilhões que deveriam ser apresentados de forma impecável aos seus olhos.
Na “pernada” clássica que envolve o cotidiano carioca e o modo de se viver, como já foi rapidamente mencionado acima, muitas vezes os ranchos tinham seus pavilhões roubados, destruídos ou danificados; a escolha de um tecido que pudesse minimizar os danos se fez necessária. Cabem parênteses: guarde por um momento a informação de que os balizas utilizavam navalhas escondidas em seus trajes. Vamos retomá-la em um momento oportuno, brevemente. A tradição de uma bandeira ricamente bordada sobre um nobre tecido de cetim ou seda está diretamente ligada, nos ranchos, à suntuosidade e à estratégia de defesa e, nas escolas de samba, à majestosa imagem que deveria ser impressa ao júri e ao grande público.
A grande porta-bandeira Dodô e o mestre-sala Adão desfilando pela Portela em 1953 (Revista O Cruzeiro) |
Feitos os devidos apontamentos sobre os papéis destas figuras dentro das instituições, devemos falar um pouco sobre o que é propriamente e de que fonte se inspirou a dança do casal de mestre-sala e porta-bandeira. Tipicamente cariocas, as escolas de samba foram organizações construídas a partir do seio de todo o aparato cultural diaspórico e de raiz negra no cenário do início do século XX e da transição, até aquele momento, hodierna entre o Brasil imperial e republicano, com a recém-abolição formal da escravatura.
Nos grandes bailes do Brasil tanto colônia quanto império, os escravizados aprendiam os passos corteses e pomposos para servirem a esses eventos, quando depois, ao retornarem às senzalas, inspirados pela dança do minueto, moldavam os passos de garbo europeu às suas sátiras e caricaturas na execução, misturados aos seus passos de capoeira e dança própria. Em outro sentido, aponta-se apresentação similar ao que conhecemos como a figura do casal também nos cortejos da Rainha e do Rei do Congo, bem como na preparação de meninas africanas para seus casamentos, arcabouço proporcionado por Miguel Santa Brígida ao referenciar o pesquisador Ilclemar Nunes em seu trabalho.*
Dessa forma, temos esboçado os referenciais da dança do casal de mestre-sala e porta-bandeira, que executa movimentos leves, majestosos e elegantes numa dança de inspirações clássicas apenas em seus passos, mas genuinamente popular. Vale apontar que o casal em qualquer momento samba, mas, sim, baila no ritmo do samba. As inspirações atuais e a busca de referências corporais em danças como o ballet e a dança de salão são instrumentos de auxílio para a direção artística e corporal de cada mestre-sala e porta-bandeira, uma ferramenta de aperfeiçoamento; jamais uma transformação em outro estilo de dança, devendo serem preservadas sempre as raízes populares desta arte com os movimentos obrigatórios que caracterizam um mestre-sala e uma porta-bandeira.
As funções dos casais e seus movimentos característicos
Claudinho e Selminha no desfile das campeãs da Beija-Flor em 2015. (Foto: UOL) |
O casal de mestre-sala e porta-bandeira consegue roubar a atenção do público seja nos ensaios de quadra ou técnicos, eventos ou no desfile oficial. A dupla, por meio de uma dança elegante e bonita, encanta os olhos daqueles que estão presentes e muitas vezes emocionam. Essa nobre arte possui uma função muito importante dentro de uma agremiação e que muitos não sabem.
Além de giros e passos característicos, o casal tem uma missão que sem sombra de dúvidas é primordial e mais importante em sua dança: a apresentação do pavilhão. Juntos, a dupla carrega, protege e defende o maior símbolo de uma escola de samba. Eles possuem a árdua missão de apresentar uma comunidade formada por milhares de torcedores representada naquela bandeira.
Um “pedacinho de pano” de 120x90cm que carrega uma história de tradição, luta e vitórias. Muito mais que movimentos obrigatórios, o casal de mestre-sala e porta-bandeira precisa apresentar com muito garbo o pavilhão ao qual está defendendo, enaltecendo sempre que possível o maior símbolo e a maior estrela de uma escola. O casal só existe por causa desse “pedaço de pano” e é por intermédio de sua nobre arte que o pavilhão será valorizado e terá o seu maior destaque.
Marcinho e Cris Caldas em desfile oficial da Mocidade Independente de Padre Miguel em 2018. (Foto: Leo Cordeiro) |
Antigamente o baliza tinha a função de proteger o estandarte dos cordões rivais que tinham sempre como objetivo tentar destruí-lo, como já citado no início do texto. Hoje isso não acontece mais, mas o mestre-sala herdou dessa época a sua principal função na dança: ser o guardião do pavilhão. Ele é responsável por defender e proteger o símbolo máximo da agremiação e a sua porta-bandeira. Na dança, precisa apresentar os seguintes movimentos obrigatórios: meia volta (giro a 180 graus ao redor da porta-bandeira, horário e anti-horário, protegendo a dama e o pavilhão), torneados (quando o mestre-sala gira em torno do próprio eixo), mesuras (menção de reverência à porta-bandeira), meneio (a forma de conduzir com elegância sua parceira) e riscado (jogo de pernas característico).
O mestre-sala sempre girará no sentido contrário ao da porta-bandeira. Quando ela gira no sentido horário, ele gira no anti-horário e vice-versa. Além disso, é o responsável por conduzir a dança, sempre ditando os movimentos e acompanhando a sua parceira. A porta-bandeira ostenta o símbolo maior da escola. A dama, que na verdade possui o status de rainha, tem a principal função de carregar e apresentar o pavilhão, com gestos elegantes, suaves e leves. Realiza giros completos em 360 graus horários e anti-horários e giros no próprio eixo.
O primeiro casal do Vai Vai formado por Paulinha Penteado e Pingo (Foto: Felipe Araújo | LigaSP) |
Juntos, os dois precisam apresentar movimentos coesos e sintonizados, sempre um observando o outro e sem conversar entre si. É importante que os dois terminem juntos os passos porque a finalização dos passos é crucial para evidenciar que aquele movimento foi encerrado. Em nenhum momento o mestre-sala poderá dar as costas à sua dama e tocar os joelhos no chão.
Já a porta-bandeira não pode enrolar o pavilhão ou deixar o mesmo tocar em alguma parte do seu corpo. Necessita sempre manter uma postura altiva, com um grande sorriso no rosto e um bom trabalho de perfumaria (movimentos leves e graciosos com seu braço e sua mão enquanto dança). Para a dança fluir e acontecer, a dupla precisa se conhecer e se entender através de troca de olhares e gestos. Como diz Vilma Nascimento, uma das maiores porta-bandeiras que o carnaval carioca já presenciou: “A dança do Mestre Sala e da Porta Bandeira é como o voleio do beija-flor em torno da flor. Ele se aproxima, toca e sai. Volta a se aproximar, beija e sai. Nunca as ações são idênticas. E a rosa, ao contrário do que se pensa, ao sabor do vento das asas do pássaro, não permanece passiva, ela dança.”
Primeiro casal da Grande Rio no Carnaval 2020, Daniel Werneck e Taciana Couto. (Foto: Site Carnavalesco). |
Para compreender melhor a nobre arte de mestre-sala e porta-bandeira, destrinchamos algumas partes de duas apresentações. A primeira é do casal oficial do Acadêmicos do Grande Rio, Daniel Werneck e Taciana Couto em 2020, que juntos alcançaram a nota máxima e foram um dos principais destaques do carnaval. Com uma dança tradicional, mas apresentando movimentos coreográficos afros, a dupla encantou.
Confira o vídeo completo da apresentação aqui.
Apresentação do pavilhão.
Nesse momento, o casal realiza a apresentação do pavilhão de forma calma, elegante e forte. A bandeira da escola fica vários segundos aberta, para mostrar e dar destaque ao símbolo. É notório que a apresentação do pavilhão é o momento mais sagrado e importante da dança e, em razão disso, não tem que ser feita de forma rápida. Quem precisa sempre estar em destaque e ser a principal atração de uma apresentação de um casal é o seu pavilhão.
Meia-volta e giro 360 graus.
Nesse momento o mestre-sala começa a realizar o movimento de meia-volta, no qual começa a girar em torno da porta-bandeira no sentido anti-horário como se estivesse a protegendo. Enquanto isso, a porta-bandeira gira no sentido contrário do parceiro.
Após a finalização do movimento, o mestre-sala agora gira em torno da porta-bandeira no sentido horário e a porta-bandeira gira no sentido anti-horário.
Giro no próprio eixo, torneados e mesuras.
Nesse momento, a porta-bandeira gira no seu próprio eixo (sem se deslocar pelo espaço), ao mesmo tempo em que o mestre-sala realiza movimentos coreográficos afros e logo depois gira ao entorno do seu próprio eixo (torneados). Ao finalizar o movimento, ele segura na mão de sua dama de forma elegante, reverenciando-a (mesuras).
Riscado, giro no próprio eixo e meia-volta.
O mestre-sala apresenta o movimento do riscado, no qual realiza um jogo de pernas rápido e característico. Enquanto isso, a porta-bandeira gira no eixo. Antes de finalizar o movimento, o mestre-sala “abre” a dança, realizando uma meia-volta em que a porta-bandeira continua seu giro, mas agora saindo do seu eixo.
Apresentação do pavilhão. Novamente, o casal apresenta o seu pavilhão com muita força e elegância. Termina, assim, uma apresentação muito forte e impecável.
Meneio e giros.
Para a finalização da apresentação, o mestre-sala conduz sua porta-bandeira (meneio) para saída da cabine julgadora, evoluindo para frente junto com a cabeça da escola. A porta-bandeira acompanha o mestre-sala também evoluindo com giros.
Além de apresentar os movimentos obrigatórios, o casal se destacou por uma coreografia que trouxe referências afros sem tirar o tradicionalismo característico da arte e também sem apagar o brilho da principal estrela da dança: o pavilhão. Por fim, a apresentação de Daniel e Taciana foi coesa do início, meio e fim com um bailado leve e no ritmo do samba-enredo.
Igor Sena e Lenta Magrini em apresentação do pavilhão para cabine julgadora no desfile oficial do Barroca Zona Sul em 2020. (Foto: Juliana Yamamoto – Carnavalize). |
A segunda apresentação é do primeiro casal do Barroca Zona Sul, Igor e Lenita no carnaval 2020. Eles também alcançaram a nota máxima em seu primeiro ano dançando juntos. Os dois se apresentaram de forma competente nas cabines julgadoras, além de estarem extremamente graciosos.
O vídeo completo pode ser conferido aqui.
Apresentação do pavilhão.
O casal inicia a sua dança em frente à terceira cabine de jurados com a apresentação do pavilhão. Com movimentos calmos, leves e muito elegantes, o casal aproveita o momento para mostrar o grande símbolo que defende.
Meia-volta, giro 360 graus e torneado.
Após apresentar o pavilhão, a dupla inicia os movimentos obrigatórios. O mestre-sala solta sua porta-bandeira e começa a girar em torno da mesma (meia-volta), enquanto ela gira no sentido contrário ao dele com uma volta completa. A perfumaria da dançarina é leve e elegante e ela sempre mantém o pavilhão desfraldado (aberto). Para finalizar o movimento, o mestre-sala gira em torno do próprio eixo (torneado).
Os movimentos continuam, agora com o mestre-sala girando no sentido horário e a porta-bandeira, no anti-horário. Ele termina com vários giros em torno do próprio eixo novamente.
Giro no eixo e riscado.
A porta-bandeira agora gira no seu próprio eixo no sentido horário, ao tempo em que o mestre-sala faz o seu jogo de pernas também parado no mesmo lugar (riscado).
Eles encerram a apresentação com o mestre-sala conduzindo a sua porta-bandeira para continuarem evoluindo com a escola e também prosseguir com o bailado (meneio).
Em São Paulo os casais de mestre-sala e porta-bandeira precisam evoluir por toda a pista. Possuem aproximadamente 1 minuto para se apresentarem ao jurado, tendo que demonstrar os movimentos obrigatórios. Mesmo após a apresentação, o jurado continua julgando a dupla, até perdê-la do seu campo de visão. Igor e Lenita mostraram muita elegância e leveza. Seus movimentos eram bem marcados e a sintonia dos dois era evidente, o que ocasionou um grande desempenho na avenida e a nota máxima.
As vestimentas e os acessórios essenciais de um casal
Sidclei e Marcella Alves em ensaio de quadra do Acadêmicos do Salgueiro em 2016. (Foto: Alex Nunes). |
Uma vestimenta adequada também é muito importante para essa nobre arte. Para ensaios de quadra, os casais costumam utilizar roupas mais “simples” dos que as do desfile oficial. A porta-bandeira sempre estará com uma saia (altura dos joelhos ou abaixo dele), com um short por baixo, e, na parte de cima, um corpete ou outro tipo de blusa, podendo ser uma própria da agremiação. Para ensaios e eventos mais importantes, as porta-bandeiras costumam confeccionar roupas mais elegantes e luxuosas em ateliês. Por fim, nos pés, as damas utilizam sapatos fechados ou abertos com um salto que varia a altura de acordo com a preferência das mesmas. As roupas costumam apresentar as cores do pavilhão que defendem. Já os mestre-salas sempre estarão de calça, blusa e, por vezes, de terno. Nos pés, um sapato fechado de dança, também nas cores da escola.
Exemplo de saiote utilizado pelas porta-bandeiras e que faz parte da indumentária do desfile oficial. (Foto: Alex Nunes) |
Já para o desfile oficial, a indumentária utilizada pelo casal é completamente diferente. No julgamento de mestre-sala e porta-bandeira, o qual abordaremos profundamente em nossa série em um dos próximos textos, a fantasia da dupla também é analisada e pode tirar décimos preciosos. Por conta disso, ela é feita com antecedência e com muito cuidado. Os casais costumam realizar várias provas de fantasia antes do desfile, para fazer possíveis ajustes.
A porta-bandeira costuma apresentar uma fantasia luxuosa, com muitos faisões, penas e plumas. Embaixo da sua enorme saia, há o saiote que é o responsável por segurar grande parte das fantasias. No saiote costumam ter hastes de ferro ou materiais resistentes, tornando-a bastante pesada. Além disso, pode-se ter o uso de costeiros e adereços na cabeça, dependendo da representação do casal na avenida. Uma fantasia de porta-bandeira costuma pesar de 15 a 40kg. O mestre-sala também possui uma fantasia muito luxuosa, na qual praticamente todo seu corpo é coberto. Muita das vezes, possui costeiros com faisões ou uma capa volumosa, mas nada que atrapalhe seus movimentos.
Primeiro casal da Portela, Irene e Zequinha, em desfile de 1971. O mestre-sala carrega um leque na mão. (Foto: Reprodução Portelaweb) |
Além da vestimenta e da indumentária, os itens do mestre-sala e da porta-bandeira são componentes indispensáveis do simbolismo que envolve a arte do casal e um pavilhão. Usaremos aqui a informação que ficou em aberto no início do nosso texto sobre balizas guardarem navalhas em suas roupas. Elas eram utilizadas, como sugerido nas nossas entrelinhas, para cortar os pavilhões dos ranchos rivais. Daí nasceu uma possível representação do que hoje vemos como o bastão que os mestre-salas utilizam em suas apresentações e, para os mais ousados no manejo, até insinuam malabares entre os dedos com o objeto enquanto dançam com elegância e apresentam o pavilhão.
Fabrício Pires, mestre-sala com vasta experiência no carnaval carioca, chegou a confidenciar que curiosamente já usou a antena de um carro para simbolizar seu bastão. Daniel Werneck, o jovem mestre-sala da Grande Rio, é adepto de dois outros objetos em suas apresentações, chegando a usá-los, inclusive, ao mesmo tempo: o lenço e o leque, símbolos que remetem à reverência e à gentileza e à nobreza dos salões, respectivamente.
O discreto talabarte usada pela porta-bandeira Waleska Gomes. (Foto: Reprodução Instagram) |
As porta-bandeiras, por sua vez, têm itens diferentes em suas composições. O talabarte é a faixa colocada como cinto com o famoso “copinho” para que o mastro do pavilhão seja ali encaixado. Essas faixas são ricamente decoradas, na maioria das vezes, em apresentações de quadra e naquelas que demandam pompa e elegância na apresentação visual da porta-bandeira.
Nas fantasias dos desfiles, eles são “embutidos” à indumentária, deixando apenas o local de encaixe do mastro à espera. Por falar nisso, os mastros são o famoso “pau” da bandeira. São eles o suporte no qual as porta-bandeiras posicionam seus braços e os deixam entre o antebraço e a palma ou lateral externa do dedo polegar da mão. Eles têm tamanhos variáveis e utilizados a partir dos critérios pessoais de cada porta-bandeira, variando entre os menores, médios e os maiores. Estes, os maiores, demandam mais atenção na condução do pavilhão quando utilizados, pois dificultam a intervenção da porta-bandeira em um momento de muita ventania. O pavilhões são amarrados ao mastro por uma das laterais para que fiquem firmes e seguros no momento em que forem desfraldados.
O elegante mastro alto de Giovanna, na Viradouro em 2016. (Foto: Valéria del Cuevo) |
Gostou de saber um pouco sobre a história e sobre os movimentos tão encantadores dos casais de mestre-sala e porta-bandeira? Já dá pra ousar arriscar o nome de um passo e saber o que representa cada movimento? Então não deixe de conferir os textos da nossa série Giro Ancestral, todas as quartas do mês de junho, aqui no nosso site. Carnavalizem conosco, até a próxima semana!
*Referência bibliográfica: artigo “A Dança do Mestre-Sala e da Porta-Bandeira: Performance e Ritual na Cena Afro- Carioca”, de Miguel Santa Brígida (UFPA/ICA).